HISTÓRIAS E CONTOS


Conta a lenda que na antiga Pérsia o Rei Shariar descobre que foi traído pela esposa, que tinha um servo por amante, o Rei despeitado e enfurecido matou os dois. Depois, toma uma terrível decisão: todas as noites, casar-se-ía com uma nova mulher e, na manhã seguinte, ordenaria a sua execução, para nunca mais ser traído. Assim procede ao longo de três anos, causando medo e lamentações em todo o Reino.
Um dia, a filha mais velha do primeiro-ministro, a bela e astuta Sherazade, diz ao pai que tem um plano para acabar com a barbaridade do Rei. Todavia, para aplicá-lo, necessita casar-se com ele. Horrorizado, o pai tenta convencer a filha a desistir da ideia, mas Sherazade estava decidida a acabar de vez com a maldição que aterrorizava a cidade.
E assim acontece, Sherazade casa-se com o Rei.
Terminada a breve cerimônia nupcial, o rei conduziu a esposa a seus aposentos, mas, antes de trancar a porta, ouviu uma ruidosa choradeira. “Oh, Majestade, deve ser minha irmãzinha, Duniazade”, explicou a noiva. “Ela está chorando porque quer que eu lhe conte uma história, como faço todas as noites. Já que amanhã estarei morta, peço-lhe, por favor, que a deixe entrar para que eu a entretenha pela última vez!”
Sem esperar resposta, a jovem abriu a porta, levou a irmã para dentro, instalou-a no tapete e começou: “Era uma vez um mágico muito malvado...”. Furioso, Shariar se esforçou ao máximo para impedir a narrativa; resmungou, bufou, tossiu, porém as duas irmãs o ignoraram. Vendo que de nada adiantava sua estratégia, ele ficou quieto e se pôs a ouvir o relato de Sherazade, meio distraído no início, profundamente interessado após alguns instantes. A pequena Duniazade adormeceu, embalada pela voz suave da rainha. O soberano permaneceu atento, visualizando mentalmente as cenas de aventura e romance descritas pela esposa. De repente, no momento mais empolgante, Sherazade silenciou. “Continue!”, Shariar ordenou. “Mas o dia está amanhecendo, Majestade! Já ouço o carrasco afiar a espada!” “Ele que espere”, declarou o rei. Shariar se deitou e logo dormiu profundamente. Despertou ao anoitecer e ordenou à esposa que concluísse o relato, mas não se deu por satisfeito. “Conte-me outra!”

Sherazade com sua voz melodiosa começou a contar histórias de aventuras de reis, de viagens fantásticas de heróis e de mistérios. Contava uma história após a outra, deixando o Sultão maravilhado.
Sem que Sheramin percebesse, as horas passaram e o sol nasceu. Sherazade interrompeu uma história na melhor parte e disse:
- Já é de manhã, meu senhor!
O rei interessado na história, deixou Sherazade no palácio para mais uma noite.
E assim Sherazade fez o mesmo naquela noite, contou-lhe mais histórias e deixou a última por terminar. Sempre alegre, ora contava um drama, ora contava uma aventura, às vezes um enigma, em outras uma história real.
Dessa forma se passaram dias, semanas, meses, anos. E coisas estranhas aconteceram. Sherazade engordou e de repente recuperou seu corpo esguio. Por duas vezes ela desapareceu durante várias noites e retornou sem dar explicação, e o rei tampouco lhe perguntou nada.
Certa manhã ela terminou uma história ao surgir do sol e falou: “Agora não tenho mais nada para lhe contar. Você percebeu que estamos casados há exatamente mil e uma noites?” Um ruído lhe chamou a atenção e, após uma breve pausa, ela prosseguiu; “Estão batendo na porta! Deve ser o carrasco. Finalmente você pode me mandar para a morte!”.
Quem entrou nos aposentos reais foi, porém, Duniazade, que ao longo daqueles anos se transformara numa linda jovem. Trazia dois gêmeos nos braços, e um bebê a acompanhava, engatinhando. “Meu amado esposo, antes de ordenar minha execução, você precisa conhecer meus filhos”, disse Sherazade. “Aliás, nossos filhos. Pois desde que nos casamos eu lhe dei três varões, mas você estava tão encantado com as minhas histórias que nem percebeu nada...” Só então Shariar constatou que sua amargura desaparecera. Olhando para as crianças, sentiu o amor lhe inundar o coração como um raio de luz. Contemplando a esposa, descobriu que jamais poderia matá-la, pois não conseguiria viver sem ela.
Assim, escreveu a seu irmão e lhe propondo que se casasse com Duniazade. O casamento se realizou numa dupla cerimônia, pois Shariar esposou Sherazade pela segunda vez, e os dois reis reinaram felizes até o fim de seus dias.

Disponível em: http://www.miniweb.com.br/cantinho/infantil/38/estorias_miniweb/1001_noites.html. Acesso em: 22. jun. 2017.



Sapo Apaixonado

 Max Velthuijs

Era uma vez um sapo que estava sentado à beira do rio. Sentia-se esquisito. Não sabia se estava contente ou se estava triste.
Toda a semana tinha andado a sonhar. Que teria?
Foi então dar uma volta, a meio do seu caminho encontrou o Porquinho.
- Olá, Sapo – disse o Porquinho. – Estás bem? É que não estás com muito bom ar.
- Não sei – disse o Sapo. – Tenho vontade de rir e de chorar ao mesmo tempo. E aqui dentro de mim tenho uma coisa que faz tum-tum.
- Talvez estejas constipado – disse o Porquinho. – Acho que devias de ir para casa.
Preocupado o Sapo continuou o seu caminho.
Depois passou por casa da Lebre e preocupado exclamou:
- Lebre, não me sinto bem.
- Entra e senta-te um bocadinho – respondeu ela muito simpática. – Ora então, que se passa?
- Umas vezes fico com calor e outras fico com frio. E aqui dentro de mim tenho uma coisa que faz tum-tum.
E meteu a mão da Lebre no peito, para esta sentir.
Preocupada com o que sentiu, a Lebre entrou em casa e foi direito à estante, dela tirou um enorme livro. Depois de virar algumas folhas pensou muito, como um verdadeiro médico e ao fim de um tempo disse:
- Já sei. É o teu coração. O meu também faz tum-tum.
- Mas o meu às vezes faz tum-tum mais depressa do que o costume.
Faz um-dois, um-dois, um-dois – disse o Sapo.
- Aha! – disse ela. – Coração a bater acelerado, ataques de calor e de frio…quer dizer que estás apaixonado!
- Apaixonado? – Disse o Sapo, surpreendido. – Epa! Nunca tive uma cena dessas…
Ficou tão contente que deu um salto enorme pela porta fora.
O Porquinho assustou-se muito quando o Sapo de repente lhe caiu do céu.
- Estás melhor? – perguntou o Porquinho.
- Se estou! Sinto-me ótimo – disse o Sapo. – Estou apaixonado!
- Bem, isso é uma boa notícia. Quem é a sortuda? – Perguntou o Porquinho.
O Sapo não tinha tido tempo para pensar nisso.
Confuso e pensativo disse:
- Já sei! Estou apaixonado pela linha e adorável patinha branca!
- Não pode ser – disse o Porquinho. – Um sapo não pode estar apaixonado por uma pata. Tu és verde e ela é branca.
Mas o Sapo não se importou com o que o Porquinho disse.
O Sapo não sabia escrever, mas sabia fazer bonitas pinturas. Quando voltou para casa fez uma linda pintura, com muito verde, que era a cor que gostava mais.
Quando caiu a noite, o Sapo saiu de casa com a pintura e enfiou-a por baixo da porta da Pata.
Devido à emoção, tinha o coração a bater com toda a força.
A pata ficou muito admirada quando encontrou a pintura.
- Quem terá colocado esta pintura debaixo da porta? É tão linda, vou pendurá-la na parede.
No dia seguinte o Sapo colheu um belo ramo de flores. Ia oferecê-las à Pata.
Mas quando chegou à porta não teve coragem para a enfrentar. Pôs as flores ao pé da porta e fugiu o mais depressa possível.
E durante muito tempo as coisas continuaram assim.
A Pata adorava aqueles presentes. Mas quem é que os mandaria?
Pobre Sapo! Apesar de perder o apetite, à noite também não dormia. E assim, continuou durante semanas.
Como é que havia de mostrar à Pata que gostava dela?
- Tenho que fazer uma coisa que mais ninguém seja capaz – decidiu ele. – Tenho de bater o recorde do mundo de salto em altura! A Patinha vai ficar muito surpreendida, e depois ela também vai gostar de mim.
O Sapo começou logo a treinar. Praticou salto em altura dias a fio.
Saltava cada vez mais alto, até às nuvens. Nunca nenhum sapo do mundo tinha saltado tão alto.
- O que terá o Sapo? – perguntava a Pata, preocupada. – Saltar assim é perigoso. Ainda acaba por se magoar. E tinha razão.
Às duas horas e treze minutos da tarde de sexta-feira, as coisas correram mal. O Sapo estava a dar o salto mais alto da história quando perdeu o equilíbrio e caiu ao chão.
A Pata, que ia a passar nessa altura, veio a correr ajudá-lo.
O Sapo mal conseguia andar. A Pata levou-o para casa e tratou dele com muito carinho.
- Ó Sapo, podias ter-te matado! – disse ela. – Olha que tens que ter cuidado. Gosto tanto de ti!
Então, finalmente o Sapo lá conseguiu arranjar coragem:
- Eu também gosto muito de ti, querida Pata – balbuciou ele.
Tinha o coração a fazer tum-tum mais depressa do que nunca, e ficou com a cara muito verde.
Desde então, amam-se perdidamente.
Um sapo e uma pata….
Verde e branca.
O amor não conhece barreiras. 

Disponível em: http://historiasinfantilparacriancas.blogspot.com.br/2011/03/alice-no-pais-das-maravilhas.html. Acesso em: 26/09/2015.

