sábado, 19 de setembro de 2015

O QUE É A GORDOFOBIA?


O policiamento dos corpos e a imposição de um padrão de beleza é um problema que atinge todas as pessoas. A indústria dos cosméticos está sempre em busca de expandir seus horizontes, procurando bombardear cada vez mais características físicas como sinônimo de feiura. As regras variam tanto de modo quanto intensidade de acordo com a idade, gênero ou raça da pessoa: diz-se indesejável a presença de rugas, espinhas, cicatrizes, celulites ou estrias; são oferecidos serviços de depilação a laser, implante capilar ou até clareamento de pele nas partes mais inimagináveis do corpo. Uma das características tidas como mais abomináveis para a manutenção da aparência é a gordura: a magreza excessiva é incentivada desde a mais tenra idade e a intolerância contra pessoas gordas é um problema sério.

Não é necessário nenhum esforço extraordinário para compreender a gordofobia; a própria palavra sugere um acentuado desconforto e sentimento de repulsa contra pessoas gordas. Tal postura é tão enraizada em nossa cultura que a maioria das pessoas imediatamente remete pensamentos gordofóbicos às mais variadas imagens e situações: por exemplo, acham inaceitável uma mulher gorda vestir roupas justas ou frequentar a praia de biquíni; sentem desprezo por um homem obeso que come prazerosamente na praça de alimentação do shopping. Há um vasto leque de imagens negativas que demonstram como pessoas gordas são percebidas na sociedade, quase sempre representadas como desagradáveis e repulsivas.
Para as mulheres, é excepcionalmente difícil ser gorda em meio ao culto dos corpos magros sem odiar a si mesma ou ser odiada. Não gostar de si mesma já é praticamente uma exigência social para toda mulher, cujo valor é inteiramente atribuído à sua aparência; o que dizer então para as mulheres gordas. São aconselhadas uma infinidade de modificações corporais e recomendadas centenas de dietas especiais. Para aquelas que sempre foram “gordinhas” desde a infância, é incrivelmente comum crescer com ódio internalizado de si mesma: são muitos anos de bullying e cobranças sociais, que acontecem não apenas no ambiente escolar, como também na televisão, nas revistas, nos círculos sociais de amizades ou no núcleo familiar. Dificilmente uma criança gorda não ouvirá de seus próprios parentes que é preguiçosa, come demais e precisa “se cuidar”. A pressão para emagrecer é gigantesca de tal modo que é muito improvável uma pessoa gorda não ter um histórico de transtornos alimentares ou problemas psicológicos causados pela autoestima severamente prejudicada.
As pessoas gordas vivem cercadas de barreiras extremamente fechadas pela viligância alheia, sempre atenta ao que devem vestir, comer ou como devem se comportar. O número na balança é quase diretamente proporcial à quantidade de proibições; os cerceamentos são tantos que, não raramente, as pessoas gordas passam a acreditar que são essencialmente inferiores e incapazes. Atividades simples como sair de casa, nadar, dançar ou fazer compras, bem como tantas outras atividades prazerosas do dia a dia, são deixadas de lado por humilhação e vergonha. Se relacionar afetivamente se torna uma missão quase impossível; sexualmente, então, nem pensar.
Mesmo para quem rejeita o ódio internalizado, a batalha diária travada contra tantos estigmas e repúdio da sociedade é árdua. É culturalmente inimaginável que uma pessoa obesa possa demonstrar o menor sinal de auto-aceitação ou amor próprio. A mídia e a indústria não só dá às pessoas a sensação de direito de inferiorizar pessoas obesas ou fora do padrão, como também instiga o ódio internalizado; tudo sob a pretensão de “preocupação com a saúde”. Toda refeição é transformada em oportunidade para constranger pessoas gordas, que são lecionadas sobre o que elas têm direito de comer para ficarem magras – o que é presumivelmente o maior objetivo da vida de toda pessoa gorda.
