terça-feira, 29 de setembro de 2015

COMO EVITAR O DESPERDÍCIO?

    


Um terço de toda a comida produzida no mundo vai para o lixo. Há perdas no campo, no transporte, no armazenamento e no processo culinário. Por outro lado, 870 milhões de pessoas vivem na insegurança alimentar. Todos os dias, uma de cada oito vai dormir com fome. Reduzir o desperdício pode mudar essa equação, porque o problema da fome não é a falta de alimento. É a falta de gestão pública e privada. Cada um pode fazer sua parte para uma balança mais justa.


Os brasileiros desperdiçam comida. Muita comida. Metade de tudo que é produzido. Estados Unidos, Europa, países ricos em geral, não ficam muito atrás. Nem os mais pobres. Na média mundial, segundo estimativa da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), um terço dos alimentos se perde. A diferença é que, nos países pobres, o problema acontece no início da cadeia produtiva, por falta de tecnologia e dificuldades no armazenamento e no transporte. Já nos países ricos, a situação se agrava nos supermercados e na casa do consumidor, acostumado a comprar mais do que precisa. "O Brasil sofre nas duas pontas, porque tem tanto aspectos de países ricos quanto de países pobres. Daí a perda ser maior. Ocorre desde a colheita, passando pelo manuseio, transporte, central de abastecimento, indústria, supermercado e consumidor", detalha Helio Mattar, presidente do Instituto Akatu - Pelo Consumo Consciente.

Dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) contabilizam em 10% o desperdício das frutas e hortaliças ainda no campo e indicam que a maior perda está no transporte: 50%. Mas, se o alimento chega machucado, aí é motivo de mais descarte. No Brasil, 58% do lixo é de comida. "O planeta produz o suficiente para alimentar 12 bilhões de pessoas, mas quase 900 milhões vivem em insegurança alimentar - comem num dia e no outro não. Como acabar com isso? Reduzindo o desperdício", defende o presidente do Akatu. "Se metade do que é perdido deixasse de ser, teríamos o dobro de alimento nas gôndolas e o preço cairia. E mais pessoas teriam acesso."

Os números são eloquentes e escandalosos, embora fiquem camuflados por causa de velhos hábitos de consumo. Nacionalmente, fazem parte desse desperdício, por exemplo, um volume de talos e cascas que não são usados (e poderiam ser), folhas e frutas machucadas e sobras de pão, café, arroz e feijão.

Há uma gênese cultural para tanto. "O brasileiro sempre teve mesa farta pelo fato de viver num país tropical, onde tudo dá. E não está acostumado a aproveitar integralmente o alimento. Veja se em Portugal se jogam fora as vísceras do porco? Ou a cabeça do bacalhau?", protesta Carlos Dória, do Centro de Cultura Culinária Câmara Cascudo, em São Paulo. O estudioso da alimentação se lembra dos peixes e caramujos desprezados no Ceagesp simplesmente por falta de mercado - a população não os considera comestíveis. "O chef Alex Atala fez um menu interessante com esse ‘refugo’ e provou que o menosprezo é fruto de muito preconceito na cozinha", diz. Ou seja, dá para avançar mais em busca do equilíbrio dessa balança. O Instituto Akatu oferece até um incentivo econômico. Com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os pesquisadores da ONG fizeram a seguinte conta: uma família média brasileira gasta 478 reais mensais para comprar comida. Se o desperdício de 20% de alimentos deixasse de existir em casa, 90 reais deixariam de ir para o ralo. Guardando esses 90 reais todos os meses, depois de 70 anos (expectativa média de vida) a família teria uma poupança de 1,1 milhão de reais.

"Precisamos planejar melhor o cardápio, só comprar o necessário, não nos deixar levar pelas ofertas, cozinhar integralmente os alimentos. E ter uma nutrição adequada. O sobrepeso é outra forma de desperdício", aponta Mattar. De acordo com o Ministério da Saúde, 50% da população nacional está acima do peso. Nos EUA, 70%.

PEGADA DE CARBONO
"Reduzir em 30% o desperdício significa ainda diminuir em 30% o uso de terra, defertilizantes, de agrotóxicos e de sementes", diz Ricardo Abramovay, professor titular do departamento de economia da Universidade de São Paulo. Em abril, o primeiro estudo da FAO sob a perspectiva ambiental revelou que tanto descarte é uma oportunidade que se perde não apenas do ponto de vista da segurança alimentar de mais pessoas como também para mitigar o impacto ambiental.

O desperdício de alimentos é um assunto muito grave e importante para ser discutido. Com o aumento da população mundial, a produção em massa também cresceu para tentar suprir essa demanda. Mas segundo um relatório, se continuarmos produzindo e vivendo tendo como base o modelo de consumo atual, não haverá alimento e água no futuro para todos e a disputa pelos recursos entre países vai se acirrar cada vez mais.
E por mais contraditório que pareça, segundo o relatório Estado da Insegurança Alimentar no Mundo 2012, cerca de 13 milhões de brasileiros passam fome ou sofrem de desnutrição, enquanto que 30% de toda a produção agrícola é desperdiçada. E segundo pesquisa do Instituto de Engenharia Mecânica do Reino Unido (IMechE), quase metade da comida produzida no mundo é jogada fora e boa parte desse desperdício acontece em casa.
Por esses motivos, pela redução da emissão de poluentes e pela economia de água, aproveite para acompanhar abaixo algumas dicas para você evitar o desperdício em casa:

