quinta-feira, 29 de outubro de 2015

ESTUPRO INFANTIL? 
A IMPORTÂNCIA DE "VER" E "DIZER"

É difícil para a maioria das pessoas imaginar um adulto tendo prazer sexual com uma criança, mas a realidade que nos cerca cada vez mais está mostrando como isso é real, doloroso e deixa marcas severas na vida dos envolvidos.
Algumas das frequentes perguntas que surgem a respeito do assunto com suas respostas podem ajudar a esclarecer algumas questões sobre o abuso sexual infantil.

Qual a definição de abuso sexual infantil?

Muitos pensam que abuso sexual infantil é ter uma relação sexual completa com uma criança, mas a definição é muito mais ampla do que isso. Podemos caracterizar o abuso como: tocar a boca, genitais, bumbum, seios ou outras partes íntimas de uma criança com objetivo de satisfação dos desejos; forçar ou encorajar a criança a tocar um adulto de modo a satisfazer o desejo sexual. Fazer ou tentar fazer a criança se envolver em ato sexual. Forçar ou encorajar a criança a se envolver em atividades sexuais com outras crianças ou adultos. Expor a criança a ato sexual ou exibições com o propósito de estimulação ou gratificação sexual. Usar a criança em apresentação sexual como fotografia, brincadeira, filmagem ou dança, não importa se o material seja obsceno ou não.

Quais são as principais estatísticas que existem sobre o assunto?

O número de crianças e adolescentes abusados sexualmente no Brasil é cada vez maior, mas só uma minoria apresenta queixa. Isso se dá devido ao grande trauma psicológico acarretado e também porque muitas vezes o abusador mantém algum grau de parentesco com a vítima, quando não é o próprio pai ou padrasto, o que gera medo de retaliação. As estatísticas brasileiras a respeito de abuso sexual infantil estão defasadas, faltam verbas, falta preparo de quem acolhe as denúncias, faltam mais pesquisas. Em 2008, o Disque 100 recebeu cerca de 25 mil denúncias. Em 2008, a SaferNet Brasil, uma organização de combate à pornografia infantil na internet, recebeu 42.122 denúncias sobre abuso. Assim mesmo, sem muitas estatísticas, os números são alarmantes, e têm crescido a cada ano por haver mais esclarecimento sobre o assunto, por haver mais divulgação, mas também pela maior possibilidade de acesso às crianças.

De que forma a criança pode demonstrar aos pais ou responsáveis que sofreu abuso?

Os principais sinais que a criança pode mostrar e podem ser observados pelos pais, professores ou outro cuidador da criança são: conhecimento ou comportamento sexual fora do esperado. Mudanças no comportamento como perda do apetite, pesadelos, medo de dormir, se afastar das atividades rotineiras. Afastamento dos amigos. Voltar a fazer xixi na cama. Chupar o dedo. Dificuldade de concentração na escola. Medo de alguma pessoa, ou pânico de ser deixada em algum lugar ou com alguém. Comportamento agressivo ou perturbador, delinquência, fuga de casa ou prostituição. Comportamentos autoagressivos. Irritação genital ou sangramento, inchaço, dor, coceira, cortes ou arranhões na área genital, vaginal ou anal.

Qual deve ser a postura dos pais?

Em primeiro lugar, não entrar em pânico. Muitas vezes, os pais já até tinham algum “pressentimento” sobre determinada pessoa, mas não deram a devida atenção à sua percepção. A criança pode ter medo de contar aos pais ou familiares, pois muitas vezes o abusador faz ameaças a ela ou aos seus queridos. Se a criança conseguir contar aos pais, atenção! Acreditem, dificilmente uma criança inventa histórias dessa natureza. Conforte a criança. Explique que não foi culpa dela. A culpa é do abusador e ele fez algo muito errado. Deixe a criança saber que você sente pelo que aconteceu. Fale a ela que você vai fazer de tudo para que isso não aconteça novamente. Leve a criança e a família para um aconselhamento ou terapia.

Quais as principais sequelas do abuso sexual infantil e como tratá-las?

As principais consequências são:

Confusão – A criança pode achar que é normal porque o abusador disse que é, mas é confuso por que ele também falou para não contar para ninguém.

