segunda-feira, 31 de agosto de 2015

COMO LIDAR COM A BIRRA DAS CRIANÇAS?

Foto: As explosões de raiva são comuns entre as crianças de 1 e 3 anos

O escândalo que algumas crianças fazem diante de uma frustração pode acabar com o dia de qualquer um. Perdidos e nervosos com o barulho e a atenção que a criança atrai, muitas vezes em público, os pais não sabem o que fazer. A solução não envolve gritos, puxões de orelha ou palmadas, mas sim firmeza e autoridade, desenvolvidas a médio prazo.

Segundo a psicóloga Dora Lorch, autora do livro “Superdicas para Educar bem seu Filho” (Editora Saraiva), enquanto as crianças não sabem lidar com o “não”, só os pais podem tomar uma atitude capaz de melhorar a situação. Foi o caso da especialista em mídias sociais Samantha Shiraishi, mãe de dois meninos e autora do blog “A Vida Como a Vida Quer”.

Quando era pequeno, Giorgio, hoje com nove anos, queria comer um pacote inteiro de balas de uma só vez. Ao proibi-lo, o menino deu um escândalo no meio do metrô. Na hora, sem perder o controle, Samantha determinou que ele não poderia mais comer aquela bala enquanto não aprendesse a se comportar em público. “Até hoje, quando alguém oferece a bala, ele lembra que é a ‘bala proibida’”, diz a mãe.

Segundo especialistas e mães, táticas como esta podem ser muito efetivas para lidar com as birras infantis. 
Por que as crianças fazem birra?
 
As birras são episódios de raiva e descontrole nos quais a criança pode jogar-se no chão, bater nos objetos ou jogá-los, gritar, chorar, inclusive machucar a si mesma ou o adulto que a acompanha.
 
Este comportamento surge por volta dos 2 anos de idade e, se os pais souberem lidar com ele, desaparecerá dentro do processo natural de desenvolvimento do pequeno – em geral se torna menos frequente até os 3 anos.
 
Analisar as birras é analisar a criança de 2 anos, com suas particularidades: nesta fase, a criança quer ter o controle de tudo, deseja mais independência do que suas habilidades e segurança permitem, e desconhece suas limitações. Quer tomar decisões, mas não sabe como agir direito e não tolera restrições.
 
Ao não saber expressar seus sentimentos verbalmente, exterioriza sua raiva ou frustração com o choro e a birra. Tal comportamento não é perigoso, e pode até ser útil à criança, mas os pais precisam saber lidar com ele.
 
Os principais fatores que desencadeiam as birras são:
 
- Desejo de independência
 
- Inconformidade diante de uma norma ou negativa
 
- Vontade de chamar a atenção
 
Guia para pais desesperados
 
Sendo este o comportamento típico da fase dos 2 anos, é importante aplicar uma série de estratégias que ajudam a controlar a situação. Se os pais souberem lidar com isso com naturalidade, os filhos ganharão doses importantes de autocontrole e atitude proativa diante da frustração.
 
Algumas recomendações:
 
- Não dar atenção à criança quando está fazendo birra. Não tentar acalmá-la. Não gritar nem bater nela. Mantenha a calma, demonstrando que quem tem o controle é você, o adulto.
 
Alguns especialistas recomendam isolar a criança enquanto faz birra, deixando-a em um lugar no qual não corra perigo, por um tempo curto (de 2 a 5 minutos), até que se tranquilize.
 
- Conservar regras, limites, normas, horários, ainda que não sejam do total agrado das crianças.
 
- Em hipótese alguma ceder aos caprichos das crianças. É preciso permanecer firme, ainda que o choro esteja esgotando sua paciência. Se você não fizer isso, estará ensinando seu filho a fazer birras para conseguir o que quer.
 
- Quando as birras acontecem em lugares públicos, com mais razão os pais devem demonstrar sua autoridade, pois estes cenários deixam os pais mais vulneráveis e, diante da pressão indireta do público, podem acabar cedendo. Se a criança vir firmeza nos pais, se tranquilizará mais rapidamente.
 
- Quando a criança se acalmar, é aconselhável abraçá-la, pegá-la no colo e conversar com ela, olhando sempre em seus olhos e adaptando-se à sua estatura; dizer-lhe o quanto você a ama, mas que não pode permitir esse tipo de comportamento.
 
Ainda que seja normal desesperar-se diante das birras infantis, lembre-se de que a criança se sente muito pior do que você ao ver-se com estas reações que não é capaz de controlar. Não hesite em demonstrar firmeza e lembre-se sempre: a palavra “não” também pode ser pronunciada pelo amor!

Leia outras dicas práticas para ajudar seu filho a aprender a se comportar.
1. Não perca o controle: seja firme, mas também acolhedor
Assim que a criança começa a fazer uma cena dramática no shopping ou no parque, é melhor segurar as rédeas da situação do que entrar na mesma dança. Pode ser que você esteja ficando muito irritado, mas segundo o psicólogo e terapeuta familiar João David Cavallazzi Mendonça, pais que perdem o controle podem assustar ainda mais a criança e tornar a birra ainda pior.