Quanto às suas atitudes

1. Realize uma parada obrigatória na despensa e na geladeira antes de ir ao mercado fazer compras. Verifique quais produtos você realmente precisa comprar e evite fazer estoques;
2. Na hora de cozinhar, dê preferência aos produtos que estão próximos do vencimento da validade. Anote quais são eles em uma lista e cole na geladeira para não esquecer;
3. Em vez de fazer uma compra por mês, experimente ir ao mercado mais vezes e comprar menos produtos;
4. As promoções costumam ser irresistíveis, no entanto, são as grandes vilãs do consumo consciente porque nos estimulam a comprar um número alto de produtos, que acabam se estragando. Fique atento;
5. Antes de guardar frutas, verduras e legumes na geladeira, higienize-os e e seque-os. Depois de consumir, guarde esses alimentos em embalagens hermeticamente fechadas para evitar a proliferação de bactérias;
6. Planeje suas compras. Faça uma lista com os produtos que realmente estão em falta;
7. Literalmente, aproveite seus alimentos até o talo. É possível reaproveitar partes não convencionais, como as sobras e cascas das frutas, por exemplo;
8. Se uma fruta ou legume apresentar uma aparência feia em algumas partes, corte-as e use o que sobrou, sem a necessidade de jogar tudo fora.

Quanto aos seus alimentos

9. Queijos

Permanecem sem estragar de cinco dias a um mês, se bem conservados na geladeira. Os modelos mais molinhos, como ricota e minas, aguentam no máximo 5 dias, enquanto que os mais duros, como provolone e parmesão, têm maior tempo de conservação. Você deve dispensar o queijo quando ele apresentar pontos esverdeados em sua superfície e sua cor for alterada;

10. Vinhos

Para consumir como bebida, o ideal é tomá-lo em um dia porque, depois de aberto, os vinhos sofrem a oxidação - o oxigênio entra na garrafa e reage com a bebida, alterando seu sabor e aroma. Se você quiser prolongar a vida do produto e não desperdiçar, basta usar o vinho como tempero que ele dura até um mês;

11. Frutas, Verduras e Legumes

Se forem higienizados e secos antes de serem armazenados na geladeira, esses alimentos duram cinco dias. Com exceção das frutas tropicais, como banana e abacate, que, se forem para a geladeira, vão escurecer;

12. Fermento

Se for o químico em pó, dura até seis meses na geladeira, sem prejudicar o crescimento do seu bolo. Já o biológico, que é muito utilizado para fazer pães, não ultrapassa três dias depois de aberto porque contêm leveduras. Quando elas morrem, o fermento para de funcionar;

13. Comida pronta

Após a refeição, guarde as sobras em recipientes fechados com tampa e leve-os para a geladeira. Feito isso, sua comida pronta vai durar três dias, em média;

14. Carnes

Lembre-se que as carnes possuem um alto nível de pegada hídrica (consomem muita água em sua produção), por isso, procure alternativas para repor proteínas. Caso você não venha a preparar a carne logo depois que a comprou, o ideal é congelá-la para que dure mais (cerca de dois dias), ou então embale-a a vácuo;

15. Manteiga

Aguenta três meses sob refrigeração por conter bastante gordura em sua composição. O máximo que pode acontecer é aparecer uma capa amarela escura - basta raspar essa capa para voltar ao uso normal do produto;

16. Enlatados

Duram de quatro a cinco dias e devem ser consumidos logo depois de abertos. No entanto, evite esses tipos de alimento porque, segundo um estudo dos Estados Unidos, comida enlatada faz mal a saúde - quem a consome fica exposto a compostos como bisfenol-A e ftalatos, sem contar a grande quantidade de conservantes;

17. Leite

Se for pasteurizado, deve ser consumido em um dia porque azeda rapidamente, ao contrário do longa vida, que dura de três a quatro dias na geladeira;

18. Ketchup, Maionese e Mostarda

Iguais aos enlatados - possuem muitos conservantes que não fazem bem à saúde. O ideal é o consumo moderado desses produtos. Duram de um mês a um ano.

Dicas para evitar o desperdício em casa

  • Compre por peso: Quando o produto é vendido por peso, você pode comprar exatamente o que precisa.
  • Tente planejar o cardápio: Com o planejamento semanal das refeições, fica mais fácil mapear os alimentos que vai precisar. Na hora de sair às compras, é só levar a lista do cardápio. Dessa forma, você só vai comprar os produtos para fins específicos, em vez de simplesmente pegar as coisas das prateleiras.
  • Não compre por impulso: A variedade de opções em um supermercado costuma chamar atenção e aumentar o desejo de adquirir, especialmente quando falamos em “promoções”. Cuidado! É importante pensar se, de fato, você precisa do produto.
  • Vá às compras com mais frequência: Ir mais vezes ao supermercado pode soar como mais trabalho. Porém, comprar semanalmente permite que os perecíveis sejam adquiridos com mais frequência, diminuindo a possibilidade de perda.
  • Reaproveite as sobras do almoço: Sobrou comida do almoço? Então nada de jogar fora. Aproveite o que restou na janta e evite o desperdício. 
  • Compre a granel: Em vez de comprar alimentos em embalagens padronizadas, experimente comprar somente a quantidade que você precisa. Além de evitar as embalagens descartáveis, você reduz o desperdício ao levar para casa apenas o que vai usar.
  • Cozinhe em quantidade e congele: Separe um dia para preparar várias refeições para todo o mês ou a semana. Depois basta guardar no freezer e reaquecer no dia de consumi-la. Essa prática ajuda a economizar ingredientes e energia.
  • Use a data de validade como critério: Fique atento aos rótulos para saber a procedência, composição e, o mais importante, a data de validade. Assim é possível evitar a compra de produtos que não serão consumidos antes do vencimento e terão como destino o lixo.
  • Aproveite todas as partes dos alimentos: Na hora de preparar as refeições, nada de jogar cascas, sementes e bagaços fora. Todas as partes de frutas, verduras e legumes podem ser aproveitadas e são fontes de vitaminas, minerais e outros nutrientes fundamentais para nossa saúde.