Culpa – Por não ter feito nada para parar o abuso; porque às vezes podia sentir algo bom; sentia que recebia coisas especiais por fazer aquilo; acha que fez algo para que o abuso acontecesse; é tão má que mereceu o abuso.

Medo – De ter sofrido um dano físico irreparável; de ser descoberto pelos outros; de que só de olhar para ele saberão que é mau.

Raiva – Do abusador; de si mesma, por não parar o abuso, ou por gostar; do  pai/mãe que não a protegeu de ser abusada pelo pai/mãe; pode parecer uma criança passiva e submissa, mas está explodindo por dentro; pode descarregar sua raiva maltratando animais ou crianças menores

Perda da confiança – Nos pais; nos adultos.
Se isso aconteceu com alguma criança que você conhece, busque ajuda especializada. Leigos no assunto com frequência machucam mais do que ajudam.

Há exatamente uma semana, uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) causou rebuliço ao inocentar um homem acusado de estupro por se relacionar com uma menina de 12 anos de idade que se prostituía. Por cinco votos a três, os ministros decidiram que, se uma criança se prostitui há certo tempo, o cliente não pode ser considerado estuprador. O caso, ocorrido no estado de São Paulo, envolvia ainda outras duas adolescentes da mesma idade.
A sentença acompanhou voto da relatora do processo, ministra Maria Tereza de Assis Moura, para quem não houve violação da liberdade sexual das meninas – ela entendeu que, embora a priori, a lei classificasse como estupro qualquer relação com menor de 14 anos, nesse caso concreto, a presunção de violência foi relativizada mediante prova de que houve consentimento, interpretação amparada pela lei até 2009.
Como envolve menores de idade, o processo é sigiloso. A decisão foi publicada, em linhas gerais, no site do próprio STJ. De acordo com o que se lê no acórdão, “a prova trazida aos autos demonstra, fartamente, que as vítimas, à época dos fatos, lamentavelmente já estavam longe de serem inocentes, ingênuas, inconscientes e desinformadas a respeito do sexo”.
Após a publicação, houve protesto imediato de parla­­mentares que integram a Co­­missão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre a Vio­­lência contra a Mulher. Também suscitou críticas do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, que, indignada, pediu à Advocacia-Geral da União e à Procuradoria-Ge­­ral da República que estudem meios de reverter a decisão.
Após tamanha repercussão negativa, o presidente do STJ, ministro Ari Pargendler, admitiu que o tribunal pode voltar atrás. “O tribunal está sempre aberto para rever suas posições”, disse dias depois da decisão, mas sem especificar quando isso poderá ocorrer.
As advogadas Sandra Lia Barwinski e Mayta Lobo, especialistas na defesa dos direitos da mulher, da criança e do adolescente, condenam a decisão por relativizar um direito absoluto – a proteção a quem ainda não tem capacidade de tomar decisões importantes, como manter relações sexuais. Já a advogada Priscilla Placha Sá, que também atua na defesa dos direitos humanos, afirma que a decisão está amparada na lei. Acompanhe as entrevistas com as especialistas e a repercussão com leitores da Gazeta do Povo ao lado.
“Lei não pode retroagir em prejuízo do réu”
Há fatores, envolvendo a legislação, que tornam complexa a discussão do caso. A data em que ocorreu o fato julgado pelo STJ tem grande peso na decisão, de acordo com a professora de Direito Penal da Universidade Federal do Paraná Priscilla Placha Sá, que defende o posicionamento da corte.
Até 2009, havia no Código Penal, no artigo 224, a chamada “presunção de violência”, que admitia que toda relação com menores de 14 anos era violenta, independentemente de haver ou não algum tipo de agressão, já que fazer sexo com pessoas abaixo dessa faixa etária era considerado abuso.
A professora afirma que a lei, no entanto, permitia tanto interpretações no sentido de que a presunção é absoluta – o objetivo é criminalizar o ato, independemente de haver prostituição ou não – ou relativa, podendo deixar de existir caso uma prova seja apresentada. Neste caso, o consentimento foi provado pelo fato de as crianças se prostituírem há tempos.
Após 2009, a relação sexual com menores de 14 anos passou a ser considerada “estupro de vulnerável”, sem possibilidade de interpretações diferentes. A presunção hoje é absoluta. Porém, como o caso ocorreu antes da mudança e a lei não pode retroagir em prejuízo do réu, os ministros entenderam que era possível se valer do princípio da presunção relativa neste caso em particular.
Para Priscilla, o debate não deveria estar centrado apenas na culpa do acusado, mas na responsabilidade do Estado, sociedade e família, que falharam antes ao expor as crianças à situação de risco, ou nada fizeram para erradicá-la. Ela ainda defende que prender o homem não restaurará os direitos das meninas, tampouco reeducará o réu, tendo em vista “a situação deplorável e violenta das prisões no Brasil”.
“É fácil deslocar o olhar para o acusado e para a relatora da decisão. A questão é mais complexa e exige comprometimento de todos. A violação dos direitos humanos já aconteceu há muito e seria fácil colocar responsabilidade penal apenas no fim desta história”, finaliza.
Repercussão na web
Vários leitores opinaram no blog de Vida e Cidadania a respeito da decisão do STJ. Confira alguns comentários:
“De todos os absurdos vindos do Judiciário nos últimos tempos, sem dúvida esse foi o maior. Essa juíza julgou as meninas. Isso é descriminalizar a pedofilia.”
Aparecido do Nascimento Olinto
“Excelências de notório saber jurídico não sabem discernir uma criança de 12 anos de um adulto. Crianças não se prostituem, são usadas, exploradas. Elas não adoram o sexo, elas sofrem.”
Fernanda Aline Bernardi
“Segundo o raciocínio da ministra, se uma residência tiver sido invadida por assaltantes e ficar vulnerável ao acesso de outras pessoas que dela furtarem outros objetos, não estarão cometendo furto.”