Mas os pais tampouco devem amolecer. Segundo a psicopedagoga Quézia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), os adultos devem manter firmeza no tom de voz e falar com a criança na altura delas, explicando que atitudes como esta não irão mudar nada. Ao perceber que a criança está prestando atenção, João David ainda indica demonstrar acolhimento: segurá-la no colo e explicar o porquê da negativa poderá ajudar bastante.
2. Não ceda aos apelos da criança e mantenha a palavra
Por culpa ou falta de paciência, às vezes os pais acabam cedendo aos pedidos dos filhos e deixam a birra passar como se não fosse nada demais. Esse é um erro fatal: segundo Dora Lorch, a criança pode ficar cada vez mais autoritária, pois percebe uma maneira de sempre conseguir o que quer. Segundo a psicóloga e psicoterapeuta familiar Ana Gabriela Andriani, as crianças precisam entender que nem sempre terão o que desejam e quando desejam, e que sua insistência não é uma cartada aceita nesta hora.

3. Dê exemplos: sair batendo porta dentro de casa não é um deles
Que os pais devem ser bons modelos para seus filhos e esta premissa vale também para momentos de raiva em que o adulto resolve fazer a própria “birra” – batendo uma porta em casa após um momento de estresse, por exemplo. “Às vezes a criança está apenas repetindo o comportamento da mãe”, diz Dora Lorch.

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Quanto mais atenção os pais derem à birra do filho, pior será o comportamento dele
4. Não dê atenção à birra
Aos dois anos, Rafaela, filha da socióloga Ariane Torezan, foi com a mãe ao supermercado. Quando Ariane proibiu a filha de levar para casa uma guloseima, Rafaela se deitou no chão, começou a chorar e a gritar. “Não tive dúvidas: virei as costas e continuei andando. Ela não teve outra alternativa se não parar de chorar e vir atrás”, relembra Ariane.

Para o psiquiatra e educador Içami Tiba, autor de “Disciplina: Limite na Medida Certa” (Integrare Editora), as crianças precisam passar pelo estresse de perder a segurança na hora da birra. “Se ela se sente insegura, muda. A criança fica preocupada se os pais a deixam”. Rafaela, hoje com nove anos, nunca mais teve qualquer comportamento parecido.
5. Dê castigos proporcionais (e não se sinta culpado depois)
As crianças devem entender que seus atos têm consequências. Para não se arrepender no meio de um castigo, os pais devem calcular adequadamente o tempo de punição. “Para uma criança de dois anos, um castigo de dez minutos já é o bastante”, recomenda Quézia Bombonatto. Na orientação da Supernanny Cris Poli, um minuto por ano de idade é uma boa medida. Mas tudo depende da gravidade da birra e de como aquela família funciona.

6. Não meça forças com a criança e seja flexível de vez em quando
Os pais devem ser firmes e mostrar quem coloca as regras no dia a dia. Mas isso não significa incorrer no autoritarismo. “O ‘não pode’ deve ser usado para o que realmente é importante”, diz Quézia Bombonatto. 

Se a criança começa a desarrumar a sala logo após uma arrumação, os pais não precisam proibi-la, mas podem deixar claro que ela terá que arrumar tudo depois. Algumas coisas podem e devem ser negociadas com a criança. Afinal, será que 10 minutinhos a mais no parquinho é um grande transtorno? “Essa flexibilidade também pode ser benéfica”, concorda João David.

7. Explique o que ela está sentindo e veja o que está acontecendo
Dar nome ao que a criança está passando pode ajudá-la a se controlar. “Ela ainda está em processo de aprendizado e precisa aprender a identificar o que está sentindo”, explica João David. Assegurá-la de que ela está sendo, de alguma forma, compreendida, é importante.

Por isso, o adulto deve sentar com ela e explicar que sabe como ela se sente, mas agora não é possível ter o que ela quer, pela razão que for. Descobrir as razões infantis também é necessário. Às vezes, a criança pode muda de comportamento por uma razão não aparente, como o nascimento de um irmão mais novo ou a volta da mãe ao trabalho. “Ao ser questionada, a criança vai explicar com menos ou mais recursos, dependendo da idade, e tudo vai ficando mais fácil”, diz Dora Lorch.
8. Distraia a criança
Segundo Quézia Bombonatto, em certas situações chamar a atenção da criança para outra coisa pode ser a melhor saída para a birra. Especialmente quando o comportamento desanda em locais públicos. Fazê-la rir ou distraí-la com outro atrativo costuma ser efetivo e a criança pode esquecer a razão do escândalo que estava fazendo minutos atrás.

9. Compare a atitude dela com a das pessoas ao redor
Ana Gabriela Andriani também sugere comparar a criança com as outras pessoas no local e mostrar que ninguém mais está chorando, só ela. “A criança só consegue enxergar a si mesma. Ajudá-la a se comparar aos outros é uma maneira de fazê-la se sintonizar com o mundo”, diz.

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Filhos podem imitar as atitudes dos pais: evite a "birra de adulto"
10. Não insista em conversar na hora da raiva
Assim como muitos adultos, a criança não irá ouvir o que os pais estão dizendo no calor de um ataque de birra. “Nesta hora ela está focada na frustração, não está ouvindo”, diz Ceres de Araújo. Por isso, o melhor pode ser ignorar a atitude dela e conversar mais tarde, quando ela estiver mais calma, sobre o ocorrido. Neste período, os pais podem aproveitar para pensar na atitude que irão tomar.