MENINA DOS FÓSFOROS
Hans Christian Andersen


 Fazia tanto frio! A neve não parava de cair no leste europeu, e a gélida noite aproximava-se. Aquela era a última noite de dezembro, véspera do dia de Ano Novo. Perdida no meio do frio intenso e da escuridão uma pobre menina seguia pela rua afora,  a cabeça descoberta e os pés descalços. É certo que ao sair de casa trazia um par de chinelos, mas estes não duraram muito tempo, porque eram uns chinelos que já tinham pertencido à mãe, e ficavam-lhe tão grandes, pesados e encharcados de neve que a menina os perdeu quando teve de atravessar a rua, correndo, para fugir de um bonde. Um dos chinelos desapareceu no meio da neve, e o outro foi apanhado por um garoto que o levou, pensando fazer dele um berço para a irmã mais nova brincar.
 Por isso, a menina seguia com os pés descalços e já roxos de frio; levava no bolso dianteiro do avental uma quantidade de fósforos, e estendia um maço deles a todos que passavam, oferecendo: — Quer comprar fósforos bons e baratos? — Mas o dia lhe tinha sido adverso. Ninguém comprara os fósforos, e, portanto, ela ainda não conseguira ganhar um tostão sequer. Sentia fome e frio, e estava com a cara pálida e as faces encovadas. Pobre criança! Os flocos de neve caíam-lhe sobre os cabelos compridos e loiros, que se encaracolavam graciosamente em volta do pescoço magrinho; mas ela nem pensava nos seus cabelos encaracolados. Através das janelas, as luzes vivas e o cheiro delicioso da carne assada chegavam à rua, porque era véspera de Ano Novo. Nisso, sim, é que ela pensava, o que lhe enchia de água a boca. 
Sentou-se no chão e encolheu-se no canto de uma varanda. Sentia cada vez mais frio, mas não tinha coragem de voltar para casa, porque não vendera um único maço de fósforos, e não podia apresentar nem uma moeda; e o padrasto, malvado, seria capaz de lhe bater. E afinal, em casa também não havia calor. A família morava numa meia-água, um barraco, e o vento metia-se pelos buracos das telhas, apesar de terem tapado com farrapos e palha as fendas maiores. Tinha as mãos quase paralisadas com o frio. Ah, como o calorzinho de um fósforo aceso lhe faria bem! Se  tirasse um, um só palito, do maço, e o acendesse na parede para aquecer os dedos...! Pegou num fósforo e: Fcht!, a chama espirrou e o fósforo começou a queimar ! Parecia a chama quente e viva de uma vela, quando a menina a tapou com a mão.
Mas, que luz era aquela? A menina imaginou que estava sentada em frente de uma lareira cheia de ferros rendilhados, com um guarda-fogo de cobre reluzente. O lume ardia com uma chama tão intensa, e dava um calor tão bom...!  Mas, o que se passava? A menina estendia já os pés para se aquecer, quando a chama se apagou e a lareira desapareceu. E viu que estava sentada sobre a neve, com a ponta do fósforo queimado na mão.
 Riscou outro fósforo, que se acendeu e brilhou, e o lugar em que a luz batia na parede tornou-se transparente como vidro. E a menina viu o interior de uma sala de jantar onde a mesa estava coberta por uma toalha branca, resplandescente de louças delicadas, e mesmo no meio da mesa havia um ganso assado, com recheio de ameixas e puré de batatas, que fumegava, espalhando um cheiro apetitoso. Mas, que surpresa e que alegria! De repente, o ganso saltou da travessa e rolou para o chão, com o garfo e a faca espetados nas costas, até junto da menina. O fósforo apagou-se, e a pobre menina só viu na sua frente a parede negra e fria.
 Acendeu um terceiro fósforo. Imediatamente se viu ajoelhada debaixo de uma enorme árvore de Natal. Era ainda maior e mais rica do que outra que tinha visto no último Natal, através da porta envidraçada, em casa de um rico comerciante. Milhares de velinhas ardiam nos ramos verdes, e figuras de todas as cores, como as que enfeitam as vitrines das lojas, pareciam sorrir para ela. A menina levantou ambas as mãos para a árvore, mas o fósforo apagou-se, e todas as velas de Natal começaram a subir, a subir, e ela percebeu então que eram apenas as estrelas a brilhar no céu. Uma estrela maior do que as outras desceu em direção à terra, deixando atrás de si um comprido rastro de luz.
 «Foi alguém que morreu», pensou para consigo a menina; porque a avó, a única pessoa que tinha sido boa para ela, mas que já não era viva, dizia-lhe à vezes: «Quando vires uma estrela cadente, um meteorito, é uma alma que vai a caminho do céu.»
 Esfregou ainda mais outro fósforo na parede: fez-se uma grande luz, e no meio apareceu a avó, de pé, com uma expressão muito suave, cheia de felicidade!
— Avó! — gritou a menina — leva-me contigo! Quando este fósforo se apagar, eu sei que já não estarás aqui. Vais desaparecer como a lareira, como o ganso assado, e como a árvore de Natal, tão linda. 
Riscou imediatamente o punhado de fósforos que restava daquele maço, porque queria que a avó continuasse junto dela, e os fósforos espalharam em redor uma luz tão brilhante como se fosse dia. Nunca a avó lhe parecera tão alta nem tão bonita. Tomou a neta nos braços e, soltando os pés da terra, no meio daquele resplendor, voaram ambas tão alto, tão alto, que já não podiam sentir frio, nem fome, nem desgostos, porque tinham chegado ao reino de Deus.
 Mas ali, naquele canto, junto do portal, quando rompeu a manhã gelada, estava caída uma menina, com as faces roxas, um sorriso nos lábios… morta de frio, na última noite do ano. O dia de Ano Novo nasceu, indiferente ao pequenino cadáver, que ainda tinha no regaço um punhado de fósforos. — Coitadinha, parece que tentou aquecer-se! — exclamou alguém. Mas nunca ninguém soube quantas coisas lindas a menina viu à luz dos fósforos, nem o brilho com que entrou, na companhia da avó, no Ano Novo.

Disponível em: http://www.fabulasecontos.com.br/?pg=descricao&id=157. Acesso em: 02/09/2015.


A ASSEMBLÉIA DOS RATOS


Um gato de nome Faro-Fino deu de fazer tal destroço na rataria duma casa velha que os sobreviventes, sem ânimo de sair das tocas, estavam a ponto de morrer de fome.
Tornando-se muito sério o caso, resolveram reunir-se em assembléia para o estudo da questão.  Aguardaram para isso certa noite em que Faro-Fino andava aos mios pelo telhado, fazendo sonetos à lua.
— Acho — disse um deles — que o meio de nos defendermos de Faro-Fino é lhe atarmos um guizo ao pescoço. Assim que ele se aproxime, o guizo o denuncia e pomo-nos ao fresco a tempo.
Palmas e bravos saudaram a luminosa idéia.  O projeto foi aprovado com delírio. Só votou contra, um rato casmurro, que pediu a palavra e disse — Está tudo muito direito.  Mas quem vai amarrarar o guizo no pescoço de Faro-Fino?
Silêncio geral.  Um desculpou-se por não saber dar nó.  Outro, porque não era tolo.  Todos, porque não tinham coragem. E a assembléia dissolveu-se no meio de geral consternação.
Dizer é fácil; fazer é que são elas!

Em: Fábulas, Monteiro Lobato, São Paulo, Ed. Brasiliense:1966, 20ª edição.

Disponível em: https://peregrinacultural.wordpress.com/2012/03/25/fabula-a-assembleia-dos-ratos-texto-de-monteiro-lobato/. Acesso em: 26/08/2015.


POLEGARZINHA

Era uma vez uma mulher que queria ter um filho muito pequenino, mas não sabia como havia de fazer para encontrar um. Então, foi ter com uma velha bruxa e disse-lhe:
— Gostava tanto de ter um filho pequenino! Não sabes dizer-me onde posso arranjar um?
— Oh, isso não é difícil — disse a bruxa. — Aqui tens um grão de cevada, e olha que não é da que cresce nos campos dos lavradores nem daquela que as galinhas comem. Planta este grão num vaso e verás o que acontece!
— Oh, obrigada! — disse a mulher, dando uma moeda de prata à bruxa.
Depois foi para casa e semeou o grão. Não foi preciso esperar muito tempo para que nascesse uma bela flor; parecia uma túlipa, mas as pétalas estavam muito fechadas como se fosse ainda um botão.
— Que linda flor! — disse a mulher, dando um beijo nas pétalas vermelhas e amarelas.
Nesse preciso momento, a flor abriu-se com um forte estalido. Era realmente uma túlipa — agora via-se bem —, mas mesmo no centro da flor, no centro verde, estava sentada uma menina minúscula, graciosa e delicada como uma fada. Não era maior que metade de um polegar, e por isso ficou a chamar-se Polegarzinha.
A cama em que dormia era uma casca de noz muito bem polida; tinha um colchão de pétalas de violeta azuis-escuras e o seu cobertor era uma pétala de rosa. Dormia ali à noite, mas durante o dia brincava em cima da mesa, onde a mulher tinha posto um prato de sopa cheio de água com um círculo de flores à volta, com os caules virados para o meio. Dentro do prato, a flutuar, estava uma grande pétala de túlipa em que a Polegarzinha se podia sentar e remar de um lado para o outro usando dois pêlos brancos de cavalo como remos. Era lindo de se ver! Ela também sabia cantar, e tinha a vozinha mais frágil e mais doce que jamais se ouviu.

Uma noite, quando estava deitada na sua linda cama, um sapo entrou no quarto através de um vidro partido da janela. O sapo parecia muito grande e estava molhado quando saltou para cima da mesa onde a Polegarzinha dormia profundamente debaixo da sua pétala de rosa.
— Ora aqui está uma bela esposa para o meu filho! — disse o sapo.
E pegou na cama de casca de noz em que a Polegarzinha estava a dormir e saltou com ela através da janela para o jardim. No fim do jardim corria um largo regato, de margens pantanosas e lamacentas; era aí que o sapo vivia com o seu filho.
Este não era nada bonito; na realidade, era igualzinho ao pai.
— Croc! Croc! Brec-rec-rec! — foi tudo quanto disse quando viu a linda menina na casca de noz.
— Não fales tão alto, se não ela acorda — disse-lhe o pai. — Olha que pode fugir, porque é leve como uma pena de cisne. Já sei, vamos pô-la no meio do rio, em cima de uma daquelas grandes folhas de nenúfar! Assim, ela vai pensar que está numa ilha, porque é uma criaturinha minúscula. Entretanto, nós podemos começar a preparar o melhor quarto debaixo da lama, para vocês os dois lá viverem.
No regato, havia muitos nenúfares com grandes folhas verdes que pareciam flutuar soltas na água. A folha que estava mais longe era também a maior de todas, e foi nela que o velho sapo poisou a casca de noz com a Polegarzinha. A pobre menina acordou muito cedo e, quando viu onde estava, começou a chorar amargamente, porque havia água a toda a volta da grande folha e era impossível voltar para terra.
Entretanto, o velho sapo andava metido na lama, decorando atarefadamente o quarto com juncos e flores aquáticas amarelas, para ficar bonito e alegre para a sua futura nora. Depois, acompanhado pelo filho, nadou até à folha onde estava a Polegarzinha. Iam buscar a linda cama de casca de noz para a colocarem no quarto antes de a noivazinha ir para lá. O velho sapo, ainda dentro de água, fez uma profunda vénia e disse à Polegarzinha:
— Este é o meu filho. Vai ser o teu marido, e vocês os dois vão viver muito felizes numa bela casa debaixo da lama.
— Croc! Croc! Brec-rec-rec! — foi tudo o que o filho disse.
Então, pegaram na bonita caminha e lá foram a nadar com ela, enquanto a Polegarzinha ficava sozinha na folha verde, a chorar, porque não lhe apetecia nada viver com o velho sapo nem casar com o filho dele. Ora os peixinhos que nadavam ali por baixo tinham visto o sapo e ouvido o que ele dissera, de maneira que deitaram as cabeças de fora para verem a menina. Mas, assim que o fizeram, viram como era bonita e ficaram cheios de pena por ela ter de ir viver na lama com o sapo. Não, isso não podia acontecer! Juntaram-se em redor do pé verde da folha em que ela estava e puseram-se a roê-lo sem parar.

Recorte em papel feito por Hans Christian Andersen
Recorte em papel feito por
Hans Christian Andersen
Fonte:
Museus da Cidade de Odense
Lá foi a folha, flutuando pelo regato, levando a Polegarzinha para longe, cada vez para mais longe, para onde o sapo não podia ir.
Quando ela passava, os passarinhos nas árvores cantavam "Que linda criaturinha!" assim que a viam. E a folha lá ia a deslizar, cada vez para mais longe - e foi assim que a Polegarzinha chegou a outro país.
Uma linda borboleta branca esvoaçava por cima dela e acabou por poisar na folha, porque tinha começado a gostar da menina. Como ela estava feliz agora! O sapo já não podia apanhá-la e era tudo maravilhoso à sua volta, para onde quer que olhasse. A água, onde o sol brilhava, parecia ouro a cintilar. A Polegarzinha tirou o seu cinto e deu uma ponta à borboleta amiga e atou a outra à folha. Agora é que ia mesmo depressa!
Nesse momento, um grande escaravelho apareceu a voar por cima dela. Assim que viu a menininha, agarrou-a num ápice pela cintura e voou com ela para o cimo de uma árvore. A folha verde continuou a flutuar rio abaixo com a borboleta.
Meu Deus!, como a Polegarzinha ficou assustada quando o escaravelho a levou para cima da árvore! E como teve pena da sua amiga, a borboleta branca! Mas o escaravelho não queria saber disso. Poisou na maior folha verde da árvore e largou-a aí. Deu-lhe pólen para comer e disse-lhe que ela era muito bonita, embora não tanto como um escaravelho.
Em breve, todos os outros escaravelhos que viviam na árvore foram visitá-la. Olhavam para ela, e as jovens escaravelhas encolhiam as antenas, dizendo: "Mas só tem duas pernas, este insecto miserável! Não tem antenas! Tem uma cintura tão fina! Parece mesmo humana! Que feia que é!", e por aí fora, apesar de a Polegarzinha ser realmente uma criatura linda.
O escaravelho que a tinha levado também era desta opinião, mas quando todas as escaravelhas disseram que ela era horrível, ele começou a pensar o mesmo e acabou por não querer saber dela; podia ir para onde quisesse. Várias escaravelhas pegaram nela e voaram até ao solo, deixando-a em cima de uma margarida. Lá ficou ela a chorar, por ser tão feia que os escaravelhos não a queriam — e, no entanto, era a criaturinha mais bonita que se podia imaginar, mais bela que a mais perfeita pétala de rosa.
Durante todo o Verão, a pobre Polegarzinha viveu completamente sozinha na grande floresta. Teceu uma cama com ervas e pendurou-a como se fosse uma rede por baixo de uma grande folha de azeda, para ficar abrigada da chuva. Para comer apanhava mel e pólen das flores e bebia as gotas de orvalho que encontrava todas as manhãs nas folhas. E assim passou o Verão e o Outono, mas depois chegou o Inverno, o longo e frio Inverno. Os passarinhos, que tão docemente tinham cantado, voavam agora para longe, as árvores perdiam as folhas, as flores murchavam. Depois, a grande folha de azeda que lhe fazia de telhado começou a enrolar-se e murchou, até que ficou apenas uma haste seca e amarela. A Polegarzinha tinha imenso frio, porque o seu vestido estava todo roto e ela era muito frágil e pequenina. Em breve morreria de frio. A neve começou a cair, e cada floco que caía sobre ela era tão pesado como uma pazada atirada a um de nós. Afinal, ela só tinha dois centímetros e meio de altura. Embrulhou-se numa folha murcha, mas não conseguiu aquecer-se, e tremia cada vez mais.