As consequências do abuso sexual infantil

O que pode acontecer a uma criança que sofreu abuso sexual. O papel da família é essencial na recuperação física e emocional da criança que sofreu abuso sexual. A atenção que deverá proporcionar a esta criança não deve somente centrar-se no cuidado das suas lesões físicas, mas deve ser acompanhada por outros profissionais para dar-lhe também acompanhamento psicológico.
A criança que sofre ou sofreu algum abuso sexual sofrerá consequências a curto e longo prazo. O Manual de Prevenção do Abuso Sexual, publicado por Save the Children (Salvem as crianças), mostra as seguintes consequências:

Consequências a curto prazo do abuso infantil

- Físicas: pesadelos e problemas com o sono, mudanças de hábitos alimentares, perda do controle de esfíncteres. 
- Comportamentais: Consumo de drogas e álcool, fugas, condutas suicidas ou de auto-flagelo, hiperatividade, diminuição do rendimento acadêmico.

Emocionais: medo generalizado, agressividade, culpa e vergonha, isolamento, ansiedade, depressão, baixa auto-estima, rejeição ao próprio corpo (sente-se sujo).
Sexuais: conhecimento sexual precoce e impróprio para a sua idade, masturbação compulsiva, exibicionismo, problemas de identidade sexual.
Sociais: déficit em habilidades sociais, retração social, comportamentos antisocicias.

Consequências a longo prazo do abuso sexual infantil

Existem consequências da vivência que permanecem, ou inclusive podem piorar com o tempo, até chegar a configurar patologias definidas. Por exemplo:

Físicas: dores crônicas gerais, hipocondria ou transtornos psicossomáticos, alterações do sono e pesadelos constantes, problemas gastrointestinais, desordem alimentar.
Comportamentais: tentativa de suicídio, consumo de drogas e álcool, transtonno de identidade.
Emocionais: depressão, ansiedade, baixa auto-estima, dificuldade para expressar sentimentos.
Sexuais: fobias sexuais, disfunções sexuais, falta de satisfação ou incapacidade para o orgasmo, alterações da motivação sexual, maior probabilidade de sofre estupros e de entrar para a prostituição, dificuldade de estabelecer relações sexuais.
Sociais: problemas de relação interpessoal, isolamento, dificuldades de vínculo afetivo com os filhos.