11. Valorize e qualifique a criança sempre que possível
Reforçar positivamente o bom comportamento infantil depois de um ataque de birra ajuda a prevenir novos episódios. Se um dia a criança fez uma birra homérica no parque, ao voltar ao mesmo lugar o pai pode lembrar que confia nela para a história vivida no passado não voltar a acontecer. “Esta é uma maneira de qualificar o filho, mostrar que você acredita que ele pode ser diferente”, diz João David.

12. Tome medidas preventivas
Sentir fome e sono sem poder suprir as necessidades são sensações capazes de deixar qualquer um irritado. Para as crianças, estas sensações podem facilmente se transformar em birra. Por isso, manter uma rotina de sono e alimentação ajuda a evitar a irritação. “Os pais devem identificar o que pode ser evitado. Se sabem que a criança costuma dormir às nove horas da noite, não é ideal sair para jantar neste horário”, exemplifica João David.

O que é a birra?
É um comportamento que se observa quando a criança se vê em uma situação de frustração. "É uma resposta emocional intensa da criança a algo que a frustrou ou que ela pensa que vai frustrar. A birra pode envolver choro, gritos, se jogar no chão, ficar paralisado, ficar mudo, agredir-se, agredir, morder, unhar, urinar, parar de comer...enfim, um show de horrores para a maior parte dos pais", diz a psicóloga do Hospital São Camilo de São Paulo, Rita Calegari. As reações variam de criança para criança, assim como a intensidade. "A birra e as explosões emocionais como essas podem ser muito ou pouco freqüentes, dependendo de cada indivíduo", complementa Christine Bruder, psicóloga do bercário Primetime Child Development, em São Paulo.
Por que as crianças reagem dessa forma?
As crianças costumam ter essa reação porque não são maduras ainda para lidar com a frustração. "Isso significa que podemos considerar esperado que uma criança pequena reaja assim. E essa é uma ótima ocasião para os pais trabalharem a aceitação do filho à frustração, orientando, explicando, enfim, ajudando para que ele supere essa fase", explica a psicóloga do Hospital São Camilo de São Paulo, Rita Calegari. Mas ela alerta que, infelizmente, reações como essas não são exclusividade das crianças. "Vemos muitos adultos descontrolados no trânsito, nas relações pessoais, no trabalho. Adultos também têm seus ataques de birra".
Como os pais devem agir diante da birra das crianças?
Em primeiro lugar, devem dar o exemplo, ou seja, devem mostrar que estão controlados. "O mais produtivo é que os pais mantenham a calma. E tentem descobrir o que está acontecendo com a criança, qual o motivo da insatisfação", diz Christine Bruder, psicóloga do bercário Primetime Child Development. Mas também é preciso ter em mente que nem sempre será possível estabelecer com a criança uma conversa nessa hora. 

"Deixe-a fazer a birra, não fale muito (ela não vai ouvir mesmo), espere passar, proteja-a para que não se machuque e quando ela estiver mais calma, aí sim, converse", diz a psicóloga do Hospital São Camilo de São Paulo, Rita Calegari. "Como parte da birra envolve chamar atenção, quando a criança ficar birrenta evite que todo mundo fique dando atenção (lembre-se que atenção de pai e mãe vale ouro pra criança). Leve-a para um local reservado, monitorando-a. Não a deixe sozinha sem supervisão de um adulto", acrescenta a psicóloga.