Por essa altura, já tinha alcançado a orla da floresta. Mesmo ao lado havia um grande campo de trigo, mas este tinha sido ceifado há muito tempo e só se via o restolho seco na terra gelada. Para ela, aquilo era o mesmo que uma floresta para atravessar e oh!, como ela tremia de frio! Finalmente, chegou à porta de um rato do campo, que vivia numa casinha por baixo do restolho. Era aconchegada e confortável, com um armazém cheio de trigo, uma cozinha quente e uma sala de jantar. A pobre Polegarzinha parou à porta da casa do rato como se fosse uma mendiga e pediu se ele lhe dava um bocadinho de um grão, porque já há dois dias que não comia nada.
— Pobrezinha! — disse o rato do campo, que tinha muito bom coração. — Vem para a cozinha, que está quente, e comes comigo.
Gostou tanto da companhia da Polegarzinha que acabou por lhe dizer:
— Podes ficar comigo durante o Inverno, mas tens de limpar e arrumar a casa e contar-me histórias. Gosto muito de histórias.
A Polegarzinha fez o que o velho rato do campo lhe disse; e o tempo foi passando agradavelmente.
— Em breve teremos uma visita — disse o rato do campo. — O meu vizinho vem visitar-me todas as semanas. A casa dele ainda é melhor do que a minha, com grandes e belos quartos, e ele usa um lindo casaco de veludo preto! Se conseguisses que ele casasse contigo, nunca mais te faltaria nada. Mas ele é quase cego, de maneira que tens de te preparar para lhe contar as melhores histórias que souberes.
A Polegarzinha não gostou muito da ideia. Não lhe apetecia nada casar com o vizinho rico; era um toupeiro, e veio fazer a sua visita com o casaco de veludo preto. O rato do campo lembrou à Polegarzinha como ele era rico e culto; disse-lhe que a casa dele era vinte vezes maior do que a sua.
Que ele sabia muitas, muitas coisas, embora não gostasse do sol e das lindas flores, porque nunca os tinha visto. A Polegarzinha teve de cantar para ele, e cantou Tive uma nogueirazinha e Joaninha voa, voa. O toupeiro apaixonou-se pela sua linda voz, mas não disse nada, porque era muito cauteloso.
Ele tinha escavado recentemente uma passagem muito longa, que ia da sua casa à do vizinho, e disse ao rato do campo e à Polegarzinha que podiam ir visitá-lo quando quisessem. Mas pediu-lhes que não tivessem medo da ave morta que estava na passagem. Contou-lhes que a ave não tinha qualquer marca nem ferida, não lhe faltavam penas, e o bico estava intacto; devia ter morrido há muito pouco tempo, com a chegada do Inverno, e, de alguma maneira, tinha caído na sua passagem subterrânea.
Então, o toupeiro agarrou num pedaço de madeira podre com a boca (porque a madeira podre brilha como fogo no escuro) e foi à frente para iluminar a longa passagem para os seus convidados. Depressa chegaram ao sítio onde estava a ave, e o toupeiro empurrou o tecto com o focinho largo, levantando a terra para fazer um buraco que deixou entrar a luz do dia. E lá estava uma andorinha, com as lindas asas encostadas ao corpo, as pernitas e a cabeça escondidas nas penas; a pobre ave de certeza que tinha morrido de frio. A Polegarzinha teve muita pena dela, porque amava todas as avezinhas, que tinham cantado e chilreado para ela de uma maneira tão encantadora durante todo o Verão. Mas o toupeiro empurrou a andorinha para o lado com as suas pernitas curtas e disse:
— Esta já não assobia mais! Que pouca sorte nascer ave! Felizmente que nenhum dos meus filhos será como elas. Uma ave não sabe fazer nada a não ser dizer tuit-tuit e depois morrer de fome no Inverno!
— Sim, lá nisso tens razão — disse o rato do campo. — Com todo o seu tuit-tuit, que é que elas fazem quando chega o Inverno? Morrem de fome e de frio. E, no entanto, toda a gente as acha muito importantes.
A Polegarzinha não disse uma palavra, mas, quando os outros recomeçaram a andar, baixou-se, afastou meigamente as penas da cabeça da andorinha e beijou-lhe os olhos fechados.
— Talvez esta seja a que cantou tão suavemente para mim durante o Verão — pensou. — Que felicidade me deu esta pobre avezinha da floresta!
Então, o toupeiro tapou o buraco que tinha feito para deixar entrar a luz do dia e acompanhou as visitas a casa. Mas nessa noite a Polegarzinha não conseguia dormir, de maneira que levantou-se e teceu uma cobertazinha de feno. Quando acabou, foi pô-la em cima da ave. Ao lado, deixou um pouco de lanugem de cardo que tinha encontrado na sala de estar do rato do campo, para que a ave pudesse repousar quentinha sobre a terra fria.
— Adeus, linda andorinha! — disse ela. — Adeus e obrigada pelas tuas belas canções no Verão, quando as árvores estavam verdes e o Sol brilhava tão alegremente sobre nós todos!
Depois encostou a cabeça ao coração da andorinha — mas ficou logo muito espantada, porque parecia que alguma coisa batia lá dentro. Era o coração da andorinha a bater. Não estava morta, apenas entorpecida pelo frio, e, como tinha sido aquecida, começava a voltar a si.
No Outono, as andorinhas voam todas para terras mais quentes, mas, se uma delas se atrasa, o frio pode fazê-la gelar; então cai no chão e depressa fica coberta de neve.
A Polegarzinha tremia, assustada; a ave era muito maior do que ela, que só tinha dois centímetros e meio de altura. Mas encheu-se de coragem e aconchegou a lanugem de cardo ao corpo da pobre andorinha. Depois, foi a correr buscar a sua coberta, uma folha de hortelã, para lhe tapar a cabeça.
Na noite seguinte, esgueirou-se outra vez para visitar a andorinha — ela estava realmente viva, mas tão fraca que mal pôde abrir os olhos para olhar para a Polegarzinha. Ali estava ela, com um pedacinho de madeira podre na mão, porque não tinha outra lanterna.
— Obrigada, obrigada, linda menina — disse a andorinha doente. — Aqueceste-me tão bem que depressa estarei suficientemente forte para voar ao sol brilhante.
— Oh! — exclamou a Polegarzinha —, ainda está muito frio lá fora! Há neve e gelo por todo o lado. Fica aí na tua caminha quente que eu trato de ti.
Depois levou-lhe água numa folha, e a andorinha bebeu e contou-lhe como tinha magoado uma asa numas silvas e, por isso, não tinha conseguido voar tão depressa como as outras andorinhas quando partiram para terras mais quentes. Por fim, acabara por cair, e não se lembrava de mais nada. Não fazia a menor ideia de como tinha ido parar ali.
Durante todo o Inverno, a andorinha ficou na passagem subterrânea. A Polegarzinha tratou dela e tornou-se muito sua amiga. Mas não disse nada ao toupeiro nem ao rato do campo, porque eles não gostavam de avezinhas. Por fim, chegou a Primavera e os raios de Sol começaram a atravessar a terra. A andorinha disse adeus à Polegarzinha e reabriu o buraco que o toupeiro tinha feito no tecto da passagem. A luz do Sol encheu ambas de alegria, e a andorinha pediu à Polegarzinha que fosse com ela; podia subir para as suas costas e voariam para a floresta cheia de verdura. Mas a Polegarzinha sabia que o velho rato do campo ficaria triste se ela se fosse embora assim sem mais nem menos.
— Não, não posso ir — disse ela.
— Então adeus, adeus, linda menina bondosa! — respondeu a andorinha, voando em direcção ao Sol.
A Polegarzinha viu-a subir no céu, e os seus olhos encheram-se de lágrimas, porque se tinha tornado muito amiga da pobre andorinha.
— Tuit, tuit! — cantou a avezinha, voando em direcção à floresta verde.

A Polegarzinha estava agora muito triste. Não a deixavam sair para a claridade do Sol, e, nos campos onde vivia, o trigo era tão alto que, para ela, era como uma floresta que se erguia muito acima da sua cabeça.
— Tens de ter o teu enxoval pronto este Verão — disse o rato do campo, porque, entretanto, o vizinho toupeiro do casaco de veludo tinha proposto casamento à Polegarzinha. — Precisas de roupas de linho e lã e de muitos cobertores e lençóis quando fores casada com o toupeiro.
A Polegarzinha teve de trabalhar arduamente com a roca, e o toupeiro contratou quatro aranhas para tecerem para ela de dia e de noite. Todas as tardes lhe fazia uma vista e dizia sempre que, quando o Verão acabasse e o Sol não estivesse tão terrivelmente quente e deixasse de queimar a terra até a deixar dura com uma pedra, então casariam. Mas a Polegarzinha não estava nada satisfeita, porque não gostava daquele velho toupeiro tão pomposo. Todas as manhãs, quando o Sol se erguia, e todas as noites, quando se punha, ela esgueirava-se lá para fora; quando o vento fazia ondular as espigas de trigo, conseguia ver o céu azul e pensava sempre como era bom e belo viver ao ar livre. Desejava imenso ver de novo a sua amiga andorinha, mas ela não voltou a aparecer; tinha voado para o bosque verde coberto de folhas.
Quando o Outono chegou, o enxoval da Polegarzinha estava pronto.
— Casas daqui a quatro semanas — disse o rato do campo.
Mas a Polegarzinha começou a chorar e disse que não queria casar com o toupeiro.
— Que disparate! — respondeu o rato do campo. — Não te ponhas com problemas. Arranjaste um marido esplêndido, pois nem a rainha tem um casaco de veludo preto tão bom como o dele! E pensa naquela cozinha e cave tão bem fornecidas! Deves agradecer a tua boa sorte.

E, assim, chegou o dia do casamento. O toupeiro já tinha ido buscar a Polegarzinha, pois ela ia viver com ele bem debaixo do solo; nunca mais poderia apanhar a luz radiante do Sol, porque o toupeiro não a suportava. Cheia de tristeza, foi dizer o último adeus ao Sol brilhante; enquanto vivera com o rato do campo, sempre a tinham deixado ir pelo menos até à porta.
— Adeus, Sol brilhante! — disse ela, erguendo os braços em direcção a ele e dando alguns passos no campo imenso, pois o trigo tinha sido ceifado e só ficara o restolho. — Adeus, adeus — disse ela outra vez, abraçando uma florzinha vermelha que crescia por entre os caules. — Se alguma vez tornares a ver a andorinha, diz-lhe que lhe mando saudades!
Nesse preciso momento ouviu um som — tuit, tuit — mesmo por cima de si. Era a andorinha.
Como estava, contente por ver a sua amiga Polegarzinha! Então esta contou-lhe que tinha de casar nesse mesmo dia com o toupeiro e ir viver com ele debaixo da terra, onde o Sol nunca brilhava. E as lágrimas saltaram-lhe dos olhos só de pensar nisso.
— Vem aí o frio Inverno — disse a andorinha. — Vou voar para longe, para os países quentes. Por que não vens comigo? Podes subir para as minhas costas e atares-te a mim com o teu cinto. Deixamos o toupeiro e a sua casa escura e voamos para muito, muito longe, por cima das montanhas, para um país onde o Sol brilha ainda mais do que aqui, onde é sempre Verão e onde as matas e as florestas estão cobertas das mais belas flores. Ah, vem comigo, querida Polegarzinha, tu que me salvaste a vida quando eu estava gelada na escura passagem debaixo da terra!
— Sim, vou contigo — acabou por dizer a Polegarzinha.
Sentou-se nas costas da ave e atou o cinto a uma das suas penas mais fortes. Então, a andorinha ergueu-se muito alto no céu e voou por cima de florestas, lagos e montanhas onde há sempre neve. O ar gelado fazia a Polegarzinha tremer, mas ela enfiava-se debaixo das penas quentes da ave e só espreitava para olhar, assombrada, para as belas coisas lá em baixo.