Disponível em: http://esperanca.com.br/2010/04/22/abuso-sexual-infantil-supernecessario-saber/; http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/decisao-do-stj-sobre-estupro-infantil-e-exemplo-de-interpretacao-fria-da-lei-1u5bbmt4spar5znsqg3y39yry; http://br.guiainfantil.com/pedofia-e-abuso-sexual/365-as-consequencias-do-abuso-sexual-infantil.html. Acesso em: 29/10/2015.
Imagem disponível em: http://www.sindepolpb.com.br/noticia_detalhe.asp?id_noticia=4065. Acesso em: 29/10/2015.

domingo, 25 de outubro de 2015

TABLET NA SALA DE AULA

  


O uso da novidade em sala de aula traz vantagens e, ao mesmo tempo, deixa indagações. Enquanto isso, escolas que já adotam a ferramenta mostram que o tablet chegou para ficar.
No Centro Educacional Sigma, localizado em Brasília (DF), o uso do equipamento nas classes já é uma realidade. Um universo composto por alunos do 1º ano do ensino médio trocou os livros didáticos pelo aparelho, que traz o conteúdo do material impresso na versão digital. São 15 títulos disponíveis no tablet. “A implantação do projeto está sendo relativamente tranquila. Os alunos estão gostando muito porque é uma realidade mais próxima da realidade que eles têm em casa”, avalia Rogério Moraes de Carvalho, responsável técnico pelo projeto dos tablets no colégio, cuja clientela é formada por estudantes de classe média e classe média alta. Implantado neste ano, o projeto de utilização dos tablets pelos alunos deve passar por uma avaliação mais aprofundada, com foco no rendimento dos estudantes. Mas mesmo sem essa avaliação nas mãos, os professores têm notado uma empolgação maior dos alunos. “É uma motivação a mais para eles estudarem, porque o tablet não é como o livro, que é estático”, comenta Carvalho.
No Colégio Atual, que fica em Recife (PE), o tablet também está sendo adotado. No entanto, com algumas diferenças em relação ao Sigma. No Atual, são os alunos do segundo ciclo do ensino fundamental que estão levando a tecnologia para dentro da sala de aula. A função do equipamento também é outra. Os tablets não substituem o material didático, mas são usados de forma individualizada, como ferramenta de apoio com uma gama de opções: livro digital, lista de exercícios, laboratórios virtuais, simuladores, animações, filmes e jogos educativos. “Todo processo de implantação de qualquer nova estrutura na área pedagógica é sempre delicado. Mas a educação não poderia estar distante dos avanços tecnológicos, tem que se adaptar à realidade”, salienta Ana Elizabeth Alves Calábria, diretora da instituição. Em comunicado distribuído aos pais no final do ano passado, a direção do Colégio Atual afirma que a utilização dos tablets traz várias vantagens, como, por exemplo, intimidade com a tecnologia, mais mobilidade para os estudos e maior satisfação e desenvoltura na aprendizagem (leia mais detalhes sobre as escolas na página 19).
Transformação
A mudança que o tablet pode levar para o modelo de ensino é foco de estudos e pesquisas. Para muitos especialistas, o uso da ferramenta em sala de aula é algo inevitável. Entretanto, todos defendem a preparação dos docentes e a adequação de conteúdo para o uso da nova tecnologia.
Para o professor doutor José Armando Valente, pesquisador do Núcleo de Informática Aplicada à Educação (Nied) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a implantação dos tablets na sala de aula é positiva, mas, da forma como tem sido adotada nas escolas do Brasil, está complicada. “O currículo foi desenvolvido para o lápis e papel. Essa nova tecnologia modifica muito a forma como o conteúdo é trabalhado na sala de aula. É preciso se pensar num currículo da era digital”, considera. Valente acredita que o sistema educacional deve ser repensado, em termos de tecnologia. “Antes, para elaborar um gráfico de uma função matemática levava-se de duas a três aulas. Hoje, num click o gráfico está pronto. Como trabalhar com isso é a questão”, comenta.