Há como prever um ataque de birra?
Sim. "Lembre-se de que é como ferver leite: depois de um certo ponto da fervura, mesmo se você desligar o fogo, o leite vai subir e derramar. O ideal é ficar atento antes do leite ferver, ou seja, estar atento à criança para evitar o ataque", diz Rita Calegari do Hospital São Camilo de São Paulo.
Colocar de castigo funciona?
Castigar a birra é muito complicado, segundo alerta a psicóloga do Hospital São Camilo de São Paulo, Rita Calegari. "Não é garantia de que outra crise não ocorrerá. O que funciona é os pais manterem uma postura enérgica: após a birra, converse com a criança dando-lhe apoio para entender seu comportamento e formas saudáveis de como lidar com a frustração. Explique porque não pode, explique que os adultos também passam por isso e como reagem, dê seu exemplo, peça cooperação da criança", diz Rita.
Os pais devem falar mais alto que a criança quando ela faz birra?
Não, pelo contrário, isso não vai ensinar nada de útil ao seu filho. Dará apenas o exemplo errado. "Será uma criança imatura com um adulto aparentemente descontrolado interagindo", diz a psicóloga do Hospital São Camilo de São Paulo, Rita Calegari.
Como reagir se a birra acontecer em público?
Com muita calma e autocontrole. E sem ceder ao que foi negado ao filho. "Os pais, normalmente envergonhados, querem fazer a criança parar e acabam cedendo à pressão dos filhos. Relaxe: todo mundo que tem filho já viu isso antes e quem não viu, se for pai um dia verá", aconselha a psicóloga do Hospital São Camilo de São Paulo, Rita Calegari. Importante também é não deixar a criança sozinha e tentar levá-la para um local mais reservado, se for possível, para esperar que ela se acalme, conforme recomenda a psicóloga Christine Bruder.
É importante conversar após a birra para discutir o ocorrido?
Sim. Mas não faça um longo sermão. Crianças pequenas não prestam atenção a conversas longas e cheias de argumentos. "Os pais devem falar com calma, usando poucas palavras. Não adianta falar muito, porque o conteúdo da conversa não vai ser compreendido", diz Christine Bruder, psicóloga. O fundamental, segundo ela, é explicar a criança o que ela sentiu durante o descontrole emocional, nomear o sentimento e dizer como ela deve lidar com ele. "Algumas crianças vão querer colo depois da explosão, para se acalmar. Outras não vão querer ser tocadas. É preciso respeitar", diz Christine.
Quando os pais não lidam corretamente com a birra quando a criança é pequena, ela poderá continuar tendo ataques semelhantes quando for mais velha?
"Sim ! Olhem os jovens, os adolescentes e os adultos que temos por aí!", diz a psicóloga do Hospital São Camilo de São Paulo, Rita Calegari. Ela ressalta que frustrações fazem parte da vida, sempre. "Todos sentimos frustração, em diferentes etapas de nossa vida: o primeiro amor que acaba, o vestibular que não é aprovado, o emprego que não conseguimos, a promoção que não vem, o amigo indisponível, o salário que não chega. Pena que quando crescemos, buscamos formas nem sempre saudáveis de lidar com a frustração, como drogas e álcool", alerta a psicóloga.
Como os pais devem lidar quando a birra acontece na escola?
Converse com os professores e coordenador pedagógico para entender as causas e trabalhar em conjunto na busca de soluções. Essa é a recomendação da psicóloga Rita Calegari.
O que os pais podem fazer para evitar que as birras aconteçam?
Crianças pequenas precisam de rotina e previsibilidade. Por isso, segundo Christine Bruder, psicóloga, é interessante preparar a criança para a situação que ela for enfrentar. Se forem ao shopping, por exemplo, estabeleça as regras do passeio, diga se irão ou não comprar algo para ela, quanto tempo ficarão por lá, etc. "Também é preciso respeitar o descanso da criança. Quando ela está cansada ou doente, é mais fácil ocorrer a birra", diz ela. Depois no retorno do passeio, é interessante dar um retorno para a criança de como foi seu comportamento. "Isso ajuda muito, pois ela passa a entender o que os pais esperam dela. A criança pequena deseja agradar os pais e ficará feliz com o orgulho deles. Devemos como pais valorizar o acerto da criança, pois acabamos dando mais atenção ao que ela faz de errado", diz a psicóloga Rita Calegari.
É correto dar uns tapinhas nos filhos durante a birra?
Bater é um tipo de repressão, mas não educa. "Pode até ser útil em algum momento, mas não educa. O que educa é o diálogo, o exemplo, a insistência, a coerência. Que os pais não se enganem: a tarefa deles é educar", diz a psicóloga Rita Calegari.
Que riscos os pais assumem quando fazem o que a criança pede durante a birra?
Bater é um tipo de repressão, mas não educa. "Pode até ser útil em algum momento, mas não educa. O que educa é o diálogo, o exemplo, a insistência, a coerência. Que os pais não se enganem: a tarefa deles é educar", diz a psicóloga Rita Calegari.
Disponível em: http://delas.ig.com.br/filhos/educacao/12-dicas-praticas-para-lidar-com-a-birra/n1597588887145.html; http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/como-lidar-birra-702830.shtml; http://www.aleteia.org/pt/educacao/artigo/o-que-fazer-diante-das-birras-dos-filhos-5906305667563520. Acesso em: 31/08/2015.

sábado, 29 de agosto de 2015

ALFABETIZAÇÃO NA CHINA

 

Pequim, 01 Ago (Lusa) - A taxa de analfabetismo na China está a baixar a uma média de dois milhões por ano desde 2000, sendo a alfabetização das mulheres, agricultores e minorias étnicas o maior desafio para o governo, publica hoje a imprensa estatal. 
Desde o início da década de 90, a China retirou 46,5 milhões de pessoas da condição de analfabetos, de acordo com dados apresentados pelo conselheiro de Estado Chen Zhili, durante uma conferência sobre educação, em Pequim. 
"A luta contra o analfabetismo na China fez-se através da promoção da política educativa dos nove anos mínimos de escolaridade, particularmente nas zonas rurais, onde vive 90 por cento da população analfabeta do país", afirmou Chen, citado pelo jornal China Daily. 
O governo comunista tem como objectivo reduzir a taxa de analfabetismo nos adultos para os 40 milhões de pessoas em 2015, e para isso aposta em acções para educar as mulheres, as minorias étnicas e os trabalhadores migrantes, informou terça-feira o Ministério da Educação chinês em conferência de imprensa. 
Em 2005, Pequim gastou mais de 356 mil milhões de renminbi (34,4 mil milhões de euros) na implementação do sistema de educação obrigatória até ao nono ano, um acréscimo de 106 por cento em relação ao ano anterior. 
O director da UNESCO, Mark Richmond, elogiou o "forte compromisso e as medidas inovadoras" que levaram a China a "liderar a luta contra o analfabetismo". 
"O modelo da China, assente nos esforços do governo, é muito interessante para as regiões onde a maior parte das melhorias na área da educação foram feitas a um nível mais básico", disse Richmond no decorrer da mesma conferência na capital chinesa. 
De acordo com as últimas estatísticas oficiais, em 2000 a China tinha mais de 80 milhões de analfabetos com mais de 15 anos, 72 por cento dos quais eram mulheres. 
O censo de 2000 revelou ainda que a taxa de analfabetismo em idade adulta na China era de 9,08 por cento, enquanto a nível mundial se situava nos 20,3 por cento. 
Em todo o mundo, há 774 milhões de adultos que não sabem ler nem escrever (dois terços são mulheres), e 74 milhões de crianças em idade escolar não estão a estudar, revelam os últimos dados da UNESCO. 
Na China é considerado letrado alguém que consiga ler e escrever 1500 caracteres, enquanto uma pessoa licenciada deve conhecer entre sete mil e dez mil caracteres.
No início do século XX, uma grande percentagem da população chinesa era analfabeta, mas a simplificação dos caracteres e as campanhas de alfabetização lançadas pelo regime comunista levaram a China a atingir em 2000 uma taxa de alfabetização de 90 por cento, segundo dados das Nações Unidas.