Dicas para evitar o desperdício na produção:

1- É preciso ter controle de doenças de forma adequada, sem o uso de agentes nocivos ao ser humano;
2- Uso da agroecologia (orgânicos) e produção integrada, com utilização racional de  compostos químicos para o controle de pragas e doenças;
3- Melhoria no tratamento pré e pós-produto, como frutas e hortaliças;
4- Adequação do ponto de colheita em relação ao mercado consumidor. Se você tem um mercado próximo, pode deixar o produto mais tempo no campo, mas se o mercado for distante terá de colhê-lo antes de maduro, para que aguente o trajeto;
5- Utilização da embalagem adequada à manutenção da qualidade do produto. Isso deveria ser definido por todos os agentes de comercialização. Produtores, atacadistas e varejistas deveriam trabalhar juntos nesse sentido;
6- Reeducação e treinamento de todo o pessoal envolvido, desde o campo até a pós-colheita, visando à melhoria da manipulação e a movimentação de cargas;
7- Padronização, seleção e classificação dos produtos, que atendam as necessidades do mercado. Muitas vezes o produto precisa ter determinado tamanho, calibre, além de determinada forma e cor.
Algumas dicas de como evitar o desperdício de água em sua casa:
Evite tomar banhos demorados.Cinco minutos de chuveiro são suficientes. Feche a torneira enquanto escova os dentes ou faz a barba.
Não use o vaso sanitário como lixeira ou cinzeiro, porque, além de gastar mais água, os objetos despejados ainda podem causar entupimento. Procure manter a válvula de descarga sempre regulada para evitar o derperdício.

Para lavar o carro, use balde e pano, evitando o uso de mangueira, principalmente durante o período de estiagem.
Na hora de limpar a calçada use vassoura e balde com água. "Varrer" a calçada com a mangueira só traz desperdício.Para regar plantas, use sempre balde ou regador.

Feche a torneira enquanto ensaboa a louça. Uma forma também de economizar é colocar água com detergente até a metade da pia e deixar a louça de molho. Depois de ensaboar, encha a pia com água limpa e enxague de uma vez.
Deixe acumular roupa para lavar de uma só vez. Só ligue a máquina quando ela estiver cheia. No tanque, mantenha a torneira fechada enquanto ensaboa e esfrega a roupa.Aproveite a água que usou para ensaboar as roupas para lavar o quintal.

Verifique os vazamentos. Uma torneira mal fechada pode trazer muito prejuízo. Veja alguns exemplos de quanto uma torneira gasta pingando durante todo um dia:
Gotejanto - 46 litros
Aberta em 2mm - 4.512 litros
Aberta em 6mm - 15.400 litros
Aberta em 12mm - 33.984 litros

Dicas para teste de vazamento:
No vaso sanitário - jogue cinzas no fundo da privada. Se houver movimentação é porque há vazamento.
No hidromêtro - quando a caixa d'água estiver cheia (já não vai haver barulho de caixa enchendo) feche todas as torneiras e desligue os aparelhos que usam água e deixe aberto os registros na parede. Anote o número que aparece no relógio. Espere cerca de uma hora e confira novamente. Se o número mudar é porque há vazamento na casa.
Se você colocar essas pequenas práticas do seu dia-a-dia terá uma boa economia no fim do mês e mais importante do que isso é contribuir para preservação desse líquido essencial para a nossa sobrevivência. Seu papel é muito importante e se todos pudessem exercer essa contribuição o nosso futuro agradece.

Disponível em: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/lixo/como-evitar-desperdicio-seguranca-alimentar-bons-fluidos-752309.shtml; http://www.ecycle.com.br/component/content/article/62-alimentos/1562-conheca-18-dicas-para-evitar-o-desperdicio-de-alimentos.html; http://mulherplus.blogspot.com.br/2013/08/sustentabilidade-como-acabar-com-o.html#.VgrFEvlViko; http://www.sanesul.ms.gov.br/conteudos.aspx?id=11. Acesso em: 29/09/2015.
Imagens disponíveis em: http://g1.globo.com/al/alagoas/fotos/2013/02/desperdicio-de-agua-em-maceio.html; http://www.mundodastribos.com/dicas-para-evitar-o-desperdicio-de-agua.html; http://www.apalavraonline.com.br/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=2&Itemid=128&id_noticia=%209144; https://catracalivre.com.br/geral/cidadania/indicacao/movimento-quer-reduzir-desperdicio-de-alimentos-e-combater-a-fome/; http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=29466. Acesso em: 29/09/2015.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O AMOR NA VISÃO DAS CRIANÇAS


Numa sala de aula haviam várias crianças, quando uma delas perguntou à professora:
- Professora, o que é o amor?