A maior quantidade de gordura não significa necessariamente menos saúde; há até mesmo pesquisas atuais que sugerem o efeito contrário em algumas situações (leia aqui, em inglês). É importante observar que sedentarismo e má alimentação não estão necessariamente associados à obesidade, havendo uma infinidade de pessoas gordas ativas e saudáveis, além de pessoas magras com a saúde potencialmente debilitada por diversos fatores. Além disso, muitas pessoas não percebem a falta de coerência quando dizem se preocupar com a saúde alheia, a começar pelo fato de que não existe um medidor universal de saúde. Há infinitas dificuldades médicas que uma pessoa pode enfrentar e não existe fórmula mágica pra calcular com exatidão a “quantidade”, ou mesmo a “qualidade” da saúde de alguém. Enquanto manter uma alimentação saudável e praticar exercícios físicos pode ser uma boa medida para prevenir ataques cardíacos, humilhar uma pessoa não vai atenuar em nada sua saúde psicológica ou emocional. O único modo de verificar a saúde de alguém é realizando exames extensivos e tendo os resultados avaliados por alguém profissional, que deverá dizer onde exatamente a saúde está falhando. Não se pode concluir o estilo de vida de uma pessoa baseando-se unicamente no seu corpo, ou mesmo deduzir que esse seja uma representação da sua saúde ou qualidade de vida.
É também papel do feminismo combater esse discurso de ódio e má fé disfarçado de preocupação com o bem estar; é necessário lutar contra a imposição de padrões, seja de aparência, roupas ou comportamentos. Cuidar de si mesma e amar outras pessoas significa não constrangê-las e envergonhá-las. Ninguém jamais deveria impôr à outra pessoa, não importa quem seja, nenhum tipo de roupa, alimentação ou comportamento. Faz-se extremamente necessário o empoderamento das pessoas gordas na sociedade e é nosso papel, como seres humanos, colaborar com o importante processo de valorização e reconstrução de autoestima que elas merecem. Todas as pessoas devem ter o direito de viver plenamente.
Segundo dados de 2009 do IBGE, 12,4% de homens e 16,9% de mulheres brasileiros sofrem de obesidade.
A obesidade é uma doença multifatorial caracterizada pelo excesso de gordura no corpo – 30% nas mulheres e 20% nos homens. Estes fatores podem ser genéticos, biológicos (alterações metabólicas), ambientais, evolutivos e comportamentais.
“Ainda que com menos intensidade do que se imagina, os fatores psicológicos ou psiquiátricos aparecem na maioria dos casos”, esclarece Adriano Segal, psiquiatra do Ambulatório de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo e diretor do Departamento de Psiquiatria e Transtornos Alimentares da ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da obesidade e Síndrome Metabólica).
Sonia* é uma frequentadora do grupo de apoio Comedores Compulsivos Anônimos (CCA). Em reunião acompanhada pelo Delas, ela se levanta e conta que uma depressão profunda, depois que perdeu os pais, a fez engordar muito mais -- e em pouco tempo. O excesso de peso prejudicou todas as suas tentativas de conseguir emprego.
“Minha vida andou para trás”, ela diz.
Conta que um primo se mudou para a casa onde vivia com os pais e passou a agredi-la verbalmente. Em pouco tempo, a convivência tornou-se insuportável. Dentro de casa, era chamada de gorda, de inútil. Na rua, idem.
“Levei todos os meus problema para a comida”.
Endividou-se no cartão de crédito por conta de gastos com padaria e supermercado. A questão financeira virou uma bola de neve. Retornava à irmandade depois de dois anos afastada. Estava no limite.
“Sei que nasci com a estrela que não brilha, não casei nem tive filhos. Mas quero parar de sofrer”. Espera que, agora que conseguiu voltar a frequentar o grupo, as coisas comecem a mudar.
IMC e salário
Uma pesquisa da empresa de recrutamento Catho Online com profissionais de alta gerência apontou que, dos 16 mil entrevistados, 59,1% admitiram ter algum tipo de objeção na hora de contratar funcionários obesos. E cada ponto a mais no Índice de Massa Corporal (IMC), que determina o equilíbrio entre peso e altura, representa R$ 92 a menos no salário em relação aos salários de colegas mais magros.
Julia Baptista
Simone Fiúza, 25 anos, foi vetada em um concurso de miss por seu peso