O pesquisador critica a substituição do livro didático convencional pelo material digital. “Essa passagem está sendo feita de uma forma extremamente burra. Não adianta apenas entregar ao aluno os tablets com as apostilas. Deve-se pensar numa maneira da tecnologia contribuir para o processo de construção do conhecimento”, avalia.
Para preparar os educadores, Valente defende a adoção de um processo concomitante de formação, em que o docente utilize o próprio tablet e, ao mesmo tempo, trabalhe com o aluno em sala de aula. “É necessário que o professor seja desafiado pelo aluno, que tem mais familiaridade com essa tecnologia”, diz. E completa: “o professor não foi formado para essa dinâmica e, sim, para aquele modelo instrucionista, onde ele comanda a aula. O que essa nova ferramenta possibilita é uma abordagem construcionista, onde o aluno deixa de ser passivo e constrói a informação junto com o professor, que passa a ser mais um mediador”, analisa.
Estrutura
A falta de infraestrutura específica nas escolas também é um fator que dificulta a implantação de computadores e tablets. “Os prédios não estão preparados. Falta instalação elétrica adequada, pois a escola não foi pensada nem dimensionada para ter essa estrutura”, observa. Valente refere-se às redes pública e privada. “A escola, no geral, não foi projetada para ter essa tecnologia. A diferença é que na rede pública uma adaptação demora ainda mais”, acrescenta.
A consultora da Fundação Lemann, Ilona Becskeházy, acredita que a seleção do conteúdo para utilização notablet é um ponto crucial. “O que importa é a seleção de conteúdo relevante, instigante e alinhado com os objetivos pedagógicos em pauta, além de perguntas e atividades progressivamente desafiadoras para manter os alunos usando o cérebro, um dos principais objetivos perseguidos pelos estabelecimentos de ensino”, ressalta Ilona, que também é e colunista da Gestão Educacional (confira seu artigo sobre este tema na página 20).
Para Adriana Beatriz Gandin, diretora pedagógica do projeto “iPad na sala de aula”, o uso do tablet na escola “é fantástico, desde que haja um projeto de trabalho bem estruturado”. Para isso, é aspecto fundamental preparar o professor para o uso das novas tecnologias. “A utilização de recursos culturais de docentes e estudantes fará com que uma verdadeira parceria se forme e o interesse pelas aulas tenda a aumentar, pois os alunos se sentirão colaboradores e coautores e não apenas pessoas que recebem material para decorar. Consequentemente, o rendimento escolar tende a melhorar”, analisa Adriana.
Entre as possibilidades de uso dos tablets em sala de aula, ela elenca a utilização de inúmeros aplicativos para o trabalho com conteúdos específicos; a realização de vários tipos de apresentação; pesquisa na internet; elaboração de textos, fotos e vídeos; criação de projetos interdisciplinares e de conteúdos para blogs, entre outras.
Conheça as vantagens do uso do tablet na sala de aula
• Busca de informações e realização de pesquisas. Não somente na internet, mas também em jornais e revistas;
• Mobilidade: com o tablet é fácil organizar os alunos em grupos ou sentados em "roda", no chão ou em espaços abertos, fora da sala de aula. Não é necessário deslocar a turma para o laboratório de Informática;
• Facilidade de realizar registros: anotações, gravações de voz, filmagens etc.;
• Diminuição do peso das mochilas com uso de livros e textos digitais;
• Possibilidade de customização das aulas que podem ser construídas e organizadas de acordo com a realidade de cada série e turma;
• Segurança: o controle de acesso aos aplicativos e a sites pré-selecionados é mais facilitado do que em um computador;
• Salvamento automático, evitando perda de conteúdo;
• Diferentemente de desktops notebooks, o tablet não atrapalha o contato visual entre alunos e professor.