A professora sentiu que a criança merecia uma resposta à altura da pergunta inteligente que fizera.

Como já estava na hora do recreio, pediu para que cada aluno desse uma volta
pelo pátio da escola e que trouxesse o que mais despertasse nele o sentimento do amor. 
As crianças saíram apressadas e ao voltarem a professora disse: - Quero que cada um mostre o que trouxe consigo. 
A primeira criança disse: - Eu trouxe essa flor, não é linda? 
A segunda criança falou: - Eu trouxe esta borboleta. Veja o colorido de suas asas, vou colocá-la em minha coleção. 
A terceira criança completou:  - Eu trouxe este filhote de passarinho.
Ele havia caído do ninho junto com outro irmão. Não é uma gracinha? 
E assim as crianças foram se colocando. Terminada a exposição, a professora notou que havia uma criança que tinha ficado quieta o tempo todo. Ela estava vermelha de vergonha, pois nada havia trazido. 
A professora se dirigiu a ela e perguntou:  
- Meu bem, porque você nada trouxe?
E a criança timidamente respondeu:  - Desculpe professora.
Vi a flor e senti o seu perfume,
Pensei em arrancá-la mas preferi deixá-la para que seu perfume exalasse por mais tempo.
Vi também a borboleta, leve, colorida!
Ela parecia tão feliz que não tive coragem de aprisioná-la. Vi também o passarinho caído entre as folhas,
Mas ao subir na árvore notei o olhar triste de sua mãe e preferi devolvê-lo ao ninho. Portanto, professora, trago comigo o perfume da flor, a sensação de liberdade da borboleta e a gratidão que senti nos olhos da mãe do passarinho. Como posso mostrar o que trouxe? 
A professora agradeceu a criança e lhe deu nota máxima, pois ela fora a única que percebera que só podemos trazer o amor no coração.

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"Amor" também foi o tema de pesquisa feita por profissionais de educação e psicologia a um grupo de crianças entre 4 e 8 anos, nos EUA, e transcrito no jornal "O que é o amor?"

* Se você quer aprender a amar melhor, você deve começar com um amigo  que você não gosta - Nikka, 6 anos
* Quando minha avó pegou artrite, ela não podia se debruçar para pintar as unhas dos dedos do pé. Meu avô desde então, pinta as unhas para ela,  mesmo quando ele tem artrite - Rebecca, 8 anos

* Amor é quando uma menina coloca perfume e o menino coloca loção pós-barba, aí eles saem juntos e se cheiram -  Karl,   5 anos

* Quando alguém te ama, a forma de falar seu nome é diferente - Billy, 4 anos

* Amor é quando você sai para comer e oferece suas  batatinhas fritas, sem esperar que a outra pessoa te ofereça as batatinhas dela -  Chrissy, 6 anos

* Amor é quando alguém te magoa, e você mesmo muito magoado não grita  porque sabe que isso fere seus sentimentos -  Samantha, 6 anos

* Amor é quando minha mãe faz café para o meu pai e toma um gole antes para ter certeza que está do gosto dele - Danny, 6 anos

* Quando você fala para alguém algo ruim sobre você mesmo e sente medo que essa pessoa não venha a te amar por causa disso.  Aí você se surpreende, já que não só continuam te amando, como agora te amam mais ainda- Mathew, 7 anos

* Há dois tipos de amor, o nosso amor e o amor de  Deus, mas o amor de Deus  junta os dois - Jenny, 4 anos

* Amor é quando mamãe vê o papai suado e mau cheiroso  e ainda fala que ele é mais bonito que o Robert Redford - Chris, 8 anos

* Durante minha apresentação de piano, eu vi meu pai  na platéia me  acenando e sorrindo, era a única pessoa fazendo isso e eu já não sentia medo- Cindy, 8 anos

* Amor é quando você fala para um garoto que linda  camisa ele está  vestindo e aí ele a veste todo dia - Noelle, 7  anos

* Quando você ama alguém seus olhos sobem e descem e  pequenas estrelas saem de você - Karen, 7 anos.

* Amor é quando seu cachorro lambe sua cara, mesmo depois que você  deixa ele sozinho o dia inteiro - Mary Ann, 4 anos


* Eu sei que minha irmã mais velha me ama, porque ela me dá todas as  suas roupas velhas e tem que sair para comprar outras - Lauren, 4 anos

* Amor é como uma velhinha e um velhinho que ainda são muitos amigos  mesmo se conhecendo há muito tempo - Tommy, 6 anos
E você, como definiria o amor?


Disponível em: http://nuvdadd.webnode.com.br/o%20amor%20na%20vis%C3%A3o%20das%20crian%C3%A7as/; http://marina_afonso89.blogs.sapo.pt/tag/amor+-+vis%C3%A3o+nas+crian%C3%A7as. Acesso em: 28/09/2015.

Vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3ilPMryjIFc. Acesso em: 28/09/2015.



sábado, 26 de setembro de 2015

O QUE É A ESCRITA ESPELHADA?