Por fim, chegaram aos países quentes. Aí, o Sol brilhava com muito mais intensidade do que a Polegarzinha supunha ser possível; o céu parecia duas vezes mais alto. Ao longo das estradas, havia deliciosas uvas brancas e roxas; limões e laranjas pendiam das árvores; o ar estava perfumado de mirto e de muitas outras plantas aromáticas; e, pelos caminhos, corriam muitas crianças lindas, a brincar por entre coloridas borboletas. Mas a andorinha voou ainda para mais longe, para onde a paisagem era também ainda mais bonita. E então, à sombra de enormes árvores verdes, na margem de um lago azul-safira, viram um palácio muito antigo construído em mármore branco, com videiras enroladas nas suas altas colunas. Mesmo no cimo das colunas havia muitos ninhos de andorinhas, e num deles vivia a amiga da Polegarzinha.
— A minha casa é esta — disse ela. — Mas, se quiseres escolher uma daquelas lindas flores ali em baixo, eu ponho-te lá, e podes viver feliz à tua vontade.
— Ah, como vou gostar! — gritou a Polegarzinha, batendo as mãozinhas.
Uma grande coluna branca estava caída por terra, partida em três bocados, e entre eles cresciam altas e belas flores brancas. A andorinha voou até lá abaixo com a Polegarzinha e poisou-a numa pétala. Então, a Polegarzinha teve uma grande surpresa. Ali, no centro da flor, estava um principezinho, tão belo e delicado que parecia feito de vidro. Tinha na cabeça a coroa de ouro mais bonita que pode imaginar-se e nos ombros um par de asas coloridas e brilhantes, e não era maior do que a própria Polegarzinha. Era o espírito que guardava a flor. Em cada flor havia uma criaturinha igual, mas ele era o rei de todas.
— Que bonito que ele é! — sussurrou a Polegarzinha à andorinha.
O principezinho ao princípio ficou muito assustado com a ave, que lhe parecia gigantesca, mas quando viu a Polegarzinha ficou cheio de alegria. Achou que ela era a mais bela de todas as criaturas que jamais tinha visto, mesmo entre as fadas das flores. Tirou a coroa de ouro da sua cabeça e colocou-a na dela e perguntou-lhe como se chamava e se queria ser sua mulher e rainha de todas as flores.
Bem, este marido podia ela amar de verdade — era muito diferente do filho do sapo ou do velho toupeiro com o seu casaco de veludo. E por isso disse que sim ao belo príncipe. Então, ergueu-se de cada flor uma criaturinha, rapaz ou rapariga, homem ou mulher, tão pequeninas e tão bonitas que era emocionante vê-las. Todas deram uma prenda à Polegarzinha, mas a melhor de todas foi um lindo par de asas. Prenderam-nas aos ombros da Polegarzinha, e agora também ela podia voar de flor em flor. Toda a gente estava cheia de alegria: era como uma maravilhosa festa de Verão. A andorinha, lá em cima no seu ninho, cantou-lhes a canção mais bonita que sabia, mas no fundo estava triste, porque gostava tanto da Polegarzinha que não queria separar-se dela.
— Nunca mais te chamarás Polegarzinha — declarou o príncipe das flores. — Não é um nome suficientemente bonito para uma criatura tão bela como tu. A partir de agora, vamos chamar-te Maia!
— Adeus, adeus — disse a andorinha, quando chegou a altura de voar de novo dos países quentes para a Dinamarca.
Aí, ela tinha um pequeno ninho ao lado da janela do homem que escreve contos de fadas.
— Ouve, ouve — trinou a andorinha para o escritor de contos de fadas...
E foi assim que soubemos esta história.
Hans Christian Andersen 

Disponível em: http://guida.querido.net/andersen/conto-02.htm. Acesso em: 08/06/2015.



A BRUXA MARIA



Ela não mora em um castelo abandonado, cheio de teias de aranhas e criação de morcegos. 
Ela mora em um pequeno apartamento de uma grande cidade. 
É uma bruxa contemporânea. 
Usa bicicleta em vez de vassoura, se veste com roupas coloridas em vez de preto, usa o Google em vez de bola de cristal, usa um piercing em vez de verruga no nariz e em vez de um gato tem um cachorro negro.
De resto, é uma bruxa como as outras. 
Transforma príncipe em sapo, carruagem em abóbora.
Como toda bruxa, adora alquimia, mas não aquelas velhas receitas fumegantes de misturar rabo de lagartixa com olho de dragão. 
A Bruxa Maria gosta mesmo é de misturar cores. 
Dizem que no dia em que a magia está à flor da pele ela consegue modificar até as cores do arco-íris.
Tem uma prateleira na janela em vez de cortina. 
Esta prateleira é cheia de garrafas coloridas, que refletem vários raios de luzes multicores. 
Ela não conta para ninguém, mas copiou a ideia das garrafas coloridas da casa de um grande poeta. 
Pois, em noites de lua cheia, em segredo visita artistas e poetas, porque, segundo ela, estes seres são mágicos, embora usem disfarces.

Mas no dia do Halloween, a Bruxa Maria abre seu antigo baú de bruxa. 
Coloca asas de morcego, liberta aranhas, coloca no céu uma Lua nova, no bolso uma floresta escura e a velha máscara de coruja da sua bisavó. 
Segue a tradição de seus ancestrais e sai para se divertir. 
Afinal, bruxa é sempre bruxa, mesmo que de vez em quando se confunda com uma fada. 

Disponível em: http://canto-do-conto.blogspot.com.br/search/label/A%20Bruxa%20Maria. Acesso em: 27/03/2015.


As três filhas do rei 

Era uma vez 3 princesas que foram seqüestradas por uma bruxa velha e feia, que as aprisionou em uma caverna e começou a ensiná-las a sua magia. Um dia, um príncipe se perdeu e chegou à caverna. Pediu abrigo e foi bem recebido, mas logo percebeu que havia algo errado. Em um momento de distração da bruxa, a mais nova das princesas contou ao príncipe que o intuito da velha era matá-lo e combinaram uma fuga. Assim que percebeu que os dois haviam fugido, a bruxa mandou a princesa mais velha atrás deles. Usando a magia que aprendeu, a princesinha fujona enganou a irmã, que voltou para a caverna. A bruxa mandou, então, a irmã do meio, que também foi enganada. Assim, a própria feiticeira foi atrás do casal. A moça pediu ao príncipe sua espada: ela se transformaria em um lago e ele em um pato, que não deveria sair de maneira alguma do meio do lago. A velha encontrou o lago e tentou de todas as formas atrair o pato para a margem, mas ele ficou onde estava. A bruxa, então, bebeu toda a água do lago. Nesse momento, a princesa pegou a espada e cortou a barriga da bruxa, que morreu. A princesa e o príncipe se casaram e foram muito felizes.

Disponível em: http://canto-do-conto.blogspot.com.br/search/label/As%20tr%C3%AAs%20filhas%20do%20rei. Acesso em: 05/03/2015.


     BRUXA, BRUXA VENHA A MINHA 

FESTA

(Arden Druce)

_ Bruxa, Bruxa, por favor, venha a minha festa.
_ Obrigada, irei sim, se você convidar o Gato.
_ Gato, Gato, por favor, venha a minha festa.
_ Obrigado, irei sim, se você convidar o Espantalho.
_ Espantalho, Espantalho, por favor, venha a minha festa.
_ Obrigado, irei sim, se você convidar a Coruja.
_ Coruja, Coruja, por favor, venha a minha festa.
_ Obrigada, irei sim, se você convidar a Árvore.
_ Árvore, Árvore, por favor, venha a minha festa.
_ Obrigada, irei sim, se você convidar o Duende.
_ Duende, Duende, por favor, venha a minha festa.
_ Obrigado, irei sim, se você convidar o Dragão.
_ Dragão, Dragão, por favor, venha a minha festa.
_ Obrigado, irei sim, se você convidar o Pirata.
_ Pirata, Pirata, por favor, venha a minha festa.
_ Obrigado, irei sim, se você convidar o Tubarão.
_ Tubarão, Tubarão, por favor, venha a minha festa.
_ Obrigado, irei sim, se você convidar a Cobra.
_ Cobra, Cobra, por favor, venha a minha festa.
_ Obrigada, irei sim, se você convidar o Unicórnio.
_ Unicórnio, Unicórnio, por favor, venha a minha festa.
_ Obrigado, irei sim, se você convidar o Fantasma.
_ Fantasma, Fantasma, por favor, venha a minha festa.
_ Obrigado, irei sim, se você convidar o Babuíno.
_ Babuíno, Babuíno, por favor, venha a minha festa.
_ Obrigado, irei sim, se você convidar o Lobo.
_ Lobo, Lobo, por favor, venha a minha festa.
_ Obrigado, irei sim, se você convidar a Chapeuzinho Vermelho.
_ Chapeuzinho Vermelho, Chapeuzinho Vermelho, por favor, venha a minha festa.
_ Obrigada, irei sim, se você convidar as Crianças.
_ Crianças, Crianças, por favor, venham a minha festa.

_ Obrigado, iremos sim, se você convidar a Bruxa.

Disponível em: http://canto-do-conto.blogspot.com.br/search/label/Bruxa%20venha%20a%20minha%20festa%20%21. Acesso em: 06/02/2015.


A CHAVE DOURADA 
(Irmãos Grimm) 

No inverno, havendo muita neve, um pobre menino teve que sair para buscar lenha no seu trenó. E depois de ter acatado bastantes galhos secos, ele sentia-se tão enregelado que ainda não quis voltar para casa, antes iria fazer uma fogueirinha e aquecer-se um pouco. Limpou um pouco a neve para preparar o chão, quando encontrou uma pequena chave dourada. Pensou: Onde estiver a chave, deveria haver também a fechadura correspondente, cavou a terra em volta e encontrou uma caixinha de ferro. Tomara que a chave caiba! - pensou - Com certeza há coisas preciosas dentro da caixinha. Procurou e procurou, mas não encontrou a fechadura. Finalmente descobriu-a, mas era tão pequena que mal podia ser vista. Ele tentou enfiar a chavezinha e viu que cabia perfeitamente. Virou-a uma vez... e agora teremos que esperar que a caixinha seja destrancada completamente e se abra a tampa... e então iremos saber quantas coisas maravilhosas estão dentro da caixinha!


Disponível em: http://canto-do-conto.blogspot.com.br/search/label/A%20Chave%20Dourada. Acesso em: 11/11/2014.

A SOPA DE MEIAS


Era uma vez uma mulher muito sovina, dona de uma estalagem. Uma noite em que ela estava fazendo uma sopa para o marido, que chegaria mais tarde, apareceu por lá um mendigo esfarrapado, pedindo pouso.

A mulher bem que queria mandá-lo embora, mas sabia que seu marido, homem generoso, ia ficar bravo se ela não ajudasse o mendigo.

Então, indicou-lhe um minúsculo quartinho de tranqueiras, que ficava logo atrás da cozinha.Ali, ele poderia passar a noite.

O mendigo se ajeitou,mas dali a pouco, faminto, começou a sentir o apetitoso cheirinho de sopa.

-Por acaso a senhora está fazendo sopa ?

- Imagine ! - disse ela, com medo de que tivesse que dividir a comida com aquele maltrapilho. - Estou é fervendo minhas meias !