Simone tem 25, é modelo, sempre usou as roupas que quis, não tem qualquer problema de saúde – relacionado ao peso ou outro – faz exercícios físicos regularmente, drenagem linfática e cuida da alimentação. É linda, loira e de bem consigo mesma. Mas isso não a impediu de passar por situações discriminatórias.
Uma vez tentou ser Miss ABC. Como no regulamento não havia nenhuma restrição relacionada a medidas, tentou se inscrever no concurso, mas não conseguiu. Questionou a organização, não teve resposta. No ano seguinte, o regulamento foi modificado e uma série de informações sobre o manequim e as medidas máximas permitidas para os participantes foram incluídas.
Em outra situação, Simone teve de recorrer à policia e fazer um boletim de ocorrência. Entrou em uma loja para comprar uma blusa. “Não tem nada para você”, disparou, logo de cara, a vendedora. Pediu para falar com a gerente, que riu da sua situação. Simone não teve dúvidas, ‘catou’ um PM na rua, fez queixa e registrou um B.O.
“No mínimo, elas vão pensar duas vezes antes de fazer isso de novo com alguém”.
Apesar de pontuais, atitudes como a de Simone ajudam a desatar um pouco o nó da trama formada pelo preconceito e discriminação.
Preconceito em família
Tábata Vieira, atriz e promotora de eventos de 29 anos, não é uma comedora complusiva, como Sonia*. Seu problema são outros transtornos alimentares. Durante toda a adolescência, sofreu de ansiedade e anorexia. Aos 12 anos, começou a fazer qualquer dieta que aparecesse na frente.
“Eu tive um ‘estado’ magra, porém nunca soube que eu era magra, nunca me senti magra. Chegou aos 55 quilos, com 1,77 de altura. Ainda assim se sentia gorda".
Um dia, uma amiga, que ela considerava bem magra, experimentou e não coube em uma calça que Tábata vestia facilmente.
“A partir daí fiquei com medo de engordar e de emagrecer”.
Além de toda pressão interna, Tábata também sofreu com cobranças externas, principalmente em casa. Mesmo sendo de uma família com histórico de sobrepeso, a promotora de eventos enfrentou preconceito dentro da própria família.
“Meu pai sempre criticou muito a gente [Tábata e o irmão], não queria que fôssemos gordos. Me chamava de ‘sua gorda’ ”.
Quando emagreceu, no entanto, as provocações não desapareceram: apenas o tema da crítica mudou e passou a ser sua magreza exagerada.
TV Globo/Raphael Dias
Perséfone, vivida por Fabiana Karla, ouve desaforos disfarçados até da melhor amiga
Estigma
“O estigma e o preconceito aos quais indivíduos com excesso de peso são expostos são fortes fatores de estresse”, acrescenta Segal. “E isso vem acontecendo cada vez mais intensamente e em relação a pessoas cada vez menos obesas”, acrescenta.
Fatores de estresse podem desencadear quadros psiquiátricos variados, de acordo com a suscetibilidade individual. Estados depressivos, ansiosos, além de transtornos alimentares estão entre os mais frequentemente associados ao excesso de peso.
Autora de “Obesidade: o Peso da Exclusão” (EDIPUCRS, 2002), a professora da Fundação Universidade Federal das Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Lúcia Marques Stenzel, explica a lógica da discriminação.
“Quanto mais rejeitamos a obesidade e idolatramos a magreza, mais produzimos problemas relacionados à alimentação, incluindo a própria obesidade”, diz. “O obeso, além de discriminado pela sua condição física, é cobrado para que ‘se transforme’, para que se adapte aos padrões estéticos”.
A cobrança pode vir inclusive dos amigos. É o que acontece com Perséfone: ao contar para a amiga (magra) que foi pedida em casamento, ouve de Patricia, vivida por Maria Casadevall: "quem sabe agora você se anima a fazer um regime".
Inconformado com a atitude de um policial militar do Distrito Federal que usou sua página pessoal em uma rede social para disparar agressões e xingamentos contra as quatro misses quetiraram fotos de lingerie em frente ao Congresso Nacional na semana passada, um grupo de internautas aderiu a uma campanha online contra a gordofobia. Na manifestação virtual, mulheres, homens e até crianças publicam “selfies” com o dedo indicador nos lábios, pedindo silêncio para o preconceito. O gesto é o mesmo que as modelos fizeram quando foram fotografadas em Brasília.