Espelhar letras e números é comum no início da alfabetização, mas este ano tenho um grande número de crianças da turminha do meu 2º ano “virando” tudo! Com a ajuda da minha querida colega, professora da Sala de Recursos e especialista em Ensino Especial, a Lisi, comecei a pesquisar o assunto para poder ajudar os alunos a superar suas dificuldades.
Por ser ainda o 2º ano de alfabetização, algumas trocas fazem parte, já que as crianças estão sistematizando suas hipóteses de escrita, porém alguns alunos espelham palavras e frases inteiras. Pesquisando sobre o assunto, descobri que esta pode ser uma característica de DISGRAFIA. Mas isso não significa que as crianças que espelham letras e números sejam disgráficos!Os especialistas não consideram o ‘espelhamento’ um problema de aprendizagem, dependendo da idade da criança.
escrita espelhada pode ser caracterizada por dois tipos de ocorrências: as rotações de letras e a mudança da posição da letra no interior da palavra. Nas rotações, as letras são rodadas sobre o próprio eixo; temos, por exemplo, as inversões das letras: p e q, b e d, u e n. A mudança de posição ocorre quando uma letra tem sua localização modificada dentro da palavra; por exemplo, a criança escreve anso para anos, ou coraçoa para coração. A escrita espelhada é uma ocorrência comum e frequente nos primeiros anos de escolarização e não pode ser considerada como indício de distúrbios e patologias.
Antes da contribuição de vários estudos linguísticos que se ocuparam dessas ocorrências, apresentando explicações que subvertem a lógica do erro, vigorou na Pedagogia uma perspectiva organicista, pois o espelhamento de letras era entendido como um problema de natureza neuropsicomotora e de domínio espacial, cuja explicação estava relacionada ao conflito entre hemisférios direito e esquerdo do cérebro, falhas na percepção visual, na lateralidade, no esquema corporal ou em noções espaço-temporais.
No Brasil, o trabalho de Cacilda Cuba dos Santos, na década de 1970, seguiu essa tendência de análise, apontando erros típicos que podem ocorrer tanto na escrita quanto na leitura: confusão entre letras simétricas (p/q; n/u; d/b), inversão da ordem das letras dentro de uma sílaba (pal/pla). Disseminou-se a crença, tanto no meio clínico quanto no meio escolar, de que as inversões de letras poderiam ser indícios definidores da dislexia. Com base na perspectiva psicogenética piagetiana, pode-se explicar a escrita espelhada a partir de outros argumentos, que vão além dos aspectos visoespaciais, e romper com uma explicação de caráter patológico. A referência está calcada nos aspectos próprios do desenvolvimento cognitivo infantil, na construção da noção de realidade, mais especificamente, a noção de permanência e de invariância do objeto. Uma das principais descobertas da criança é a compreensão de que os objetos podem ter uma existência independente e que eles possuem propriedades invariáveis.
Assim, a partir do desenvolvimento dessa capacidade, uma criança pode reconhecer seus pais, bem como outras pessoas que lhe são familiares, independentemente da posição em que se encontrem. No caso da escrita, a situação é bem diferente, ou seja, a posição da letra determina sua identidade, e esse aspecto precisa ser observado; por exemplo, quando o círculo estiver voltado para baixo e para a esquerda, será a letra “d”; quando estiver voltado para baixo e para a direita, será a letra “b”; quando o círculo estiver voltado para a direita e para cima, é a letra “p”; e, por fim, se estiver voltado para a esquerda, será a letra “q”, ou seja, a letra não é um objeto que pode modificar de posição e se manter como ‘invariante’.
Conhecer as convenções da escrita e suas arbitrariedades é um primeiro passo para solucionar os problemas que envolvem a escrita espelhada. A criança precisa ser orientada sobre a necessidade de se levar em consideração a posição das letras, tomando como referência o espaço gráfico, isto é, as margens do papel, a direção (da esquerda para direita) e o sentido (de cima para baixo) da escrita. É importante mostrar para a criança que, além de sua permanência como traço gráfico e sua convencionalidade, as letras também podem até mudar de som em razão da posição que passam a ocupar; por exemplo, a letra R no início da palavra, como em ROMA (som forte), e a letra R entre duas vogais, como em BARATA (som fraco).
A criança também precisa compreender que, se é invertido o PAL pelo PLA, ocorre mudança sonora na leitura da palavra. Estudos recentes mostram que quanto mais a sílaba se distancia do padrão CV (consoante vogal), mais chances tem o aprendiz de trocar a ordem das letras - mas essas ocorrências estão num padrão de normalidade comum na fase inicial da escrita e tendem a desaparecer no tempo de consolidação das aprendizagens.
Jesus Garcia coloca que uma disgrafia típica seria a escrita em espelho, ou escrita espelhada. A criança que escreve em espelho não tem uma representação estável dos traços componentes dos grafemas e possui apenas parte da informação, por isso, produz uma confusão e uma escrita em espelho.
Segundo Valquiria Miguel Luchezi, algumas das possíveis causas são: déficit no domínio da ação, da motricidade, da organização temporo-espacial e na dominância lateral, podendo ser acrescentados distúrbios de atenção e da memória. As maiores dificuldades são situar as diversas partes de seu corpo, umas em relação às outras, as noções de alto, baixo, frente, atrás e sobretudo, direita e esquerda. Cada letra é percebida isolada e corretamente, mas as relações que a criança estabelece entre elas não são estáveis, dependem do sentido de deslocamento do seu olhar, esquerda-direita, ou vice-versa.
A coordenadora pedagógica Bettina Aroucha, explica que o motivo mais comum para as crianças em fase de alfabetização escreverem espelhado relaciona-se à imaturidade dos neurônios, que ainda não permite à criança um domínio completo de posições e direções espaciais. A lateralidade também pode estar indefinida, impossibilitando o aluno de transferir as noções de direita e esquerda para algo externo a si próprio, no caso, a folha de papel. Ele é capaz, por exemplo, de mostrar sua mão direita, dizer quem está sentado do seu lado esquerdo, mas ainda não identifica o lado direito de um colega à sua frente ou a posição da letra P.
Betina também afirma que outro fator responsável pelo espelhamento nessa idade é a chamada “fase de ensaios”. Até atingir a escrita alfabética a criança faz várias tentativas nas quais cria e recria o sistema de escrita. Nesse processo, podem aparecer números no meio das palavras, ou letras e frases invertidas, pois os aspectos gráficos não são a preocupação maior da criança. O que ela quer é descobrir com quantas e quais letras se escreve uma palavra.