Dali a pouco, deixando a sopa no fogo para quando o marido chegasse, a mulher foi deitar-se.

O mendigo então saiu do quartinho, foi até o fogão e tomou toda a sopa que estava na panela. Depois encheu a panela de água e pôs suas meias para ferver.

Quando o marido chegou, viu a panela no fogo e serviu-se da sopa. Qual não foi seu espanto ao ver cairem no prato aquelas meias esburacadas ! Muito bravo chamou a mulher, que veio correndo e logo entendeu a quem pertenciam as meias.

-Seu atrevido ! - gritou a mulher, chamando o mendigo.
- Como ousou fazer isso ?

- Mas o que foi que eu fiz ? Apenas pus para ferver as minhas meias junto com as suas. Como poderia imaginar que estava planejando serví-las como refeição a seu marido ?

Disponível em: http://canto-do-conto.blogspot.com.br/search/label/a%20sopa%20de%20meias. Acesso em: 06/10/2014.

AS TRÊS FILHAS DO REI


As três filhas do rei ( Cultura Popular)

Era uma vez 3 princesas que foram seqüestradas por uma bruxa velha e feia, que as aprisionou em uma caverna e começou a ensiná-las a sua magia. Um dia, um príncipe se perdeu e chegou à caverna. Pediu abrigo e foi bem recebido, mas logo percebeu que havia algo errado. Em um momento de distração da bruxa, a mais nova das princesas contou ao príncipe que o intuito da velha era matá-lo e combinaram uma fuga. Assim que percebeu que os dois haviam fugido, a bruxa mandou a princesa mais velha atrás deles. Usando a magia que aprendeu, a princesinha fujona enganou a irmã, que voltou para a caverna. A bruxa mandou, então, a irmã do meio, que também foi enganada. Assim, a própria feiticeira foi atrás do casal. A moça pediu ao príncipe sua espada: ela se transformaria em um lago e ele em um pato, que não deveria sair de maneira alguma do meio do lago. A velha encontrou o lago e tentou de todas as formas atrair o pato para a margem, mas ele ficou onde estava. A bruxa, então, bebeu toda a água do lago. Nesse momento, a princesa pegou a espada e cortou a barriga da bruxa, que morreu. A princesa e o príncipe se casaram e foram muito felizes.

Disponível em: http://canto-do-conto.blogspot.com.br/search/label/a%20sopa%20de%20meias. Acesso em: 06/10/2014.



ROMEU E JULIETA

(Ruth Rocha)

História Contada - Romeu e Julieta (Ruth Rocha)






Disponível em: http://pt.slideshare.net/VPoubell/histria-contada-romeu-e-julieta-ruth-rocha. Acesso em: 08/09/2014.


A PRINCESA ERVILHA

princesa deitada em vinte colchõesERA UMA VEZ um príncipe que viajou pelo mundo inteiro à procura da princesa ideal para se casar. Tinha de ser linda e de sangue azul, uma verdadeira princesa!

Mas depois de muitos meses a viajar de país em país, o príncipe voltou para o seu reino, muito triste e abatido pois não tinha conseguido encontrar a princesa que se tornaria sua mulher.

Numa noite fria e escura de inverno, quando o príncipe já pensava ser impossível casar com uma princesa, houve uma terrível tempestade. No meio da tempestade, alguém bateu à porta do castelo. O velho rei intrigado foi abrir a porta. Qual não foi a sua surpresa ao ver uma bela menina completamente molhada da cabeça aos pés.

A menina disse: “poderei passar a noite aqui no seu castelo, senhor? Fui surpreendida pela tempestade enquanto viaja já de volta para o meu reino. Estou com fome e frio e não tenho onde ficar…”.

O rei desconfiado perguntou: Sois uma princesa? A princesa respondeu timidamente: “Sim, senhor”.

“Então entrai, pois seria imperdoável da minha parte deixar-vos lá fora numa noite como esta!” Respondeu o rei, não muito convencido de se tratar mesmo de uma princesa.

Enquanto a princesa se secava e mudava de roupa, o rei informou a rainha daquela visita inesperada. A rainha pôs-se a pensar e, com um sorriso matreiro, disse “vamos já descobrir se se trata de uma verdadeira princesa ou não…”.

A rainha subiu ao quarto de hóspedes onde ia ficar a princesa e, sem ninguém ver, tirou a roupa de cama e colocou por baixo do colchão uma ervilha. De seguida colocou por cima da cama mais vinte colchões e edredões e, finalmente, a roupa de cama.

Então, desceu a escadaria e dirigiu-se à princesa, apresentando-se, e dizendo amavelmente: Já pode subir e descansar. Amanhã falaremos com mais calma sobre a menina e o seu reino…

A princesa subiu e deitou-se naquela cama estranha que mais parecia uma montanha!

Na manhã seguinte, a princesa desceu para tomar o pequeno almoço. O rei e a rainha já estavam sentados à mesa. A princesa saudou os reis e sentou-se. Então a rainha perguntou: Como passou a noite, princesa?

A princesa respondeu: “Oh, a verdade é que não consegui dormir nada naquela cama tão incómoda… senti qualquer coisa no colchão que me incomodou toda a noite e deixou o meu corpo todo dorido!

O rei levantou-se e, muito ofendido, exclamou: “Impossível! Nunca nenhum convidado se queixou dos nossos excelentes colchões de penas!

Mas a rainha interrompe-o e disse com um sorriso: “Pode sim!” E explicou ao rei o que tinha feito para ver se realmente se tratava de uma princesa ou alguém a querer enganá-los.

A rainha levantou-se e disse a todos:” Só uma verdadeira princesa com uma pele tão sensível e delicada é capaz de sentir o incómodo de uma ervilha através de vinte colchões e edredões!”.

princesa e príncipeO rei e a rainha apresentaram a princesa ao seu filho o príncipe e ele, mal a viu, ficou logo perdido de amores.


Ao fim de alguns dias, o príncipe casou com a princesa, com a certeza de ter encontrado finalmente uma princesa verdadeira que há tanto tempo procurava.

A partir daquele dia, a ervilha passou a fazer parte das joias da coroa, para que todos se lembrassem da história da princesa ervilha.


Disponível em: http://bebeatual.com/historias-princesa-e-a-ervilha_97. Acesso em: 07/09/2014.

HISTÓRIA: O TECIDO E A ESTAMPA



Observação: Aqui pode feito um trabalho junto às crianças no sentido de elas se perceberem, de cada uma identificar, pesquisar em casa diferentes tipos de tecido que suas famílias conhecem, depois solicitar que tragam retalhos desses tecidos para a sala de aula e pedir que confeccionem letras com os diferentes tipos de tecido e montar um painel com legendas para cada letra (com a ajuda da professora) anunciando o tipo de tecido e descrevendo a estampa (conforme o modo com os/as alunos/as descreveram.

OBS: Essa história foi retirada do livro "Moda - uma história para crianças", de Katia Kanton e Luciana Schiller. Disponível em: http://www.joy.com.br/blog/livro-apresenta-mundo-fashion-para-criancas/. Acesso em: 21/03/2014.


O MENINO QUE APRENDEU A VER






































A MENINA QUE QUERIA NAMORAR




Em uma pequena cidadezinha mineira, vivia a menina Ana. Aos 7 anos de idade, seu maior desejo era namorar.

Mas havia um grande problema: o pai da menina era muito bravo e sempre dizia: "Namorar só depois dos 18 anos!".

E então Ana ia para a escola e na aula de matemática queria aprender a fazer conta. Logo pensava: 18 - 7 = ?. Isso para ver quantos anos ela ainda teria que esperar para namorar.

Na aula de português, queria ler poemas e cartas de amor. Ela até estava escrevendo melhor que os colegas e as colegas de sala, de tanto que enuémsaiava a escrita de um bilhete para seu futuro namorado.

A família de Ana já estava preocupada, pois achavam que era cedo demais para ela namorar. Pensaram até em levá-la a um psicólogo ou psicóloga.

Foi então que a professora de Ana resolveu perguntar: "Afinal, Ana, você sabe o que é namorar?". E a menina respondeu: "Não, é por isso que eu quero namorar!".

A professora continuou: "Mas será mesmo que você precisa namorar para saber o que é namorar?".  Ana disse que podia também perguntar para quem namora o que era namorar.

A menina foi então primeiro falar com sua mãe. Perguntou-lhe assim: "Mãe, o que é namorar?". Sua mãe respondeu: "É ter um compromisso com alguém. É estar só com aquela pessoa e dar uns beijos na boca de vez em quando".

Depois disso, Ana voltou à escola e foi falar novamente com a professora: "Eu acho que namorar deve ser ruim...". A professora perguntou por que ela estava pensando assim. Ela então explicou: "Eu gosto de estar no meio de várias pessoas e não com uma só. Além disso, gosto muito de beijar as pessoas e não só de vez em quando".

A professora ficou pensando no que ela havia dito e perguntou com quem ela tinha conversado sobre namoro. Ela disse que tinha procurado sua mãe. A professora então sugeriu que ela perguntasse a outra pessoa.

A menina foi perguntar para sua avó: "Vó, o que é namorar?". E a avó respondeu: "É a etapa que vem antes do casamento. Serve para saber se o/a outro/a é uma boa pessoa. Os beijos e os abraços ficam para depois".

A menina foi de novo falar com a professora: "Eu tô achando ainda que namorar deve ser muito ruim...". A professora perguntou por que e ela explicou: "Eu pensava que podia namorar sem casar, que para saber se alguém era boa pessoa era só conversar e que os beijos e abraços não seriam proibidos".

A professora disse para a menina que ela achava muito bom namorar e que cada um tinha um jeito de namorar. Falou também que isso muda de acordo com a idade e o lugar onde cada um vive.

Foi quando a professora resolveu perguntar: "E para você, Ana, o que é namorar?". E a menina respondeu: "É gostar muito de alguém, estar ao seu lado nos momentos tristes e felizes, andar de mãos dadas, brincar junto e dar muitos beijinhos e abraços".

A professora então perguntou: "E o que há de ruim nisso, hein?!". Ana respondeu: "Nada". A professora então pediu que ela explicasse o que ela tinha lhe contado para sua família.

Após uma longa conversa, a vontade de namorar da menina foi sendo compreendida por sua família.

Passou o tempo e após algumas semanas Ana já tinha escolhido um namoradinho na escola. Seu nome era Bernardo.

Ana e Bernardo se gostavam muito. Faziam as coisas sempre juntos e viviam trocando bilhetinhos de amor. A felicidade para eles estava nas pequenas coisas: o voar de uma borboleta, o cantar dos pássaros, uma conversa no pátio da escola, o aprender a amarrar os sapatos juntos, o compartilhar do lanche na escola, etc.

Enfim... o namoro era só o nome que os adultos davam para algo que eles ainda não podiam entender, mas que eles já sabiam que podiam viver.


(Autoria: Gabriela Silveira Meireles)


HISTÓRIA PARA ENCANTAR




Bom Dia, Todas as Cores!
Meu amigo Camaleão acordou de bom humor.

- Bom dia, sol, bom dia, flores, bom dia, todas as cores!

Lavou o rosto numa folha cheia de orvalho, mudou sua cor para a cor-de-rosa, que ele achava a mais bonita de todas, e saiu para o Sol, contente da vida.

Meu amigo Camaleão estava feliz porque tinha chegado a primavera.

E o sol, finalmente, depois de um inverno longo e frio, brilhava, alegre, no céu. - Eu hoje estou de bem com a vida ele disse. - quero ser bonzinho pra todo mundo...

Logo que saiu de casa, o Camaleão encontrou o professor pernilongo.

O professor pernilongo toca violino na orquestra do Teatro Florestal.

- Bom dia, professor! Como vai o senhor?

- Bom dia, Camaleão! Mas o que é isso, meu irmão? Por que é que mudou de cor? Essa cor não lhe cai bem...Olhe para o azul do céu. Por que não fica azul também?

O Camaleão, amável como ele era, resolveu ficar azul como o céu da primavera...

Até que numa clareira o Camaleão encontrou o sabiá-laranjeira:

- Meu amigo Camaleão, m ito bom dia e você! Mas que cor é essa agora?