A alfabetização na China aumentou nos últimos anos, mas ainda é baixa entre as mulheres, a população rural e as minorias étnicas, segundo informou hoje o jornal estatal "China Daily".
O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Koichiro Matsuura, qualificou o programa de alfabetização na China de "exemplo" para outros países em vias de desenvolvimento.
Matsuura falou durante a Conferência Regional de Apoio à Alfabetização Global, em Pequim.
A conselheira de Estado chinesa Chen Zhili declarou que "desde o ano 2000, o número de analfabetos baixa 2 milhões por ano" no país.
Apesar da melhora, ainda há na China 80 milhões de analfabetos acima dos 15 anos. Eles são 9,08% da população, e 72,7% dos analfabetos são mulheres, segundo os dados do Censo Nacional de 2005.
Chen declarou que China promove uma política de educação obrigatória, especialmente nas zonas rurais, onde vivem 90% dos analfabetos do país.
Matsuura disse que há 774 milhões de adultos analfabetos no mundo todo. Dois terços são mulheres.
Na região do leste e Sudeste Asiático, a alfabetização atinge 91,7% da população, e 70,4% dos analfabetos são mulheres.
Terminou recentemente em Beijing a Conferência sobre a Alfabetização da Região Ásia-Pacífico. A conselheira de Estado chinês Chen Zhili disse durante o conclave, que o governo chinês quer reduzir o índice dos analfabetos entre os jovens e adultos para cerca de 2% até 2010 e dar sua ajuda aos países na alfabetização.

A conferência faz parte de uma série de reuniões da Unesco com o fim de impulsionar a criação das relações de parceria entre os países do Leste da Ásia, Sul da Ásia e da região Ásia-Pacífico e intensificar os esforços pela alfabetização em todo o mundo. Representantes de mais de 10 países e regiões, bem como representantes das organizações internacionais interessadas, participaram da conferência.

Em discurso pronunciado na cerimônia de abertura, a conselheira de Estado Chen Zhili, declarou a disposição do governo chinês para os trabalhos de alfabetização. Ela disse: "A China priorizará os trabalhos de alfabetização entre as mulheres e a população das minorias étnicas e se esforçará para reduzir o índice dos analfabetos entre os jovens e adultos para 2% em 2010, e até 2025, o índice dos analfabetos entre os adultos deverá ser reduzido 50% contra o índice atual."

Reproduzo o capitulo 4 do livro China: O Nordeste que deu certo da escritora e jornalista Heloneida Studart. Ela, visitou a China 30 anos após a Revolução Comunista de 1949 e descreveu suas experiências em um país que procurava esquecer seu passado colonial: período em que todo seu povo era escravizado pelas potências industriais européias e pelo Japão. Nesse capítulo chamado Como o analfabetismo acabou ela explica como os chineses conseguiram em poucos anos alfabetizar uma população em que 80% não sabiam ler e escrever.

Na aldeia Zhao, vi algumas escolas primárias. Todas singelas, com o modesto quadro negro, as carteiras de madeira sem verniz, os garotinhos olhando atentamente para o professor e rabiscando aqueles caracteres incríveis em blocos de papel ordinário. Em matéria de Educação, duas coisas me impressionam na China: o comportamento do aluno e a extinção do analfabetismo. Não é fácil alfabetizar centenas de milhões de pessoas. Principalmente, se a escrita é compota daqueles inumeráveis caracteres, cada um deles constituídos de muitos traços, com uma estrutura complexa que os torna difíceis de ler, memorizar e escrever – desconfio que eu passaria anos antes de conseguir reconhecê-los. Assim mesmo, realizada a Libertação e feita a reforma agrária, os chineses lançaram-se à tarefa de acabar com o analfabetismo (80% da população era analfabeta; no campo, este percentual alcançava 90%). Havia aldeias em que não existia um único camponês alfabetizado. E assim, receber ou enviar uma carta significava, ir à aldeia vizinha, para pedir ajuda de quem soubesse decifrar os caracteres. Em 1955, a palavra de ordem de alfabetizar todo o país assumiu uma forma planificada. E como, na China, não funcionava a filosofia do “eu estou na minha”, todo partiram – com todos – para ensinar a ler e a escrever a milhões de chineses entre 15 e 45 anos de idade. Foi fundada uma Associação Nacional de Alfabetização e houve uma convocação geral às massas para que ajudassem o plano. Representantes dos sindicatos, das organizações feministas e das entidades juvenis começaram a mobilizar todas as forças sociais para a campanha. Não havia sala vazia ou praça disponível em que os chineses não se reunissem para discutir os métodos a serem usados. Discursos, conferências, jornais murais difundiam a urgência da aplicação do plano. Enquanto isso, aos milhares, os ativistas voluntários iam de casa em casa para ensinar aos analfabetos. Só na província costeira de Shan Dong participaram do trabalho de alfabetização três milhões de pessoas: “Você tem certeza de que entraram milhões?”, indaguei, boquiaberta, receando que, em minha rua, eu não mobilizasse, para a mesma tarefa, mai de três pessoas. “Em Shan Dong – explicou ela. – Porque o continente inteiro tinha, só de jovens, 30 milhões. Eles foram ensinar nas escolas noturnas, cursos de alfabetização e escolas de inverno. Em todos os lugares onde havia adultos que não sabiam ler nem escrever”.