Para Luciana Márcia dos Santos, a construção da escrita é um dos últimos processos de aprendizagem e um dos mais complexos a ser adquirido pelo homem. Fundamentada em Piaget, considera que a origem do desenvolvimento cognitivo dá-se de dentro para fora, ocorrendo em função da maturidade do sujeito. Mesmo sabendo que o ambiente poderá influenciar no desenvolvimento cognitivo, sua ênfase recai no aspecto biológico, ressaltando a maturidade do desenvolvimento. Tanto como no raciocínio, o social e o afetivo também se equilibram de acordo com o crescimento do individuo.
Para Piaget, as atividades mentais, assim como as atividades biológicas, têm como objetivo a nossa adaptação ao meio em que vivemos. De acordo com essa postura teórica a mente é dotada de estruturas cognitivas pelas quais o indivíduo intelectualmente se adapta e organiza o meio. Toda criança, a partir dessa perspectiva nasceria com alguns esquemas básicos – reflexos – e na interação com o meio iria construindo o seu conhecimento a respeito do mundo, desenvolvendo e ampliando seus esquemas.
A idéia, então, é oferecer atividades para tentar superar as hipóteses iniciais, provocando desequilíbrios para que novas assimilações e acomodações ocorram. Por isso é necessário fazer sempre a análise e a reflexão lingüística das palavras, confrontando as hipóteses de escrita dos alfabetizandos com a escrita convencional. Também é fundamental propiciar atos de leitura e escrita às crianças para que aprendam ler lendo e a escrever escrevendo, por meio de atividades significativas e contextualizadas. Elas deverão ler textos mesmo quando ainda não sabem ler convencionalmente, apoiando-se inicialmente na memória e ilustração.
É comum nos primeiros registros escritos observarmos as crianças escrevendo letras, números e palavras de trás para frente. Por que isto acontece? Em primeiro lugar, trata-se de um fato normal no processo de aprendizagem da linguagem escrita porque nas primeiras tentativas a criança ainda não sabe todas as regularidades. Por exemplo: em nossa cultura se lê e se escreve da esquerda para a direita, ao contrário de outras culturas como a árabe e a hebraica que escrevem da direita para a esquerda, ou ainda os chineses, que escrevem de cima para baixo.
Também é necessário compreender que a criança em fase de alfabetização está adquirindo a noção de direita e esquerda. No entanto, pode ser auxiliada no desenvolvimento desta competência através dejogos e brincadeiras que envolvam principalmente o corpo. Este conhecimento, dentre outros, é muito importante para a alfabetização.
De qualquer forma, nesses primeiros passos no caminho da alfabetização, é frequente os pais ficarem angustiados ao observarem estas escritas espelhadas acompanhadas também de falta de letras ou mistura de letras e números. O ideal é deixar seus filhos fazerem suas tentativas, pois as crianças, conforme pesquisas realizadas por Emília Ferreiro e Ana Teberosky (pesquisadoras reconhecidas internacionalmente por seus trabalhos sobre alfabetização), começam a construir a língua escrita muito antes de entrarem no ensino formal.
De acordo com Zorzi (2000):
“Por muito tempo e, de modo bastante insistente, temos sido levados a ver, nos erros e enganos que as crianças fazem ao escrever, indícios de distúrbios e patologias. Os espelhamentos de letras são um exemplo típico desta maneira, até mesmo parcial e distorcida, de compreendermos o que é a aprendizagem.”
As crianças podem, a princípio, além da escrita espelhada, escrever “formiga” com poucas letras e “boi” com muitas. Isso acontece porque, no pensamento das crianças, a formiga é pequena, logo precisa de poucas letras, exemplo: CFAO. Já o boi é grande, então precisa de muitas letras: JAJNSHSJAKOV. Em outros casos, elas utilizam as letras do próprio nome em ordem diferente para muitas palavras. Mais adiante passam por outra fase e então escrevem uma letra para cada vez que pronunciam um som.
E assim a criança segue gradualmente em sua investigação, até atingir a escrita convencional.
Não existe criança que não sabe nada sobre a escrita. O que acontece é que a criança pensa sobre a escrita formulando hipóteses sobre ela, para compreender o que a mesma significa. Isto não quer dizer que ela não precisa de um mediador para aprender a ler e escrever. A ação de um mediador é imprescindível para fazer com que a hipótese da criança entre em conflito e assim proporcione o seu avanço.
Feuerstein (1980 apud Beyer, 1996, p. 75) diz:
Por meio do conceito da experiência da aprendizagem mediada (EAM) nós nos referimos à forma como os estímulos emitidos pelo meio são transformados por um agente ‘mediador’, usualmente um pai, um irmão ou outra pessoa do círculo da criança. Este agente mediador, motivado por suas intenções, cultura e envolvimento emocional, seleciona e organiza o mundo dos estímulos para a criança. O mediador seleciona os estímulos que são mais apropriados e então os filtra e organiza; ele determina o surgimento ou desaparecimento de certos estímulos e ignora outros. Através desse processo de mediação, a estrutura cognitiva da criança é afetada.
Mas, muitas vezes, quando se ouve dizer que uma criança de 5 anos está lendo e escrevendo, logo vem aquela preocupação: será que meu filho de 6 anos tem problemas? Neste caso é melhor agir com bom senso, respeitando o ritmo de cada um. A escola deve ser parceira dos pais, dizendo-lhes quando percebe algo que mereça mais atenção.
Zorzi (2000) também comenta:
Estamos, como adultos, fortemente contaminados com noções rígidas de “certo” e “errado”: se a criança está agindo ou pensando da mesma forma que nós, então ela sabe, ela está certa, está aprendendo. Caso contrário, se ela assimila, ou entende uma situação de uma maneira distinta da nossa, que não está de acordo com nossas concepções e crenças, então ela está errada. Não está aprendendo. E, se não está aprendendo, então deve ter dificuldades, problemas, e assim por diante.
Há uma preocupação exagerada para que se leia cada vez mais cedo. O mais sensato é baixar a ansiedade, acompanhar o desenvolvimento da criança, confiar na escola do seu filho e proporcionar um ambiente rico em leitura e escrita, regado com muita paciência e persistência.
No mais é curtir e guardar estas primeiras tentativas de escrita com o mesmo valor dado às primeiras palavras e os primeiros passos.