Desafios
Antes de introduzir o tablet em sala de aula, a professora da Universidade Federal do Paraná Gláucia da Silva Brito, especialista no uso de tecnologias no ensino, lembra que a escola precisa se planejar para não desperdiçar oportunidades. A familiaridade dos alunos com os recursos disponíveis pode ser tanto uma forma de prender a atenção para um conteúdo mais interessante quanto um motivo de dispersão e consequente perda de controle por parte dos professores.
Nos dois colégios, os professores monitoram constantemente o conteúdo acessado e a visita a redes sociais e sites alheios à aula é bloqueada. Especialistas, no entanto, afirmam que o processo exige menos repressão e mais planejamento, pois até as redes sociais como Facebook e microblogs como Twitter podem ser úteis no processo de aprendizado.
“É preciso se perguntar: como eu posso utilizar essa ferramenta para dar uma aula de Português, de Matemática ou de Física? Em quais atividades? Por quanto tempo? Antes de tudo, é preciso dominar o conteúdo e saber dar aula. É o conteúdo que vai fazer a diferença”, diz Gláucia, que defende o uso de tecnologia em sala de aula. “Os professores têm de ser professores de seu tempo.”
Professor precisa estar capacitado
Como a tecnologia dos tablets ainda é nova – os primeiros modelos surgiram em 2010 –, ainda há dúvidas por parte dos professores a respeito do potencial do equipamento em sala de aula. Para a coordenadora do curso de pós-graduação em Educomunicação da FAE Business School, Regina Luque, o principal obstáculo é a capacitação de professores, que muitas vezes não têm familiaridade com as tecnologias da informação e educação como um todo.
Sem a formação, diz a professora, desperdiça-se a oportunidade de aproximar o aluno do conteúdo através de uma ferramenta que ele domina e aprecia. “É algo semelhante ao que houve com a introdução do vídeo em sala de aula. O professor passa um filme, mas não sabe como utilizá-lo para ensinar a matéria. O equipamento vira apenas uma fonte de entretenimento e não de conhecimento.”
Com o papel do professor subestimado, corre-se o risco de que o processo seja uma mera migração do papel para a tela. “Não adianta somente substituir. É necessário ter um diferencial”, diz o diretor do Colégio Positivo Ângelo Sampaio, Celso Hartmann. “O professor tem de ser crítico, ter um papel ativo e ser constantemente treinado.”
Ao matricularem os filhos num colégio com essa proposta, os pais devem analisar sempre se o professor está capacitado – se consegue tirar dúvidas e possui um planejamento disponível – e se a escola lhe dá apoio para se aperfeiçoar. “O professor deve dominar tanto a parte técnica quanto a pedagógica. Deve saber usar o equipamento como usuário e também como professor”, diz Regina Luque.
Aprendizado passa por mudanças
Familiarizados com a tecnologia, os estudantes têm aprovado o uso dos tablets em sala de aula, embora ainda prefiram ler e escrever no modo tradicional. Nos colégios Positivo e Dom Bosco, que distribuem o aparelho para os alunos do ensino médio, a tecnologia é utilizada principalmente para a resolução de exercícios e nas aulas que exigem pesquisas de textos, como História e Língua Portuguesa.
Disciplinas consideradas “áridas”, como Física, ficaram mais interessantes e menos abstratas com a adoção de simuladores e vídeos.
Numa aula sobre velocidade, por exemplo, é possível inserir dados e observar um carro realizar diferentes movimentos em tempo real. “O aluno não apenas imagina, ele também projeta e interage com os conceitos”, diz o professor de Física do Positivo Jackson Milani.
É comum que o professor primeiro use os simuladores para depois explicar a matéria, o que faz com que os alunos observem o fenômeno antes de conhecer sua definição, muitas vezes abstrata quando explicada sem exemplos concretos. “A prática vem antes da teoria. Eles ficam fascinados”, diz Milani.
Um diferencial em relação ao computador é poder levar o equipamento para aulas ao ar livre, o que auxilia em lições sobre botânica, por exemplo. Também é possível pesquisar dados e responder a exercícios sem a necessidade de ir ao laboratório de informática ou esperar a aula acabar para iniciar as tarefas de casa.
“Com essa mudança, acredito que o modo de aprender vai passar por uma grande transformação. Aliás, essa transformação já está ocorrendo. Notamos que a participação e o interesse estão maiores”, diz o professor de Física e coordenador do Projeto Dom Digital, Raphael Corrêa.