Além desses tipos de curso, os chineses criaram “grupos de estudos em casa”; qualquer pessoa que soubesse ler ia à casa de quem não sabia. Ali, entre goles de chá fumegante, empenhava-se em lhe explicar os 1500 caracteres chineses. Donas-de-casa que haviam nascido e crescido na China antiga, tendo comido apenas a sobra de arroz de seus pais (e depois, a de seus maridos), começaram a memorizar os traços inumeráveis. Segundo Fan, elas chegaram a ser patética em sua decisão de aprender a ler e a escrever a qualquer custo. Às vezes, levavam os cartões com caracteres escritos no bolso do blusão para olhá-los, de vez enquanto cozinhavam ou arrumavam. Algumas os rabiscavam nos móveis, nos quartos, nas panelas; encorajavam seus maridos (quando estes estavam lutando para aprender) a levar caractere pintado em tabuletas para o campo e os colocarem ao lado dos canteiros de trabalho. Houve mulheres que pintaram o caractere em árvores. Quem passasse, dava uma olhada.

Os camponeses, por sua vez, tratavam de instalar salas de aula desocupadas emprestadas, levavam para lá os móveis de seus próprios lares. E quando não tinham, conduziam caixotes ou arrumavam bancos feitos de tijolos. Em apenas um ano e meio, a maioria desses milhões de esforçado já podia ler jornais, escrever recados – e cartas - , anotar pontos de trabalho.
Para prevenir um retrocesso possível, o Plano de Alfabetização foi em frente, criando escolas regulares: primárias e secundárias, escolas agrícolas e até “universidades de horas de folga”. Onde não havia condições, os alfabetizados se organizavam em grupo de autodidatas. E recebiam de organizações oficiais, livros e jornais.

O trabalho foi mais fácil nas grandes cidades mas também exigiu uma cooperação total – cada operário alfabetizado ensinava ao outro, analfabeto; se preciso, este tinha o horário reduzido, para estudar. Os chineses não menosprezavam a palavra heroísmo. O altruísmo maoísta é um dos dados mais importantes deste processo de transformação. Constituíram uma sociedade que defende determinado valores, com pontos de referência nítidos. Onde ninguém diz “não é da minha conta” e existem papéis definidos para as pessoas desempenharem, obtidos por um consenso geral da sociedade. Isso é tento mais evidente quando a gente vê o comportamento das crianças, nas escolas. Elas não sobem nas carteiras, nem jogam um balde de tinta na cara dos professores, como acontece em nossos mais avançados jardins-de-infância. Também não tiram a roupa e não “manifestam sua agressividade” rasgando os cadernos e atirando-o para o alto. Até mesmo os garotinhos de dois anos ficam quietos, em fila, ou sentados com os braços para trás – que é bom para a coluna, me explicam. Todos cantam e dançam o que lhes pedem, sempre muito tranqüilos e sorridentes. No pátio, fazem ginástica, com disciplina e ritmo, ou se submetem ao exercício ocular. Nas escolas primárias as crianças fazem esse exercício todos os dias, durante cinco minutos (quase não vi óculos em território chinês e atribuía a ausência ao fato dos chineses não terem o hábito de ver os irresistíveis anúncios das óticas na televisão). De um modo geral, fiquei tão espantada com a disciplina das crianças chinesas – entre nós é sabido que se as crianças não fizerem pipi dentro da sopeira quando quiserem, poderão ficar traumatizadas – que perguntei se ainda usavam, na China, a palmatória ou a vara de marmelo. Os professores riram: “Mao era mestre-escola e tinha ponto de vista firmado contra os castigos. Mas aqui existe a pressão social. Que tem a maior força sobre o comportamento de crianças e adultos”.

A explicação foi interrompida por uma menininha de tranças enlaçadas. Dizendo “seja bem-vinda, tia”, me entregou um complicado brinquedo feito por ela. Que me pareceu tão sofisticado e belo como o próprio palácio do céu.