Comentários postados por policial do Distrito Federal sobre manifestação de modelos plus size em Brasília (Foto: Vanusa Lopes/Arquivo Pessoal)Comentários postados por policial do Distrito Federal sobre manifestação de modelos plus size em Brasília (Foto: Vanusa Lopes/Arquivo Pessoal)Os internautas tomaram a medida depois que o policial militar publicou textos chamando as misses de "saco de toucinho", "quarteto bacon", "leitoas" e "criaturas bizarras". A publicação do PM foi apagada pouco depois, mas centenas de usuários copiaram a imagem e divulgaram mensagens de repúdio pela própria rede.As primeiras imagens pedindo silêncio contra o preconceito foram postadas na semana passada. Segundo a miss Plus Size de Rio Preto e Região, em São Paulo, Evelise Nascimento, a campanha partiu da vontade de diversas pessoas, entre amigos, familiares e até de desconhecidos, de demonstrar repúdio às palavras do policial e de pessoas preconceituosas. Ela afirma que ficou chocada e chegou a chorar quando leu a publicação do homem.“Já sofri todo tipo de preconceito, mas as palavras que ele usou foram muito fortes, principalmente quando compara a gente a um saco de toucinho ou quando diz que mulheres gordas são anomalias”, diz. “Fiquei muito impressionada pelo modo como ele escreve. Se percebe que ele não é uma pessoa ignorante, sem cultura. Fiquei chocada em ver até onde vai o preconceito de uma pessoa.”A juiza Ana Paula Damasceno ao lado da miss Plus Size DF, Janaína Graciele (Foto: Facebook/Reprodução)A juiza Ana Paula Damasceno ao lado da miss Plus Size DF, Janaína Graciele (Foto: Facebook/Reprodução)
Uma das primeiras a postar o autorretrato fazendo o símbolo de “psiu”, a juíza arbitral Ana Paula Damasceno, diz que desafiou dezenas de amigos a fazerem o mesmo. Segundo ela, mais de 4 mil pessoas haviam participado do ato até as 10h desta terça.
Ana Paula afirma que se entristece ao ser xingada pelos 40 kg adquiridos por conta de uma doença rara. “Li na matéria que o policial militar que fez os ataques tem uma doença degenerativa, muscular. Eu também tenho, mas nem por isso saio atirando calúnias ou difamando pessoas.”
Publicação feita nas redes sociais contra a gordofobia (Foto: Facebook/Reprodução)
Publicação feita nas redes sociais contra a
gordofobia (Foto: Facebook/Reprodução)
“O gordo não é gordo porque só come. Eu tomo corticóide e imunossupressores todos os dias, não posso fazer atividade física por conta da doença. A gente sempre tem que ter o cuidado antes de falar para não generalizar.”
Participante do grupo BSB Plus Size, que faz ações voltadas ao público "gordinho" na capital, a administradora Viviane Ferreira diz que recebe com frequência agressões de pessoas desconhecidas pela internet.
“Temos ouvido muito preconceito, muita discriminação, pelo simples fato de sermos gordas. São ofensas, calúnias, difamações, humilhações. Hoje acordei com uma mensagem às 5h da manhã de uma pessoa que eu nem conheço dizendo que eu não era tão linda quanto eu pregava, que eu deveria fechar minha boca e emagrecer porque só é gordo quem quer”, diz.
“Ninguém critica as mulheres peladas que correm peladas no sul [em Porto Alegre], porque elas são magras. Aliás, pelo contrário, as pessoas elogiam. Então eu realmente gostaria de entender o que leva as pessoas a terem ódio de quem elas nem conhecem, de quem nem se importam, simplesmente porque são gordas. Qual o motivo?”
Campanha nas redes sociais em protesto contra xingamentos de PM  (Foto: Facebook/Reprodução)
Campanha nas redes sociais em protesto contra
xingamentos de PM (Foto: Facebook/Reprodução)
Polícia vai apurar
Nesta segunda-feira, a Polícia Militar afirmou ser contra qualquer manifestação preconceituosa e que apoia diversas iniciativas de combate ao preconceito. "A Corregedoria da PMDF apura se o perfil é realmente de um policial militar. Caso seja provado que a autoria é de um integrante da corporação, o fato será apurado de acordo com a lei", diz trecho.