O amigo está azul por quê?
E o sabiá explicou que a cor mais linda do mundo era a cor alaranjada,
Cor de laranja, dourada.
Nosso amigo, bem depressa, resolveu mudar de cor.
Ficou logo alaranjado, louro, laranja, dourado.
E cantando, alegremente, lá se foi, ainda contente...
Na pracinha da floresta, saindo da capelinha, vinha o senhor louva-a-deus, mais a família inteirinha.
Ele é um senhor muito sério, que não gosta de gracinha.
- bom dia, Camaleão! Que cor mais escandalosa!
Parece até fantasia pra baile de carnaval...
Você devia arranjar uma cor mais natural...
Veja o verde da folhagem... Veja o verde da campina... Você devia fazer
o que a natureza ensina.
É claro que o nosso amigo resolveu mudar de cor.
Ficou logo bem verdinho e foi pelo seu caminho...
Vocês agora já sabem como era o Camaleão.
Bastava que alguém falasse, mudava de opinião.
Ficava roxo, amarelo, ficava cor-de-pavão.
Ficava de toda cor. Não sabia dizer NÃO.
Por isso, naquele dia, cada vez que 
Se encontrava com algum de seus amigos,
E que o amigo estranhava a cor com que ele estava...
Adivinha o que fazia o nosso Camaleão.
Pois ele logo mudava, mudava para outro tom...
Mudou de rosa para azul.
De azul para alaranjado.
De laranja para verde.
De verde para encarnado.
Mudou de preto para branco.
De branco virou roxinho.
De roxo para amarelo.
E até para cor de vinho...
Quando o sol começou a se pôr no horizonte, Camaleão resolveu voltar para casa. Estava cansado do longo passeio eE mais cansado ainda de tanto
mudar de cor. Entrou na sua casinha. Deitou para descansar.
E lá ficou a pensar: - Por mais que a gente se esforce, não pode agradar a todos. Alguns gostam de farofa. Outros preferem farelo...
Uns querem comer maçã. Outros preferem marmelo...
Tem quem goste de sapato. Tem quem goste de chinelo...
E se não fossem os gostos, que seria do amarelo?
Por isso, no outro dia, Camaleão levantou-se bem cedinho.
- Bom dia, sol, bom dia, flores, Bom dia, todas as cores!
Lavou o rosto numa folha cheia de orvalho, mudou sua cor para a cor-de-rosa, que ele achava a mais bonita de todas, e saiu para o sol, contente da vida. Logo que saiu, Camaleão encontrou o sapo cururu, que é cantor de sucesso na Rádio Jovem Floresta.
- Bom dia, meu caro sapo! Que dia mais lindo, não?
- Muito bom dia, amigo Camaleão!
Mais que cor mais engraçada, antiga, tão desbotada...
Por que é que você não usa uma cor mais avançada?
O Camaleão sorriu e disse para o seu amigo:
- Eu uso as cores que eu gosto, e com isso faço bem.
Eu gosto dos bons conselhos, mas faço o que me convém.
Quem não agrada a si mesmo, não pode agradar ninguém...
E assim aconteceu o  que acabei de contar.
Se gostaram, muito bem!
Se não gostaram, AZAR!

Disponível em: http://historiaparaencantar.blogspot.com.br/. Acesso em: 09/02/2014.


A CALIGRAFIA DE DONA SOFIA


































Segue abaixo a sugestão de dois livros que tratam da sexualidade e da infância, aos quais tive acesso durante o curso de formação denominado "Tecendo Gênero e Diversidade nos Currículos da Educação Infantil":





O endereço da página de onde retirei estas imagens é: http://generoesexualidade-ei.blogspot.com.br/


CONTO - A LEBRE E A TARTARUGA

A Lebre e a Tartaruga, adaptação da obra de Esopo



Era uma vez... uma lebre e uma tartaruga.

A lebre vivia caçoando da lerdeza da tartaruga.

Certa vez, a tartaruga já muito cansada por ser alvo de gozações, desafiou a lebre para uma corrida.

A lebre muito segura de si, aceitou prontamente.

Não perdendo tempo, a tartaruga pois-se a caminhar, com seus passinhos lentos, porém, firmes.

Logo a lebre ultrapassou a adversária, e vendo que ganharia fácil, parou e resolveu cochilar.

Quando acordou, não viu a tartaruga e começou a correr.

Já na reta final, viu finalmente a sua adversária cruzando a linha de chegada,, toda sorridente.



Moral da história: Devagar se vai ao longe!



Disponível em: http://historiasinfantilparacriancas.blogspot.com.br/. Acesso em: 10/08/2014.



HISTÓRIA: MINHA CHUPETA VIROU ESTRELA


Ilustrado por: Ionit Zilberman

Eu me chamo Pedro e tenho 7 anos. Eu tenho uma estrela, sabe?
Uma estrelona, linda, que está lá no céu, brilhando, todos os dias.
Quando eu tinha 3 anos, para salvar meu dente da frente que ficou mole
porque eu caí de boca brincando na gangorra da escola, minha dentista me disse
que... EU TERIA QUE PARAR DE USAR A MINHA QUERIDA CHUPETA VERDE!

– A chupeta ou o dente! – ela me mandou escolher.

Bom, eu nem quis ouvir direito essa proposta tão maluca! A doutora Virgínia  e a minha mãe tentaram conversar comigo, explicar por que era importante eu  não perder um dente tão cedo e... nada. Eu só olhava com o olho mais comprido  do mundo para a chupeta verde, minha companheira do sono mais gostoso do  mundo! Como dormir sem ela?

Na primeira noite em que fiquei sem a minha querida chupeta, só lembro de  sentir o cheiro da minha mãe, que me carregou no colo enquanto papai dirigia  nosso carro, passeando em frente ao meu parque preferido pra ver se eu enfim  conseguia pegar no sono...

No dia seguinte fui com minha mãe e meu irmão ao parque e levei pão para  dar aos patos que moram num lago bem bonito que tem lá. Um pato maior e  mais cinza que os outros me chamou a atenção. Ele veio várias vezes comer pão  na minha mão e eu gostei dele. Parecia o patinho feio da história que meu pai  sempre contava antes de eu dormir.

Mamãe chegou perto de nós e disse que aquele era mesmo um pato especial.  Ele costumava tomar conta das chupetas de alguns meninos. E fazia isso muito  bem: ele transformava todas em estrelas! Superlegal!

Pus o nome naquele pato de Pato Pão. Eu não queria perder nem o meu dente  nem a minha chupeta... Talvez o Pato Pão fosse a solução para o meu problema!

Então... resolvi dar a minha chupeta verde para ele. Ele pegou minha  chupeta verde com o bico e atirou longe, no lago. Eu fiquei olhando  para ela boiando, boiando... até desaparecer... Na hora de  entregar a minha chupeta verde, mesmo para um pato tão  especial como o Pato Pão, eu segurei bem forte a mão da  minha mãe e a do meu irmão!

Enquanto a minha chupeta verde ia embora no lago,  pensei que naquela noite ela não ia estar embaixo do  meu travesseiro. Eu teria que ir até a janela se quisesse  dar uma espiada nela.

Quando a noite apareceu, meu pai chegou do trabalho  e se deitou na cama comigo, olhando pro céu, procurando  a minha estrela-chupeta verde. Eu vi primeiro e nós  dois batemos palmas pra ela! Aí eu só me lembro de  adormecer com aquele brilho de estrela no meu olho  e a sensação do abraço enorme do meu pai.

Todas as vezes em que penso na minha chupeta,  olho pro céu, procurando a estrela-chupeta verde.  Agora, a saudade, em vez de crescer como eu, fica  menor a cada noite. Deve ser porque meninos  grandes gostam mais de estrelas no céu do que  de chupetas, eu acho.


Conto de Januária Alves

Ilustrado por Ionit Zilberman
Quem é quem?
Januária Alves, paulistana, 40 anos, viveu a infância e a adolescência em Recife. Com 11 anos, já publicava textos no suplemento infantil do Diário de Pernambuco. Conheceu o escritor e desenhista Mauricio de Sousa, criador da Turma da Mônica, em uma entrevista que fez com ele para o jornal pernambucano.
Quando publicou seu primeiro livro, O Dia em Que a Terra Se Apaixonou, aos 18 anos, Maurício fez o prefácio. Jornalista com especialização em ação cultural com crianças e jovens, ela foi roteirista do programa Bambalalão, da TV Cultura de São Paulo, e escreveu a peça infantil Lampião Júnior e Maria Bonitinha, que ficou em cartaz na capital paulista por três anos e depois viajou pelo Nordeste.

Ionit Zilberman, nascida em Telavive, Israel, 34 anos, mudou com os pais uruguaios para o Brasil aos 6 anos de idade. Tinha 18 quando foi trabalhar em uma simpática livraria, a extinta Klaxon, em São Paulo, onde caiu de amores pelos livros infantis e decidiu que queria ilustrá-los. Em 1996, formou-se em Artes Plásticas na Faap, mas somente em 2001 começou a trabalhar como ilustradora. Atualmente, é colaboradora fixa das revistas Bons Fluidos e Educação e esporádica de muitas outras. Os dois primeiros livros infantis que ilustrou estão prestes a sair do forno pela Brinque Book e pela SN. Para o futuro, planeja escrever suas próprias histórias. Seu trabalho é todo feito em papel, depois fotografado ou escaneado.

Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/minha-chupeta-virou-estrela-424403.shtml. Acesso em: 26/07/2014.








ra uma vez uma linda Baratinha.


Gostava de tudo muito limpo e arrumado.


   

Um belo dia, Dona Baratinha varria o jardim de sua casa quando encontrou uma moedinha. Ficou muito feliz!
Rapidamente, tomou um banho, colocou um vestidinho bem bonito, uma fita no cabelo e ficou na janela da sala de sua casa cantando assim:

     "Quem quer casar com a Dona Baratinha,
      que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?"
     ogo, logo começaram a chegar os pretendentes.

O primeiro que passou foi o Senhor Boi, muito bem vestido.
Dona Baratinha perguntou então para ele:
      - Que barulho o senhor faz quando dorme? E ele respondeu:
     
- Quando eu durmo, o meu ronco é assim - MUUUUU...........
     
- Saia já daqui! O Senhor me assusta com todo esse barulho!
      Dona Baratinha voltou para sua janela, cantando a mesma canção.
     
"Quem quer casar com a Dona Baratinha que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?"
      Um tempo depois passou um jumento todo arrumadinho e falante, dizendo:
      
- Eu serei o marido ideal para a Senhora.


         quando o senhor dorme, como é o barulho que o senhor faz?
       - Eu faço assim - Ióh..Ioh...Ióh...Ióhooooooo.........
        Assustada Dona Baratinha mandou que ele saísse e nunca mais passasse por lá para assustá-la novamente.

       Depois de algum tempo,já desanimada, Dona Baratinha recebeu uma visita inesperada. Era o Senhor Ratão, muito falante e animado:

       - Senhora Baratinha, estou muito apaixonado pela senhora e pretendo me casar logo, logo.
A senhora aceita?
       Mais uma vez,Dona Baratinha perguntou:
      - "Como o senhor faz para dormir?"
       Senhor Ratão disse:
       
- Eu sou muito discreto em tudo que faço.

Até para dormir, meu ronquinho é muito baixinho e dificilmente eu ronco!
É assim:
- iiiihhhhiiiiihhhhhh.......

      
- Que maravilha! disse Dona Baratinha! Esse barulho não me assusta, até parece uma suave melodia. Com você eu quero me casar e tenho certeza que seremos felizes para sempre!!!!

     Logo foram marcando a data do casamento e preparando a festa.
    

Dona Baratinha pediu para suas amigas Abelhas, Formigas e Borboletas prepararem uma gostosa feijoada, sucos de diferentes frutas e muitos doces!
    



No dia marcado, a noiva já estava esperando na igreja toda preocupada, porque todos os convidados estavam lá também, só faltava o querido noivo.  

    
Corre daqui, pergunta dali e nada! Ninguém sabia do paradeiro do distinto cavalheiro.O que será que tinha acontecido com ele? Todos se perguntavam....
    


Acontece que Senhor Ratão era muito guloso.Não resistiu esperar pela surpresa da festa que a noiva havia lhe preparado. Então, aproveitando que todos já estavam na igreja ele foi até a casa das amigas de sua noiva onde tudo estava prontinho e arrumadinho e foi investigar os comes e bebes.
     