O processo de escrita envolve vários conceitos e competências que a criança vai amadurecendo à medida que cresce e as exercita: a lateralidade (saber distinguir a direita da esquerda e noção espacial), a motricidade fina (capacidade de manipular um lápis, por exemplo), a aprendizagem dos códigos alfabético e numérico, entre outros.
Neste artigo da Drª. Ana Lúcia Hennemann encontra a resposta a esta pergunta e sugestões de jogos divertidos para fazer com o seu filho. Boa leitura!
Quando as crianças iniciam a escrita das primeiras palavras ou números, a sensação dos pais é indescritível. É um processo de autonomia, um ritual de passagem que evidencia uma nova etapa na vida da criança…
Ao compor as suas primeiras escritas as crianças mostram-se portadoras de inúmeras experiências, desejos, anseios e dinâmicas particulares de aprendizagem. Vygotsky (1998) destaca que a escrita tem significado para as crianças, desperta nelas uma necessidade intrínseca e uma tarefa necessária e relevante para a vida.
Entretanto, na medida em que esta escrita avança é comum que elas evidenciem letras ou números espelhados… algumas já estão lá por volta dos 7 anos e ainda mantém esta característica e por que será que fazem isso?
Em primeiro lugar é importante ressaltar que espelhar letras e números é normal, pois a criança está em processo de construção da escrita. Para que a criança tenha o entendimento que nós adultos temos de que a escrita inicia da esquerda para a direita (no caso da cultura ocidental), algumas noções anteriores ao papel devem ser bem trabalhadas. A aquisição da escrita é posterior à aquisição da linguagem e posterior a um nível específico de maturidade motora humana.
Conforme Esteban Levin (2002: 161), o ato da escrita em si, não depende somente do ato biológico, mas de toda uma estrutura que provém do sistema nervoso central, […] o que escreve é um sujeito-criança, mas, para fazê-lo, necessita de sua mão, da sua orientação espacial (lateralidade), de um ritmo motor (relaxamento-contração), da postura (eixo postural), da sua tonicidade muscular (preensão fina e precisa) e do seu reconhecimento no referido ato (função imaginária).
De acordo com o manual de neurologia infantil de Diament (2005), a partir dos 7 anos a criança começa a consolidar a noção de direita e esquerda. Da mesma forma, encontra-se em fase de maturação de áreas visoespaciais, portanto é perfeitamente normal apresentar ainda algumas trocas na direção da sua escrita, pois está em processo de aprendizagem, sistematizando as suas hipóteses e consolidando noções importantes em aspectos neurobiológicos.
Porém, alguns alunos espelham palavras e frases inteiras, característica da disgrafia. No entanto, isso não significa que as crianças que espelham letras e números apresentem disgrafia. Se no final do ano, após todas as intervenções pedagógicas terem sido realizadas, com vista à “escrita correta” das palavras, deverá fazer-se uma avaliação mais detalhada.
Dehaene (2012) demonstra que a capacidade de reconhecer as figuras simétricas faz parte das competências essenciais do sistema visual, porque permite o reconhecimento dos objetos independentemente da sua orientação. Por esse motivo quando uma criança aprende a ler tem que “desaprender” a generalização em espelho para que possa compreender a diferença entre as letras “b” e “d”.

