domingo, 28 de junho de 2015

LER POESIAS...

ou isto ou aquilo, leitura, poesia,Cecília Meireles,TuxPaint

As férias vão começar e nada mais bacana do que dedicar um tempinho, no meio da diversidade de opções de diversão, para a leitura. Ler é uma aprendizagem: criar o hábito de ler é como não esquecer de escovar os dentes antes de dormir. E é tão bom, dá tanto prazer.

"Que é Poesia?

          uma ilha
          cercada de palavras
          por todos os lados (...)"
               (Cassiano Ricardo)

     Poesia é palavra. É linguagem. Todo o gênio do poeta reside na invenção verbal (Jean Cohen - crítico de literatura). Poesia é uma forma peculiar de dizer, de expressar.

     Poesia não é, pois, a mera expressão de sentimentos. De uma dor de cotovelo. De uma decepção amorosa. De uma canção de amor.

     Poesia não é a comoção diante de um pôr-do-sol ou diante de uma paisagem. Até pode haver poesia numa declaração de amor ou num poema que descreva o entardecer. Mas - insista-se - a essência da poesia não está no próprio assunto, na expressão do sentimento, da comoção, do encantamento. Poesia é palavra.

"Não é com idéias que se fazem
versos, é com palavras".

               (Mallarmé, poeta francês)

"O poeta é poeta não pelo que
pensou ou sentiu, mas pelo que disse.
Ele não é criador de idéias, mas de palavras.
Todo seu gênio reside na invenção verbal."
               (Jean Cohen, professor e crítico literário)

     Na poesia, a língua ultrapassa sua função meramente comunicativa e se torna, ela própria, a matéria prima para a obra de arte. Dito de outro modo, na função poética o esforço do autor incide sobre a estrutura da mensagem, sobre a forma de dizer.

     Na poesia se evidenciam as potencialidades da linguagem: a conotação, a metáfora, todas as figuras de linguagem, a sonoridade, o ritmo; em suma, a maneira peculiar, diferente, nova, artística, criativa de expressar.

     Vamos aos exemplos?

     Como você avaliou o primeiro poema - "Luar"? Ótimo? Muito bom? Pois saiba que ali não há poesia. Não há poesia nesse poema simplesmente porque não existe ali a função poética, a linguagem poética, a maneira peculiar, diferente, nova, artística, criativa de expressar. A linguagem do poema "Luar" é um amontoado de lugares-comuns - palavras e expressões que andam na boca de todo mundo ou de um escritor ou poeta principiante. "Lua majestosa", "tapete de nuvens", "imensa quietude do universo", "raios argentinos", "véu negro da noite", "claridade branda e suave" e "manto branco de virgem" são expressões gastas pelo uso, surradas, sem originalidade, sem criatividade. E poesia é justamente a antítese de lugar-comum.

     A primeira pessoa que assim tivesse se expressado seria poeta, e seu poema poderia ser classificado de poesia.

     O poema "Luar" é de autoria de Gil Dumont Vêneto. Trata-se de um poema "ad hoc" (escrito para esse fim), para exemplificar o que não é poesia.


     O segundo poema - "Lua Cheia" - é de Cassiano Ricardo. Observe como o poeta é original ao identificar a lua cheia com um boião de leite, isto é, com um recipiente de vidro, cheio de leite. Trata-se de uma metáfora. Originalíssima. Criativa. Poética. Surpreendente. Observe também que Cassiano Ricardo considera a noite uma pessoa (personificação): "que a noite leva com mãos de treva". Há, finalmente, mais uma metáfora: o poeta concebe os raios do luar como se fossem "pingos brancos", que caem do "boião de leite".

     Não bastasse, o autor imprimir ritmo ao seu poema: há o predomínio de versos com quatro e seis sílabas, com acentuação bem definida.

     Em resumo, as metáforas originais, a personificação, o ritmo e a acentuação dão ao poema "status" de poesia.


     Vamos ao terceiro poema - "Poema da Partida". Talvez você já tenha condições de rever seus conceitos... sua avaliação. Pode-se dizer que no poema há poesia?