Quando sentiu o cheirinho apetitoso da feijoada, resolveu subir na panela e experimentar um pouquinho....
      Acontece que Senhor Ratão perdeu o equilíbrio e caiu na panela do feijão! Como não tinha ninguém em casa ele não se salvou, morreu afogado dentro da gostosa feijoada!!!
      uando soube do acontecido, Dona Baratinha triste ficou.
Voltou para sua casa e continuou a vidinha de sempre.

Disponível em: http://www.contandohistoria.com/donabaratinha.htm. Acesso em: 22/06/2014.


HISTÓRIA - A FESTA NO CÉU

Contos
(Christiane Angelotti

adaptação do conto de Luís da Câmara Cascudo)

Entre os bichos da floresta, espalhou-se a notícia de que haveria uma festa no Céu. 
Porém, só foram convidados os animais que voam. 
As aves ficaram animadíssimas com a notícia, começaram a falar da festa por todos os cantos da floresta. Aproveitavam para provocar inveja nos outros animais, que não podiam voar. 
Um sapo muito malandro, que vivia no brejo,lá no meio da floresta, ficou com muita vontade de participar do evento. Resolveu que iria de qualquer jeito, e saiu espalhando para todos, que também fora convidado. 
Os animais que ouviam o sapo contar vantagem, que também havia sido convidado para a festa no céu, riam dele. 
Imaginem o sapo, pesadão, não agüentava nem correr, que diria voar até a tal festa! 
Durante muitos dias, o pobre sapinho, virou motivo de gozação de toda a floresta. 
_ Tira essa idéia da cabeça, amigo sapo. – dizia o esquilo, descendo da árvore.- Bichos como nós, que não voam, não têm chances de aparecer na Festa no Céu. 
_ Eu vou sim.- dizia o sapo muito esperançoso. - Ainda não sei como, mas irei. Não é justo fazerem uma festa dessas e excluírem a maioria dos amimais. 
Depois de muito pensar, o sapo formulou um plano. 
Horas antes da festa, procurou o urubu. Conversaram muito, e se divertiram com as piadas que o sapo contava. 
Já quase de noite, o sapo se despediu do amigo: 
_ Bom, meu caro urubu, vou indo para o meu descanso, afinal, mais tarde preciso estar bem disposto e animado para curtir a festa. 
_Você vai mesmo, amigo sapo? - perguntou o urubu, meio desconfiado. 
_ Claro, não perderia essa festa por nada. - disse o sapo já em retirada.- Até amanhã! 
Porém, em vez de sair, o sapo deu uma volta, pulou a janela da casa do urubu e vendo a viola dele em cima da cama, resolveu esconder-se dentro dela. 
Chegada a hora da festa,o urubu pegou a sua viola, amarrou-a em seu pescoço e vôou em direção ao céu. 


Contos, fabulas e historinhas: A Festa no Céu
Ao chegar ao céu, o urubu deixou sua viola num canto e foi procurar as outras aves. O sapo aproveitou para espiar e, vendo que estava sozinho, deu um pulo e saltou da viola, todo contente. 

As aves ficaram muito surpresas ao verem o sapo dançando e pulando no céu. Todos queriam saber como ele havia chegado lá, mas o sapo esquivando-se mudava de conversa e ia se divertir. 
Estava quase amanhecendo, quando o sapo resolveu que era hora de se preparar para a "carona" com o urubu. Saiu sem que ninguém percebesse, e entrou na viola do urubu, que estava encostada num cantinho do salão. 
O sol já estava surgindo, quando a festa acabou e os convidados foram voando, cada um para o seu destino. 
O urubu pegou a sua viola e vôou em direção à floresta. 
Voava tranqüilo, quando no meio do caminho sentiu algo se mexer dentro da viola. Espiou dentro do instrumento e avistou o sapo dormindo , todo encolhido, parecia uma bola. 
- Ah! Que sapo folgado! Foi assim que você foi à festa no Céu? Sem pedir, sem avisar e ainda me fez de bobo! 
E lá do alto, ele virou sua viola até que o sapo despencou direto para o chão. 
A queda foi impressionante. O sapo caiu em cima das pedras do leito de um rio, e mais impressionante ainda foi que ele não morreu. 
Nossa Senhora, viu o que aconteceu e salvou o bichinho. 
Mas nas suas costas ficou a marca da queda; uma porção de remendos. É por isso que os sapos possuem uns desenhos estranhos nas costas, é uma homenagem de Deus a este sapinho atrevido, mas de bom coração. 


Disponível em: http://www.qdivertido.com.br/verconto.php?codigo=13. Acesso em: 21/06/2014.


HISTÓRIA PARA CONTAR... 
A CAIXA SURPRESA!! 


A autora - Angela Carneiro -e o lustrador, Fernando Nunes vão apresentado a "caixa surpresa" assim :


"A minha caixa surpresa é muito especial
tem sonhos luzes e cores e uma tampa de cristal ."
E vão mostrando de forma encantadora e melodiosa tudo o que ela pode conter...
piratas....

músicas...

bruxas...
... e até céu estrelado !
E a sua ? Que surpresas você guarda ?


Disponível em: http://canto-do-conto.blogspot.com.br/search/label/caixa-surpresa. Acesso em: 13/06/2014.

DITADOS POPULARES 
E BRINCADEIRAS DE RUA




Disponível em: http://pedagogiccos.blogspot.com.br/2012/08/atividades-sobre-ditados-populares.html http://emvereadoramerico.blogspot.com.br/p/lied.html. Acesso em: 01/06/2014.


LUAS E LUAS
James Thurber

Em um reino muito... muito distante...
Havia um rei muito... muito preocupado.
Sua filha, princesa Letícia estava muito... muito doente
e passa o dia inteiro de cama...
O médico real já havia feito de tudo.
O rei muito... muito preocupado... chegou perto de sua querida filha e perguntou:
_Eu lhe dou tudo o que seu coração quiser...
_Seu coração quer alguma coisa???
_ Sim!_disse princesa Letícia.
_Quero a lua.
_Só fico boa de novo quando tiver a lua.
O rei sempre conseguia o que queria.
Logo imaginou que não seria problema conseguir a lua.
Então, o rei chamou o conselheiro real.
Era um homem engraçado... gordo...alto... e com um óculo grande que faziam seus olhos parecerem duas vezes maiores do que realmente eram.
Também faziam o conselheiro real parecer duas vezes mais sábio do que realmente era.
E o rei disse:
_Quero que me consiga a lua.
_A princesa Letícia quer a lua. Só assim ficará boa de novo.
_ A lua????_disse o conselheiro arregalando os olhos...
que o fez parecer quatro vezes mais sábio do realmente era.
_Sim!!! A lua!!!_ disse o rei.
_ Mas, é impossível...
_A lua fica a 55.000 quilômetros daqui... é maior que o quarto da princesa Léticia. Além de ser feita de cobre.
_ Conseguir a lua????... é impossível!!!!!
O rei ficou com muita... muita raiva e mandou ele sair da sala.
Depois chamou o feiticeiro real.
O feiticeiro era baixinho... com um nariz de um palmo e meio...que usava um chapéu pontudo cheio de estrelas...
Ficou branco como a lua quando o rei lhe disse o que queria.
Então, o feiticeiro disse:
_ Mas, é impossível...
_A lua fica a 250.000 quilômetros daqui... é maior que esse palácio . Além de ser toda feita de queijo.
_ Conseguir a lua????... é impossível!!!
O rei ficou com muita... muita raiva e mandou ele sair da sala.
Depois, chamou o matemático real.
Era um homem careca, com um lápis em cada orelha... e que vivia fazendo contas...
principalmente, quando o rei lhe disse o que queria...
Então disse:
_ Mas, é impossível...
_A lua fica a 500.000 quilômetros daqui... é maior que todo esse reino. Além de ser toda feita de prata... e é redonda e chata como uma moeda.
_ Conseguir a lua????... é impossível!!!
O rei ficou com muita... muita... muita raiva e mandou ele sair da sala.
Depois chamou o bobo da corte.
O bobo chegou alegre e saltitante... e disse:
_O que posso fazer pelo senhor, Majestade???
E o rei disse melancólico...
_Ninguém pode fazer nada por mim...
_ A princesa Letícia quer a lua... mas ninguém pode consegui-lá.
_Ah! Ninguém pode fazer nada por mim... por favor toque algo em seu alaúde... toque algo bem triste...
O bobo da corte começou a tocar algo no alaúde e perguntou:
_Mas o que eles disseram??????
_Bom... o conselheiro real disse que era impossível... que a lua fica a 55.000 quilômetros daqui... é maior que o quarto da princesa Léticia. Além de ser feita de cobre.
Já o feiticeiro real disse que era impossível... que a lua fica a 250.000 quilômetros daqui... é maior que esse palácio. Além de ser toda feita de queijo.
 E o matemático real disse que era impossível... que a lua fica a 500.000 quilômetros daqui... é maior que todo esse reino. Além de ser toda feita de prata... e é redonda e chata como uma moeda.
O bobo da corte pensou... e disse:
_São todos sábios... e todos devem estar certos... a lua deve ter exatamente o tamanho e a distância que cada um acha que tem...
_ A questão é descobrir de que tamanho a princesa Letícia acha que ela é, e a que distância se encontra.
_ Não tinha pensado nisso._ disse o rei.
_Vou lá perguntar a ela, Majestade.
A princesa Letícia ficou feliz ao ver o bobo da corte...
_ Você trouxe a lua para mim????_ perguntou ela.
_Ainda não? Mas vou consegui-la.
_ De que tamanho você acha que ela é????
_Ah! A lua é um pouquinho menor que a unha do meu dedão...
_Porque quando a coloco na frente da lua, ela a cobre direitinho...
_ E a que distância ela fica???
_Não fica muito longe...
_As vezes fica presa nos galhos mais altos dessa árvore do jardim real.
_Ah!!!! Vai ser facílimo conseguir a lua para você.
_Vou subir na árvore esta noite, quando estiver presa nos galhos vou pegá-la para você.
_Ah!!! Mais uma coisa... A lua é feita de quê. princesa Letícia???
_Oh! Bobo da corte, mas como é bobinho... a lua é feita de ouro, é claro.
O bobo da corte foi correndo até o joalheiro real e pediu-lhe que fizesse uma luazinha redonda de ouro, só um pouco menor que a unha do polegar da princesa. Depois pediu que a pendurasse numa corrente de ouro, para que a princesa pudesse usá-la no pescoço.
O bobo da corte levou a lua para a princesa que ficou tão...tão feliz que no dia seguinte pulou bem cedo e foi brincar no jardim real.
Porém, o rei continuava muito... muito preocupado.
Então, o rei logo chamou o conselheiro real.
_Precisamos esconder a lua_disse o rei.
_ Se a princesa Letícia ver a lua no céu vai achar que mentimos para ela e ficará doente de novo e isso eu não posso suportar...
_Você precisa impedir que a princesa Letícia veja a lua brilhar no céu está noite. Pense em alguma coisa.
conselheiro pensou... pensou... e depois falou:
_Já sei!!
_Vamos fazer um óculos escuro de forma que quando usá-lo não vai enchergar nada.
O rei ficou muito zangado:
_Ficou louco???
_Se ela não ver nada vai sair esbarrando nas coisas e pode até se machucar...
O rei ficou com muita... muita... raiva e mandou ele sair da sala.
Depois chamou o feiticeiro real.
_Precisamos esconder a lua_disse o rei.
_ Se a princesa Letícia ver a lua no céu vai achar que mentimos para ela e ficará doente de novo e isso eu não posso suportar...
_Você precisa impedir que a princesa Letícia veja a lua brilhar no céu está noite. Pense em alguma coisa.
O feiticeiro pensou... pensou... e depois falou:
_Já sei!!
_Vamos fazer um grande cortina de veludo negro para contornar todo o palácio assim ela não poderá ver a lua.
O rei ficou muito zangado:
_Ficou louco???
_Assim o ar não vai entrar e ela pode adoecer.
O rei ficou com muita... muita... raiva e mandou ele sair da sala.
Depois chamou o matemático real
_Precisamos esconder a lua_disse o rei.
_ Se a princesa Letícia ver a lua no céu vai achar que mentimos para ela e ficará doente de novo e isso eu não posso suportar...
_Você precisa impedir que a princesa Letícia veja a lua brilhar no céu está noite. Pense em alguma coisa.
O matemático pensou... pensou...calculou..calculou... e depois falou:
_Já sei!!
_ Vamos soltar fogos de artifício todas as noite no jardim real assim ela não vai enxergar a lua com tanto brilho no céu.
O rei ficou muito zangado:
_Ficou louco???
_Com essa barulheira toda ela não vai dormir e vai adoecer de novo.
O rei ficou com muita... muita... muita raiva e mandou ele sair da sala.
Então, chamou o bobo da corte.
O bobo chegou alegre e saltitante... e disse:
_O que posso fazer pelo senhor, Majestade???
E o rei disse melancólico...
_Ninguém pode fazer nada por mim...
_ Ninguém consegue esconder a lua para mim...
_ Quando anoitecer a princesa Letícia vai ver a lua... e vai achar que mentimos para ela e vai adoecer novamente.
_Ah! Ninguém pode fazer nada por mim... por favor toque algo em seu alaúde... toque algo bem triste...
O bobo da corte começou a tocar algo no alaúde e perguntou:
_Mas o que eles disseram??????
_O Conselheiro sugeriu um óculos escuro, o feiticeiro cortinas por todo o reino e o matemático fogos de artifício...
E o bobo disse...
_ Seus sábios conhecem tudo... se eles não conseguem esconder a lua, é porque não é possível escondê-la.
E rei deu um salto ao ver a lua surgindo no céu...
_Olhe!!!! _gritou.
_É a lua brilhando no céu.
_Quem vai explicar como a lua pode estar no céu se está pendura em volta do pescoço dela.
E bobo disse:
_ Bom...
_Quem soube dizer como conseguir a lua quando seus sábios disseram ser impossível?
_Foi a princesa Letícia.
_Portanto, a princesa Letícia sabe mais que os sábios e conhece melhor a lua do que eles... vou perguntar a ela...
E antes que o rei pudesse impedi-lo, o bobo da corte já estava entrando no quarto da princesa...
Ao vê-la na janela contemplando a lua.. ficou muito triste e uma lágrima brotou de seus olhos...
Diga-me, princesa Letícia...
_Como a lua pode brilhar no céu se ela está pendurada numa corrente em volta de seu pescoço???
A princesa olhou e riu...
_Oh! Bobo da corte como você é bobinho...
_Então não sabe????
_As luas são como dentes de leite...
_ Quando uma cai nasce outra no lugar!!!!
FIM
Essa história foi escrita pelo americano James Thurber, foi publicada pela primeira vez em 1943, era um livro bem longo... sua filha Rosemary reescreveu a história, encurtando-a um pouco.