Realmente, as vantagens em adotar esse tipo de equipamento no ensino, principalmente de crianças e adolescentes, são inúmeras. Neste post mostraremos as principais. Confira:

Aumento de produtividade

A maioria das crianças tem fácil acesso a tablets, smartphones e computadores desde cedo, ainda em casa. Rapidamente aprendem a lidar com esses dispositivos e adquirem profundo conhecimento sobre como esses aparelhos operam. Por isso, a utilização dessas ferramentas na sala de aula, como material de apoio aos estudos, pode aumentar muito a produtividade e o rendimento escolar.

Conteúdo mais didático e multimídia

Mecanismos tecnológicos, como os tablets, permitem converter livros, trabalhos, apostilas e provas em arquivos digitais que podem ser acessados e editados a qualquer momento e lugar, pois tudo se encontra arquivado em um mesmo local. Isso facilita bastante a vida dos estudantes. Pesquisar na internet ficou muito mais simples, encontrar trechos ou referências em um livro ou uma revista passou a ser mais ágil e o acesso a informações, inclusive em outros idiomas, mais fácil. A diversidade dos formatos — vídeos, fotos, jogos, gráficos, músicas, ilustrações animadas, conteúdo em 3D, atividades lúdicas — também desperta um maior interesse dos alunos e ajuda na compreensão de tema mais complexos.

Ótimo custo-benefício

Em um primeiro momento, comprar um tablet e custear um pacote de dados de internet pode parecer muito caro. Porém, se comparado aos custos dispendidos na compra anual de livros, cadernos e materiais escolares, esse valor parece consideravelmente mais baixo. Também vale considerar que o dispositivo vai ser utilizado para outras finalidades, o que deixa o custo-benefício ainda mais vantajoso.
Outro ponto importante a se destacar — e que, muitas vezes, passa despercebido — é a eliminação das pesadas mochilas escolares, uma vez que raramente será necessário carregar algum tipo de material impresso.

Promoção da interatividade

Com o auxílio dos dispositivos móveis, realizar trabalhos, montar apresentações, fazer vídeos e estudar em grupo tornam-se tarefas muito mais fáceis e prazerosas, porque todos podem levar seus livros e cadernos digitais para onde bem desejarem — inclusive locais ao ar livre!
A utilização dos tablets em sala de aula é uma inovação que veio para ficar e melhorar o ensino e a forma de aprender dos estudantes. Entretanto, não é um substituto dos livros, apenas um facilitador de conhecimento. E, por isso, é preciso harmonizar o convívio desses recursos, de modo que um não se sobressaia ao outro, uma vez que ambos são didaticamente importantes.

Que tipo de formação o professor pode buscar para aprender a utilizar pedagogicamente o tablet?

Não necessariamente o professor precise buscar formações externas para aprender a utilizar pedagogicamente um tablet e sim, estar aberto para a necessidade de transformações no seu perfil enquanto professor, uma mudança de postura diante do novo. Mudanças estas que passam pela prática, entendendo que não cabe mais a simples transmissão linear de conteúdos, que para transformar as informações em conhecimento é necessário uma predisposição para aprender a aprender, aprender continuamente para aumentar progressivamente o próprio conhecimento e mexer e desestruturar práticas engessadas. Isso significa que é necessário tanto que os professores como os alunos no cotidiano escolar, encontrem os seus próprios caminhos. Quanto mais “formatado” é o conhecimento que lhes chega, menos estarão desenvolvendo a capacidade de buscar esses conhecimentos, de “aprender a aprender”. Na prática podemos dizer que em um primeiro momento o professor precisa levantar os conhecimentos prévios e hipóteses da turma sobre determinados assuntos, ainda que superficial. Este processo dará base para que os alunos nas próximas aulas desenvolvam as habilidades de selecionar, analisar e compreender o que realmente for importante, tudo isso na prática e utilizando os recursos do tablet, estando preparados durante o processo para tomar decisões, produzir e gerar conteúdos.

CONFIRA A SEGUIR 24 ATIVIDADES PARA DESENVOLVER COM SEUS ALUNOS USANDO TABLETS:

1) TWEETDECK

Por meio desse aplicativo, os alunos podem ser responsáveis por uma conta comunitária no Twitter e monitorar diferentes correntes de tweets, hashtags e respostas, analisando quais são os fatores que contribuem ou não para a popularidade de um post.

 2) GOOGLE EARTH
Use um personagem de um livro estudado em sala de aula para traçar a rota de uma viagem fictícia. Um exemplo é o livro do escritor francês Júlio Verne, “A volta ao mundo em oitenta dias”.