     Não, não há! E o motivo você já sabe: a linguagem não é poética, original, inusitada, artística. O poema é (quase) todo uma seqüência de lugares-comuns. Não deixa, no entanto, de ser um trabalho válido como iniciação à arte de escrever poesia. Talvez seja assim que os poetas comecem a escrever: repetindo o que os outros já disseram até chegar à originalidade.

Há diversos tipos de leitura e uma, particularmente, chama muito a atenção dos leitores que às vezes a amam, às vezes a detestam: a poesia. Para ler poesia é preciso disciplina e atenção, o resto é consequência. Uma vez abrindo a porta da intenção de conhecer o mundo, por intermédio da poesia, parece que ela está muito mais ao nosso alcance. E fica fácil aprender o estilo de cada poeta a partir do momento em que se começa a ler, podendo assim optar pelos que mais se afinam com nossa maneira de pensar e de sentir.
Assim, com a intenção de facilitar o conhecimento da poesia e o acesso à ela Francisco José Soares Feitosa criou o Jornal da Poesia. O Jornal de Poesia é o maior site de poesias da Internet, segundo seu Editor. No tempo em que as terminações "swf", "gifs" etc sugerem vários movimentos na rede, neste site só encontramos a palavra. Mas é a palavra dos vários e famosos poetas que escreveram a história da poesia mundial. E palavras que vão das mais belas até as mais ferozes. Basta clicar na primeira letra do nome do poeta e um mundo estará ao nosso alcance.
site começou a ser formado por iniciativa de um cearense que um dia, do ano de 1996, procurou em sites de buscas sobre Castro Alves, Luís de Camões, Gonçalves Dias e nada encontrou. Diante dessa escassez, ele descobriu que poderia resolver este problema para ele e para as outras pessoas que desejavam ler poesia, conto, prosa etc.
E para tanto colocou todo o alfabeto em um quadro, onde clicando nele abre-se a letra de cada inicial do nome dos poetas. As páginas de cada poeta contêm fotos dos autores dos poemas, poesias, e mais nada, além das mais belas palavras. É possível também encontrar a biografia dos poetas, contistas e críticos, algumas ilustrações aqui e acolá, mas nada mais relevante do que as palavras.
Há também uma parte dedicada ao Jornal do Conto - que começou em 2004, também com o objetivo de haver uma maior divulgação -; Feitosa Tributos - divulgação do proprietário do site e sua atuação na área de Direito Tributário Federal; e Jornal de Filosofia - ainda em construção, mas prometendo muito.
As fotos, ainda que raras, mostram uma certa "desorganização organizada" e há também algumas chamadas na parte inicial do site dando maior atenção ao que há de mais extraordinário no momento e dicas de como ler poesia - um bom exemplo, segundo o Editor: para ler a poesia de Gonçalves Dias é bom fazê-lo em voz alta.
Há seções como Manifesto da Fundação - a explicação de como tudo começou -; Expediente; Equipe e Conselho Editorial - uma pessoa só: Soares Feitosa; Como participar - onde podemos colaborar enviando poesias e poemas que ainda não pertençam à página; Poesia temática - onde podemos encontrar poesias separadas por temas, tais como: noiva, pai, mãe, mar etc.; Cordel - teorias, ensaios, poetas e antologias, já que o editor é do Ceará, da terra do cordel; Links de literatura; Academias Lusófonas - Academias que falam a língua portuguesa; Autoria negada - algumas autorias que são reconhecidas pelos verdadeiros autores; Perdidos & Achados - remetendo ao Google ; Pendências do Editor - nota do Editor que se compromete a responder t-o-d-o-s os e-mails e que fica dependendo única e exclusivamente da disponibilidade e boa vontade dos vírus que assolam a rede e, principalmente, o computador do Editor; Poesia viva no mundo lusófono - lugares onde os poetas se reúnem para conversar e/ou recitar poesias.


Disponível em: http://www.pucrs.br/gpt/poesia.php; http://www.educacaopublica.rj.gov.br/internet/sitedavez/0068.html. Acesso em: 28/06/2015.

Imagem disponível em: https://atividadesnotuxpaint.wordpress.com/. Acesso em: 28/06/2015.

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