CONTAÇÃO DE HISTÓRIA COM COLHER DE PAU E MASSINHA
Essa história é encantadora!!! A técnica é simples e o material também: bastam duas colheres de pau e massinha na cor vermelha, preta e amarela. As crianças vão adorar!!! 
                                                                                                           


Segue, então, as páginas do livro "As centopéias e seu sapatinhos" para a contação da história.

A inspiração para contar histórias com as colheres de pau e as massinhas encontra-se disponível em: http://contarerecontarparaencantar.blogspot.com.br/search/label/colher%20de%20pau%20e%20massinha. Acesso em: 14/05/2014.

As páginas do livro "As centopeias e seus sapatinhos", de Milton Camargo, encontra-se disponível em: https://picasaweb.google.com/104178046381484193962/AsCentopIasESeusSapatinhos#5223624396819411602. Acesso em: 14/05/2014.



CONTO AFRICANO



 “A princesa que não falava”
Essa é a história da Aditi Bolá, filha do rei ioruba, que nasceu muda.
O rei tentou de tudo para fazer com que sua filha falasse – remédio, encantamentos, nada adiantou. A menina permanecia muda.
Cansado de tentativas inúteis, o rei resolveu estabelecer um prêmio para quem conseguisse livrar sua filhinha da mudez: daria a metade do seu tesouro para quem curasse a princesa Aditi Bolá.
Ajapá, a tartaruga, que era muito esperta, resolveu ganhar o prêmio.
Exigiu primeiro, que a princesa fosse viver longe do vilarejo, sozinha, em uma cabana dentro da floresta, bem perto de sua própria casa.
Poucos dias depois da mudança, Ajapá pegou uma cabaça cheia de mel e colocou na porta da casa da menina, escondendo-se em seguida.
Vendo aquilo e pensando ser um presente do seu pai a menina pegou a cabaça e começou a saborear o mel.
Neste momento, Ajapá saiu de seu esconderijo e, dando um tapa nas costas da criança, gritou:
-Ladra! Então é você quem rouba e come meu mel?
E assim falando, amarrou a menina com uma corda, e atou a cabaça às suas mãos.
A menina, assustada, gritou:
-Eu não roubei nada! Eu não roubei nada!
Sem lhe dar atenção, Ajapá saiu arrastando a princesa, enquanto cantava:
Bolá roubou e comeu meu mel! Kayin, kayin!
Bolá é astuta e desonesta! Kayin, kayin!
Bolá é uma ladra sem-vergonha! Kayin, kayin!
Amarrada e puxada pela tartaruga, a princesa só podia se defender cantando assim:

Na terra de elefante, agi como elefante! Kayin, kayin!
Na terra de búfalo, agi como búfalo! Kayin, kayin!
Na terra da tartaruga fui acusada de roubar! Kayin, kayin!
Ajapá me acusou de roubar e comer seu mel! Kayin, kayin!
Assim seguiram até o povoado. Ajapá cantando uma canção de acusação e Aditi Bolá cantando sua canção de defesa. Avisado do que se passava, o rei veio correndo até a praça e, chorando de alegria, cantou:
Minha filha que nunca falou, está falando hoje! Kayin, kayin!
Ajapá curou a mudez de Bolá! Kayin, kayin!
O plano foi revelado e Aditi Bolá entendeu que a acusação da Tartaruga era o remédio que fez com que falasse.
O rei dividiu seu reino com Ajapá e ela prosperou em tudo por sua esperteza.

Disponível em: http://joegicontandohistorias.blogspot.com.br/2012_02_01_archive.html. Acesso em: 25/04/2014.


UMA HISTÓRIA CURIOSA




Disponível em: http://sitededicas.ne10.uol.com.br/hi8_p12.htm. Acesso em: 04/04/2014.



SUGESTÃO DE HISTÓRIA SOBRE AS RELAÇÕES DE GÊNERO:








HISTÓRIA SOBRE O NASCIMENTO:









Um menino americano de cinco anos, chamado Boo pediu a mãe para se fantasiar de Daphne, a personagem de Scooby Doo, no Halloween. A mãe não viu nenhum problema no pedido, além do fato de que ele poderia mudar de ideia, como qualquer criança de cinco anos. Então ela esperou alguns dias para comprar a fantasia, até ter certeza que era isso mesmo que ele queria. No dia da festa ela levou seu menino para a escola, mas do alto do sua vida de apenas cinco anos, Boo expressou medo de ser ridicularizado. Veja bem, ele não tinha dúvidas que ele queria usar a fantasia, ele só temia que outros não gostassem da escolha que tinha feito ele tão feliz alguns dias antes. Sua mãe o assegurou que o Halloween é um tempo de fantasias e que ninguém veria problema na sua vestimenta tão linda. Ela estava errada e Boo estava certo.

Várias mães expressaram desgosto pela escolha da fantasia de Boo. Pelo apoio que sua mãe deu, para que ele se vestisse do jeito que queria. Alegaram que não era direito ou que não ficava bem. E que Boo seria vítima de chacota de outras crianças. Mas veja bem, naquele momento Boo brincava com outras crianças de quatro e cinco anos que não tinham visto problema nenhum. Ah sim, elas vão aprender a ver problema nisso. Com suas mães e pais. As mesmas que estavam naquele momento criticando a mãe de Boo, por simplesmente ter permitido que uma criança escolhesse uma fantasia de Halloween.

O post que essa mãe escreveu tem mais de 44mil comentários. Muitos de apoio e vários de crítica. Como ela mesmo diz, talvez Boo seja gay. Talvez não seja. Isso não faz diferença para ela, que se preocupa em criar uma criança feliz que será um adulto bem resolvido e equilibrado. Ela não está preocupada em dizer a Boo que sua vontade de se vestir de Daphne, num feriado cujo ponto alto são fantasias, é errada, principalmente por que aos cinco anos Boo ainda está formando sua identidade de gênero e sua sexualidade. O que ela quis dizer, e disse, ao comprar aquela roupa é que seja que caminho ele seguir, ela vai estar lá.

O outing do Lucas foi logo depois do seu aniversário de 17 anos. E guardadas as devidas proporções eu ouvi coisas bem semelhantes de parentes, amigos e até de professores. Que eu estava “incentivando” ele a ser gay por ter aberto minha casa para amigos e namorados. Que eu devia ser mais rígida e menos “moderninha”. Que sendo tão novo era possível ainda “consertar o problema”. Claro que junto disso vinham também as recriminações sobre eu ter sido muito mole na educação dele. Ou de não ter tomado cuidado com as companhias. Que isso podia ser uma fase e que eu devia incentivá-lo a namorar uma menina, por que ele não podia saber se era gay sem ter namorado meninas antes. Como se algum hétero precisasse namorar meninos, para descobrir que gosta mesmo de meninas.

São essas atitudes que expõe claramente o quanto nossa sociedade é homofóbica. Ok, então seu filho é gay. Você já errou em algum lugar e fez ele virar gay, não precisa agora incentivar isso, né? Tenha um pouco de respeito por nós, cidadãos de bons costumes, e ensine seu filho que lugar de gay é onde eu não precise olhar para ele. Preconceito não é inato. Pessoas não nascem preconceituosas. Minha neta não tem nenhum problema com a sexualidade do tio, ela ri pra ele com o mesmo entusiasmo que ri para qualquer um que dê atenção a ela. O bebê de 2 anos filho do vizinho também. Infelizmente esse bebê de 2 anos vai aprender com o pai, um homofóbico de carteirinha, a não sorrir mais para o Lucas.

Muita gente que me aplaudiu quando eu “aceitei” o filho adolescente gay, me crucificou anos depois quando o Mario foi morar conosco. Muita gente que diz admirar minha relação com o Lucas, leva essa admiração apenas até a página dois. Tudo bem você aceitar o seu filho gay, mas não acha que é demais deixar seu filho caçula sair com ele e o namorado? Ou permitir que eles se beijem na frente dele? Isso não é legal para uma criança assistir. Você pode respeitar, mas não devia ficar incentivando esse comportamento ou trazendo os amigos para dentro de casa. Ou ficar conversando sobre o assunto com ele. Ou comprando camisinhas. Ele devia respeitar a família. Ou em outras palavras, você devia fingir que esse assunto não existe e deixar ele lá. Lá é o lugar que essa sociedade diz que gays deviam ficar.

O menino dessa história tem sorte de ter uma mãe que entende que, vestir-se de Daphne não vai determinar sua sexualidade no futuro. Que está disposta a deixá-lo experimentar e buscar a construção de sua própria identidade, sem limitações machistas e homofóbicas. Assim como não é a sexualidade do Lucas que vai influenciar, moldar ou contaminar a sexualidade do Saulo ou da bebê que eu estou esperando. Talvez, apenas desse a eles mais segurança para falar, por crescerem em um ambiente onde a homossexualidade é só um aspecto da personalidade.

Eu não poderia consertar o Lucas. Por que não tinha nada quebrado com ele. A mãe do Boo não está incentivando seu filho a ser gay ou travesti, ela está apenas respeitando uma escolha de fantasia do Halloween! Que aliás, provavelmente seja só isso: uma fantasia de Halloween. A maldade está na cabeça de quem transformou uma festa e uma brincadeira de criança, numa declaração de homofobia. E de quem ensina seus filhos que o diferente é para ser hostilizado ou ridicularizado. De quem perpetua uma sociedade machista, homofóbica e misógina onde um garotinho fantasiado de Daphne vira gay por ousar brincar.


Acesso em: 12/12/10





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