Disponível em: http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI1801693-EI294,00-Alfabetizacao+aumenta+na+China+mas+ainda+e+baixa+entre+mulheres.html; http://www.jn.pt/PaginaInicial/Interior.aspx?content_id=704426; http://portuguese.cri.cn/165/2007/08/07/1@72767.htm; http://www.comunistas.spruz.com/pt/Como-acabou-o-analfabetismo-na-China/wiki.htmAcesso em: 29/08/2015.
Imagens disponíveis em: http://www.comunistas.spruz.com/pt/Como-acabou-o-analfabetismo-na-China/wiki.htm. Acesso em: 29/08/2015.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015



Disponível em: FERREIRO, Emilia. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1990.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

FLASH PODE CEGAR 
BEBÊS E CRIANÇAS???


RIO - Um bebê de 3 meses de idade, ainda sem nome, perdeu a visão em um olho depois que um amigo da sua família tirou uma foto dele de perto usando flash. Segundo médicos, a criança sofreu danos irreparáveis por causa da luz disparada pela câmera, que estava a apenas 25cm de distância de seu rosto. As informações estão no site do jornal "People´s Daily", da China.

Os pais notaram algo de errado com o bebê logo depois da foto. Em seguida, médicos constataram que ele teve redução parcial de visão no olho esquerdo e perda total no direito.

De acordo com eles, o dano não pode ser corrigido nem mesmo com uma cirurgia, uma vez que o flash danificou células da mácula, uma pequena área na porção central da retina altamente sensível a luzes e responsável pela percepção de detalhes como a distinção de cores. A mácula não está totalmente desenvolvida antes de a pessoa completar 4 anos, o que explica a razão de as crianças ficarem tão incomodadas com luzes fortes.

Danos na mácula podem levar a perda da visão central, impedindo um indivíduo de enxergar coisas que estão bem diante dele. Essa perda é bastante observada em pessoas de idade avançada, devido ao desgate causado pelo tempo.


Médicos explicam que os bebês fecham os olhos rapidamente quando expostos a luz, mas mesmo uma fração de segundo é o bastante para causar danos se a luminosidade for muito forte. Por isso, os pais precisam ter cuidado ao acender a luz do banheiro, por exemplo.

Um bebé de três meses de nacionalidade inglesa ficou cego de um olho depois de um amigo da família se ter esquecido de desligar o flash da máquina fotográfica ao tirar-lhe uma fotografia.

Os médicos revelaram que a criança ficou com danos irreparáveis na vista causados pelo flash da máquina, que foi disparado a uma distância de apenas 25 cm do menino, diz o site Notícias ao Minuto.

A criança ficou com a visão reduzida no olho esquerdo e completamente cego do olho direito. Os danos são permanentes e não são passíveis de serem corrigidos com cirurgia.

A força do flash provocou danos nas células da mácula, pequena área ao centro da retina, e que leva à perda da visão central. Esta parte do olho só se desenvolve na sua totalidade aos quatro anos de idade, o que significa que as crianças são muito sensíveis a luzes fortes.