 3) GOOGLE EARTH
Visualize as características específicas dos territórios espalhados pelo planeta a partir das imagens de satélite e analise quais fatores contribuem para a formação dessas formas.

 4) PREZI
Cansado do PowerPoint? Use o Prezi para elaborar apresentações midiáticas dinâmicas e de qualidade inovadora.

 5) YOUTUBE
Use aulas online disponíveis no YouTube para estudar temas como direitos civis e história da arte com professores das melhores universidades do mundo.

 6) DOWNCAST
Use podcasts para aprofundar os conhecimentos debatidos em sala de aula ou para estimular nos alunos a pesquisar por conteúdos diferenciados.

7) KHAN ACADEMY

Pratique matemática e outros conceitos de economia com os gênios da Khan Academy.

8) CAPTURENOTES 2
Use esse aplicativo para fazer anotações e gravar o áudio de aulas e discussões em grupo.

 9)SKITCH
Esse aplicativo permite que você avalie a credibilidade de um site, posts em blogs ou comentários em redes sociais.

 10)PEARLTRESS
Permite que você reúna conteúdos de sua preferência, fotos, e outras fontes. Você pode organizá-los e dividir com a sala.

11) WUNDERLIST
Ajuda você a planejar tarefas e outros projetos.

 12) GOOGLE DOCS
Salve documentos online para que qualquer um do grupo possa acessá-los e conferir textos, artigos, aulas e outros conteúdos complementares e de revisão.

 13) TWITTER
Fique conectado com mentores, especialistas e profissionais de sucesso por meio doTwitter.

 14) PINTEREST
Dentro de qualquer assunto você pode, de maneira colaborativa com a sala, reunir imagens e outras fontes para os conteúdos da sala.

 15) ICALENDAR
Use esse aplicativo para planejar provas, outras atividades e prazos de entrega.

 16) EVERNOTE
Mantenha controle daquilo que é feito em sala de aula ou do que é aprendido para poder revisar os conteúdos nas provas. Além disso, você também pode criar um portifolio digital.

 17) PULSE
Agregue, de maneira prática e eficiente, diferentes fluxos de informação na web que sejam do seu interesse.

 18) EDMODO
Fornece aos professores e alunos um ambiente seguro para se conectarem, colaborarem, dividirem conteúdos. Os estudantes também podem acessar as lições de casa, notas, debates em sala e outros avisos.

 19) GOOGLE DOCS
Crie um projeto de escrita colaborativa em que todos os alunos são envolvidos na confecção de um romance.

 20) YOUTUBE
Os alunos podem produzir vídeos de resumo e explicação daquilo que aprenderam durante o semestre ou sobre profissões que desejam seguir.

 21) INSTAGRAM
Colete evidências visuais de um problema (como o trânsito) ou evento usando o Instagram.

 22) GOOGLE MAPS
Demonstre como uma filosofia ou ideia é espalhada pelas diferentes culturas usando o Google Maps.

 23) VISUAL.LY
Crie infográficos que expliquem os conteúdos analisados em sala de aula e simplificam dados estatísticos.

24) DIPTIC
Crie uma foto-colagem que demonstre o impacto de determinado evento, como a poluição, uma guerra ou eleições.

Disponível em: http://www.escoladailha.com.br/index.php?acao=noticia&idHome=70&nid=298; http://www.gazetadopovo.com.br/educacao/tablets-invadem-a-sala-de-aula-7n1n3j1vzc238fvwwry9ljt5a; http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2012/06/14/942594/24-maneiras-utilizar-tablets-em-sala-aula.html; http://www.qinetwork.com.br/4-vantagens-do-uso-de-tablets-nas-salas-de-aula/; http://pedagogiaa28.blogspot.com.br/. Acesso em: 25/10/2015.
Imagens disponíveis em: https://escolagirassolblog.wordpress.com/tag/tablet/; http://www.abcdoabc.com.br/santo-andre/noticia/alunos-santo-andre-recebem-tablets-4853; http://orsm.com.br/o-que-a-escola-deve-fazer-para-se-adaptar-ao-uso-de-tablets/. Acesso em: 25/10/2015.