A maioria das crianças passa por uma fase de escrita em espelho tendo geralmente ultrapassada esta dificuldade por volta dos 8 anos. Entretanto, cabe ressaltar que algumas das crianças que apresentam escrita espelhada são canhotas.

A identificação de uma imagem na sua forma simétrica, confusão esquerda-direita, também é frequente, no nosso sistema visual (Dehaene 2007).
No entanto, na sala de aula existem professores que consideram “errado” quando os alunos escrevem palavras ou números espelhados. Por isso é necessário esclarecer que, antes de se considerar certo ou errado, é necessário realizar atividades que propiciem a lateralidade.
No processo de alfabetização, pais e professores, devem sempre questionar a criança sobre como poderia melhorar aquilo que fez, procurar fazê-la tomar conhecimento do que fez e como o fez, mas também como deveria fazê-lo.
Numa abordagem neurocientífica Guaresi (2009) enfatiza que:
  • A criança tem que manipular um repertório de habilidades motoras finas e complexas concomitantes com dados sensoriais (conteúdo visual), um processo que envolve muitas funções cerebrais, tais como atençãomemóriaperceção(integração e interpretação de dados sensoriais), entre outras.
  • O processo de aprendizagem da escrita envolve, entre outros aspectos, aintegração viso espacial, ou seja, visualizar o que está a ser apresentado, localizar o lápis, acomodá-lo de forma satisfatória na mão, direcioná-lo no caderno e iniciar a sequência de movimentos numa tentativa de escrita.
  • Com o tempo e o reforço das redes sinápticas correspondentes, o processo de aprendizagem da escrita será automático, ou seja, a criança não precisará de monitoramento cerebral constante para executar a tarefa e terá condições para aumentar o nível de complexidade da escrita.
Existem três domínios principais que precisam ser ensinados para que uma pessoa tenha autonomia na escrita: o domínio linguístico, o domínio gráfico e o de conceitos de letra e texto.
A escrita como um sistema organizado manifesta a nossa capacidade de simbolizar. É um processo complexo e a sua aquisição exige o domínio das várias dimensões que o compõe, por exemplo, além da segmentação, as crianças precisam adquirir no domínio gráfico, noções de esquerda para a direita, de cima para baixo.

Atividades que ajudam o seu filho a desenvolver a escrita:

1. Jogo de orientação espacial

Dependendo da idade da criança, colocar uma fita no braço (ou perna) sinalizando o lado direito (ou esquerdo). Coloca-se no chão algo delimitando o espaço, por exemplo 3 colchonetes. A criança fica posicionada no colchonete do meio e o adulto diz: direita (o adulto deve passar para o colchonete correspondente), esquerda ou meio.
Após terem dominado estas noções, colocar outros 3 colchonetes em frente da criança. Com outra criança a participar na atividade, demonstra-se que, ao se posicionarem uma frente a outra, o ato de saltar para a direita de uma é diferente do ato de saltar para a direita de outra.

2. Atividades com um balão

Tentar manter o balão no ar, somente batendo nele com a mão direita e, depois, somente com a mão esquerda.

3. Brincar como um robô

A criança é o robô, e seu parceiro é o guia. Auxiliados pelo adulto, combinam sinais de movimentação do robô. Por exemplo, se o guia tocar o lado esquerdo da cabeça do robô, este vira-se para a esquerda; se tocar o lado direito, vira à direita; se tocar no alto da cabeça, o robô baixasse, e assim por diante.
Algum tempo depois, invertem-se os papéis, sendo que o guia vira robô, e o robô vira guia. Depois disso, a brincadeira é feita com deslocamentos. As duplas combinam os sinais de movimentação. Por exemplo, um toque na parte de trás da cabeça é sinal para o robô andar para a frente; um toque nos ombros é sinal para que pare.

4. Brincar ao espelho

Inicialmente cada criança faz as atividades sozinha, ou seja, o adulto diz: mostrar a mão direta, colocar o pé esquerdo ao lado da cadeira, colocar a mão esquerda no olho esquerdo, encostar o cotovelo direito no joelho direito, e ir dizendo várias situações.
Para brincar ao espelho, cada criança fica de frente para outra criança ou adulto e deverá seguir as instruções dadas, porém localizando as áreas no outro.

5. Que letra é esta?

Nas costas da criança o adulto faz com o dedo uma letra e a criança deve dizer qual é.

6. Caminhar sobre as letras

No chão fazer o traçado de letras ou palavras. A criança deve caminhar sobre as letras, seguindo a ordem do traçado.

7. Escrita com água

A criança pode molhar o dedo na água e ir ao quadro passar o dedo sobre o traçado das palavras.

8. Escrita na areia

No chão, escrever com o dedo, ou palito do gelado, o traçado de palavras.

9. Modelagem de palavras

Usando argila ou massa de modelar, escrever palavras modelando letra por letra.

Disponível em: http://pedagogiaaopedaletra.com/o-que-e-escrita-espelhada-sugestoes-de-atividades/; http://www.psicosol.com/escrita-espelhada-que-bicho-e-esse/; http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/escrita-espelhada; http://www.maemequer.pt/desenvolvimento-infantil/desenvolvimento-fase-a-fase/desenvolvimento/9-atividades-que-ajudam-o-seu-filho-a-desenvolver-a-escrita/. Acesso em: 26/09/2015.
Imagem disponível em: http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2013/04/escrita-espelhada-o-que-fazer.html. Acesso em: 26/09/2015.