G1 ligou para o 28º Batalhão, no Riacho Fundo, onde o policial é lotado, e foi informado de que o militar está de licença médica devido a uma doença muscular degenerativa. A reportagem deixou contato telefônico com o responsável e pediu que o PM entrasse em contato, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.
O ato das misses foi realizado em protesto contra a gordofobia, depois que duas delas ouviram do recepcionista de um hotel da capital que não caberiam juntas em uma cama de casal, no início da semana passada.
A carioca Izabel Alvares não esperava ganhar o MasterChef e só começou a perceber que teria chance na penúltima prova, quando escolheu um peixe-sapo para cozinhar. Mesmo quando voltou da repescagem, após ser eliminada por uma massa de lasanha, isso não passava muito pela sua cabeça. “Depois que voltei, só queria aproveitar o momento, não pensava se chegaria ou não à final”, afirmou em entrevista exclusiva ao Terra .
A produtora de eventos garantiu vaga no reality depois de preparar uma massa de ravióli com gema para os jurados nas primeiras fases de eliminação. Jacquin, Fogaça e Paola se impressionaram com suas técnicas na cozinha e deram um avental para a carioca. Izabel venceu 4 provas individuais até chegar à final.
Izabel posa com prêmio de primeiro lugar

A produtora de eventos disse que não sabia o resultado da prova até a madrugada dessa quarta-feira (16), mesmo com o programa tendo sido gravado há dois meses. Sobre os spoilers que davam conta de que ela seria a vencedora, garantiu: “o pessoal podia falar o que quisesse, mas a chance de um ou de outro era de 50%”. Durante a entrevista, ela rebateu a fama de chorona. “Eu não sou assim. A tensão do programa me levou a isso.”
Também falou sobre o fato de passar a ter seguidores nas redes sociais. “Tem gente muito carinhosa, mas também percebi que existe mesmo a gordofobia. Nunca tinha passado por bullying por causa disso”. Confira abaixo trechos da entrevista! 

Terra – Foram divulgados spoilers dando conta que você era a vencedora do programa. Você sabia do resultado antes? 
Izabel Alvares – Não, só soube ontem. O pessoal fala o que quiser e a chance de acertar era de 50%. Mesmo porque a disputa com o Raul foi muito acirrada mesmo.

Terra - A gravação foi há dois meses, o que fez nesse período? 
Izabel Alvares – Aproveitei para me divertir, participar mais das redes sociais, dar um feedback para os fãs, porque com o programa ganhei muitos seguidores. Muitas vezes, repassava a prova na minha cabeça.

Terra – Você respondeu alguns seguidores que se manifestavam sobre o fato de estar acima do peso. 
Izabel Alvares – Respondi mesmo, não quis ficar quieta. Escreviam coisas assim: ‘como pode ter namorado se é gorda’. Nas redes sociais, há pessoas muito gentis e outras que aproveitam apenas para falar mal de você. Descobri que realmente existe a gordofobia. Não sabia que isso era tão forte. Muita gente acha que quem é gordo é desleixado e sujo. Nunca tinha sofrido esse tipo de bullying na minha vida. Mas foi ótimo ter respondido, vários comentários disseram que “sambei” na cara dessas pessoas. 

Terra – Quando começou a cozinhar? 
Izabel Alvares – Comecei ao 12 anos, mais ou menos. Minha mãe não cozinha nada e não tinha tempo. Os dois são artistas. Meu pai cozinha muito bem, mas vive viajando a trabalho, ele (Eduardo Alvares) é tenor. Quando voltava, preparava alguns pratos que tinha aprendido nos países, como Itália e Alemanha. Comecei a aprender assim e também a me virar para fazer o trivial, como ovos mexidos. Tenho 31 anos, ou seja, faz quase 20 anos que cozinho, inclusive em casa, para mim e para meu “namorido”. Mas sempre fui cozinheira de bandeja de supermercado. Comprava carne já cortada. Se me perguntasse onde ficava o filé mignon do boi, eu não saberia responder

Terra – Você treinou durante o programa? 
Izabel Alvares – Sim, estudei muito em casa, principalmente a filetar peixe, coisa que nunca tinha feito.
Terra – Fez lasanha novamente após a eliminação? 
Izabel Alvares – Não fiz. Eu gosto de fazer massa e a da lasanha é igual a do ravióli, mas não é dobrada. Nunca tinha feito a de lasanha. A Paolla (Carosella, jurada do programa) disse que a massa tinha de ser fina, mas aí ficou muito fina e grudada.

Terra – Por que escolheu os pratos de porco para a final? 
Izabel Alvares – Quis resgatar minha raiz mineira. Meu pai é a primeira geração que foi para o Rio de Janeiro. Então, peguei o livro de receitas de minha bisavó, que hoje está com minha avó, e fui vendo o que dava para fazer. Com a ajuda dela, escolhi comidas que lembravam minha vida, minha família. Por isso, o pão de queijo , o purê, a sericaia de sobremesa.

Terra – Não teve medo de que os três pratos de porco poderiam ser pesados? 
Izabel Alvares – Isso não passou pela minha cabeça. Gosto de comida pesada em geral, mas todas as receitas foram balanceadas com ingredientes mais leves. Na entrada, tinha geleia de goiaba (foi pão de queijo com costela de porco desfiada). Para a bochecha de porco, tinha o purê e flor de erva-doce; na sericaia (sobremesa), era apenas uma espuma de bacon. Fiz porções pequenas, para não empapuçar. A carne de porco não é pesada. Com técnica, qualquer prato pode ser bem leve.