O caso de um bebê chinês de três meses que teria ficado cego depois que um amigo da família teria feito uma foto com flash a uma distância de 25 centímetros chamou a atenção dos internautas nas redes sociais, nesta terça-feira (28). Entretanto, três especialistas ouvidos pelo UOL afirmaram que isso é "praticamente impossível". Todos acreditam que o mais provável é que a criança já tivesse um problema na visão que acabou sendo descoberto por causa do incidente.
Segundo os oftalmologistas, o flash de uma câmera não tem potencial para causar dano permanente, principalmente por ser muito rápido e ter pouca intensidade. "Para causar um problema tão grave, a intensidade da luz precisaria ser muito alta e o tempo de exposição à ela muito prolongado. O flash de uma câmera dura uma fração de milésimo de segundo e não costuma ser tão intenso. Por isso, não faz sentido levar à cegueira", disse a oftalmologista Denise Fornazari, do Hospital de Clínicas da Unicamp.  
Mesmo para uma criança que tenha nascido prematura, por mais imaturas que as células da retina sejam, a possibilidade de dano permanente por causa do flash é quase nula. "Não há relatos de nenhum caso assim na literatura médica. Não é totalmente impossível, mas é muito improvável. O mais provável é que o bebê já tivesse uma doença que acabou sendo descoberta por causa disso", disse a oftalmologista Josenalva Cassiano, do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Entretanto, a especialista ressalta que fotos seguidas com flash não é bom para ninguém, mesmo para os adultos. "Pode ocorrer algum tipo de lesão por causa do tempo de exposição à luz. Muitos flashes seguidos podem causar algum tipo de lesão, mas não irreparável. Mesmo assim, é preciso ter bom senso", avaliou
O oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, em Campinas (SP), explica que uma luz muito forte e um pouco mais prolongada, como por exemplo o farol de um carro com luz alta no sentido oposto da estrada, pode causar saturação na retina a ponto de ofuscar a imagem por algum tempo, mas que no adulto, por exemplo, a visão é recuperada em questão de segundos. "No bebê também. Talvez a recuperação demore mais, mas recupera".
Segundo ele, o tempo de exposição ao flash dificilmente causaria problemas em bebês. "Existe mais risco aos olhos do bebê ao deixá-lo exposto diretamente ao sol por um período prolongado do que o flash que leva uma fração de milésimo de segundo", finalizou. 
A vontade quase irresistível de registrar todos os momentos de um recém-nascido pode trazer problemas ao bebê. Foi o caso de uma criança chinesa de 3 meses, que ficou cega de um dos olhos depois que uma fotografia foi tirada a uma distância de 25 centímetros.  A pessoa que fez o registro (um amigo dos pais do bebê) esqueceu que o flash estava ligado, e a família percebeu que alguma coisa estava errada em seu olho logo depois. O outro olho foi danificado parcialmente, e não existe tratamento. A luz da câmera atingiu a mácula, pequena parte do olho que nesta idade ainda está em desenvolvimento.
A oftalmologista Marize Pereira não acredita, no entanto, que o flash foi o único responsável pela cegueira. “Não creio que foi o responsável. Talvez a criança já tenha algum problema”, avalia.  Isso não significa, contudo, que não são necessários cuidados: a exposição contínua e muito próxima ao flash é prejudicial a todos.
“Não é bom que você faça a foto a menos de 30 centímetros”, alerta Marize. Também não é recomendado fazer fotos continuamente. E o flash tem maiores efeitos nas crianças porque sua estrutura ocular ainda está em formação. “A visão está em evolução até os 7 anos”, explica a oftalmologista.
Efeitos negativos do flash.
Um dos efeitos negativos possíveis é a ceratite, uma alteração na córnea, parte externa do olho. Outro é um inchaço na retina, região responsável por transmitir os estímulos luminosos ao cérebro.
Mesmo sem falar, os bebês são capazes de indicar um problema na visão. “As crianças mostram vários sinais. Eles inclinam a cabeça e esfregam no travesseiro, viram de bruços para fugir do reflexo de luz”, relata Marize. Outros sinais são olhos vermelhos ou lacrimejantes, e crianças que passam muito as mãos nos olhos.  A oftalmologista afirma que as maternidades não costumam alertar sobre o perigo do flash. “Deveria ser feito um comunicado aos pais do recém-nascido sobre os riscos”, critica. (AG)
A oftalmologista do Hospital das Clínicas de São Paulo Josenalva Cassiano afirma que não há relatos na literatura médica sobre isso.
“Há uma possibilidade praticamente inexistente de o flash causar lesão temporária – mas não irreversível –, principalmente pelo pouco tempo de exposição a essa luz”, esclarece.
“Existe mais chance de uma exposição duradoura ao sol causar algum problema do que um flash que dura milésimos de segundo”.
Segundo a médica, é muito mais provável que o bebê já tivesse algum problema que acabou sendo descoberto depois desse acontecimento.
Rubens Belfort Neto, oftalmologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explica que o flash de um celular normal não é suficiente para cegar ninguém.
“Para se ter uma ideia, quando se faz o teste do olhinho na maternidade a luz é super forte e não cega bebê algum”, conta.
“Para acontecer um dano na retina ou no nervo óptico do bebê teria de ser uma luz estupidamente forte, e esse não é o caso de uma luz comum de flash”.
O oftalmologista do Hospital CEMA, Minoru Fuji, diz que aquela mania de olhar o sol durante um eclipse, por exemplo, pode, sim, prejudicar os olhos. É semelhante a uma lupa que, sob o sol, queima um papel.
Flash pode até ajudar
Belfort Neto ensina que o fundo do olho é, naturalmente, vermelho. “Quando a criança está em meia-luz ou no escuro, a pupila se dilata. Ao bater uma foto com flash, a luz é muito rápida, entra no olho, bate na retina – que é vermelha – e volta vermelha”, explica o médico.
“Não dá tempo de a pupila fechar. Logo, na foto aparecem os olhos vermelhos”.
Quando um olho sai vermelho e outro branco, porém, é sinal de alerta, explica o oftalmologista.
“Quando a criança tem um tumor no fundo do olho, o retinoblastoma, ele é branco e cresce em cima da retina, como um tapete. Ao tirar a foto, o olho não sai vermelho, mas branco”, diz.
Pais ou responsáveis que observarem um reflexo assimétrico nos olhos de crianças até sete anos, em média, devem procurar um oftalmologista para uma investigação. Nem sempre um reflexo branco, porém, significa um tumor.
“No fundo do olho também fica o nervo óptico, que também é branco e fica desviado próximo ao nariz. Se ela estiver olhando um pouquinho para a esquerda na hora da foto, a luz pode bater no nervo óptico em um dos olhos e o reflexo voltar branco”, diz.
Por via das dúvidas, ele recomenda, é prudente consultar um oftalmologista para esclarecer.
“É como uma febre. Não significa que ela vai virar algo grave, mas é preciso investigar a causa”.

Disponível em: http://meiobit.com/323224/crianca-fica-cega-por-conta-de-disparo-de-luz-do-flash/; http://saude.ig.com.br/minhasaude/2015-07-30/medicos-esclarecem-e-impossivel-que-flash-tenha-cegado-bebe-chines.html; http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/bebe-fica-parcialmente-cego-apos-amigo-da-familia-fazer-foto-dele-com-flash-16986034; http://bomdia.eu/flash-cega-bebe-de-tres-meses/; http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2015/07/28/bebe-ficar-cego-com-flash-e-praticamente-impossivel-dizem-medicos.htm; http://www.osul.com.br/flash-de-camera-deixa-bebe-de-tres-meses-cego/. Acesso em: 26/08/2015.
Imagem disponível em: http://www.xalingo.com.br/blog/2015/08/o-flash-da-camera-pode-cegar-o-bebe/. Acesso em: 26/08/2015.