Terra – Fez um treinamento antes da final? 
Izabel Alvares – Apenas uma vez, porque tivemos só dois dias para fazer o prato da final. Tentei cronometrar o tempo em casa, mas estourei um pouco. Estava bem organizada na final e isso me ajudou.

Terra – Você vai estudar na escola Cordon Bleu, de Paris . Sabe falar francês? 
Izabel Alvares – Uma palavra, apenas. Pode colocar aí que a Izabel procura patrocinador para um curso de francês.

Eliminada na prova da Lasanha, Izabel voltou ao reality em repescagem
Eliminada na prova da Lasanha, Izabel voltou ao reality em repescagem

Terra – Falou com a Elisa Fernandes, vencedora do primeiro MasterChef e que fez o curso na França? 
Izabel Alvares – Encontrei com ela num restaurante quando o programa estava no ar, mas foram dois minutos. Ela disse que estava torcendo por mim. Ontem, não a vi na Band.

Terra - Se fosse dona de um restaurante, quem levaria para trabalhar com você e quem não levaria? 

Izabel Alvares – A Larissa, que saiu logo no começo; o Raul, por causa do tempero; a Jiang, pela organização, e a Sabrina que sempre está disposta a ajudar. Difícil falar quem não levaria, mas o Cristiano, porque ele não gosta de mim e não dá para trabalhar com quem não gosta da gente; e acho que o Lucas, por causa da desorganização.

Terra - Qual foi o momento mais tenso do programa depois da repescagem? 

Izabel Alvares – Foi no dia de replicar o prato do Fogaça, o lombo de cordeiro com purê aligot (de batatas com queijo). Ficamos eu e o Fernando, que acabou eliminado.

Terra - Qual a dica para alguém que queira se candidatar ao próximo MasterChef? 
Izabel Alvares - Estude muito, cozinhe comida do dia a dia, não só quando é aniversário de casamento. Faça arroz, feijão, pão, comida que leva muito tempo para ser feita. Cozinhar é uma coisa muito séria.

Terra – Qual o pior erro que alguém pode cometer na cozinha? 
Izabel Alvares - Não provar a própria comida. É preciso provar o tempo inteiro. É um conselho que recebi de uma amiga chef, quando estava no programa: se provou e achar que estiver bom, tempere um pouquinho mais. Assim a comida fica com vida.

Izabel não contém as lágrimas na final do MasterChefTerra – Você chorava muito e todo mundo comentava isso. É chorona na vida real? 
Izabel Alvares – Eu não choro assim, mas estava muito nervosa. Meu namorido me acalmava e falava que era um momento, que a tensão do programa me deixava assim, mas o choro não me define. Eu não sou assim.
Terra – Já pensou o que vai fazer com os R$ 150 mil que ganhou? 
Izabel Alvares – Vou devolver um pouco para o namorido, que me sustentou nesse tempo em que não trabalhei para participar do programa. O resto vou guardar. Quero seguir a carreira, estagiar em restaurantes e depois que voltar de Paris pensar em algum negócio meu.

A campeã da segunda edição do reality show comemorou com o namorado
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Raul e Izabel na final do programa
Raul e Izabel na final do programa
Foto: Lucas Ismael / Band
Izabel posa ao lado dos jurados Paola Carosella, Henrique Fogaça e Erick Jacquin




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Disponível em: http://blogueirasfeministas.com/2012/09/gordofobia-um-assunto-serio/; http://delas.ig.com.br/comportamento/gordofobia/n1597613176098.html; http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2014/11/internautas-pedem-psiu-gordofobia-apos-ataque-de-pm-contra-misses.html; http://diversao.terra.com.br/tv/masterchef-descobri-que-existe-a-gordofobia-diz-a-vencedora-izabel,3ed2c23873e24db9dd9c00670df08f1farsozjwk.html; http://diversao.terra.com.br/tv/masterchef-brasil-izabel-e-a-vencedora-da-2-edicao-do-reality,f8898b4cdc2dddc6b2ce7d01bd043ac4wvsswv0c.html. Acesso em: 19/09/2015.

Imagens disponíveis nos sites citados e em: http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2014/11/contra-gordofobia-misses-protestam-de-lingerie-em-frente-ao-congresso.html. Acesso em: 19/09/2015.

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