quinta-feira, 30 de abril de 2015

É importante que o hábito da leitura seja adquirido desde a infância. De acordo com José Goldfarb, os pais e a escola têm papel fundamental nisso: "Eles devem dar o exemplo. Se os jovens não veem a paixão pelos livros em casa e nem nos professores, eles acabam associando com estudo e assim não descobrem a leitura por prazer". Eu tenho um exemplo aqui do lado. Estêvão Reis, meu colega do iba, começou a ler pra valer há 4 anos. Filho de professora, ele sempre viu a leitura como algo obrigatório e monótono. As coisas começaram a mudar quando ele veio para São Paulo. Depois de ver Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1 no cinema, nosso amigo ficou tão curioso para saber o que aconteceria na segunda parte que acabou comprando o livro. "Comecei sem pretensão, eu lia mais porque ficava de bobeira em casa, já que não conhecia quase ninguém na cidade". Resultado: ele adorou o livro e comprou a coleção completa de Harry Potter. Depois disso, mergulhou em outras séries, e depois em outras, e assim foi. Hoje, o Estêvão é um dos caras que mais lê aqui no iba (de três a quatro livros por mês). "Eu acho que a leitura infantil deve abranger o catálogo de best-sellers também, como O guia do mochileiro das galáxias, pois muitas vezes é mais acessível e o que prende a atenção. E a criança deve ter o poder de escolha do que ler, assim ela consegue desenvolver um perfil de leitura".
De 0 a 10, quanto a leitura é importante?
"Quem lê muito fala melhor, pensa melhor, escreve melhor e se torna mais bem sucedido", afirma Miriam Leitão, jornalista, escritora e apaixonada por livros desde criança. Ela me contou que era tão tímida que nem tinha coragem de sair de casa. Depois de começar a ler, percebeu que sempre que falava alguma coisa as pessoas paravam para ouvir. "Eu estava desenvolvendo minha mente! A leitura é uma espécie de musculação para o cérebro", afirma. De acordo com Miriam, é importante buscar coisas do seu interesse para tomar gosto pela leitura. "Com o tempo, vai ser possível apreciar uma bela história de Machado de Assis, ler Vidas secas, de Graciliano Ramos (livro que eu li várias vezes quando criança), perceber a exuberância deJorge Amado ou o português inventado que é quase música de Grande sertão: veredas".
E aí, já te convenci a entrar para o mundo da leitura? Se ainda não, tenho mais um argumento: os livros digitais. A existência deles permite que você leia por meio do dispositivo que for mais conveniente para você naquele momento. "Vejo com muito otimismo o fato de poder acessar tantas obras por computadores, tablets e mesmo celulares", diz Goldfarb. Por isso, não tem mais desculpa para ficar sem ler porque esqueceu o livro em casa. Ah, e assim como é possível ir a livrarias e ler um pouco de cada livro antes de escolher o que vai levar, no digital existe a possibilidade de baixar trechos gratuitamente dos e-books antes. Não gostou do que leu? Escolha outros até achar um que tenha a ver com você e seja bem-vindo ao universo dos leitores!
Confira algumas dicas para gostar de ler:
- Que tal começar por séries?
Como o final de um livro instiga o começo do próximo volume, você não vai ter vontade de parar de ler. ;)
- Descubra seu gênero preferido
Converse com amigos para saber o que estão lendo e veja quais assuntos mais interessam a você.
- Dê uma chace aos best-sellers
Geralmente, eles têm apelo mais abrangente e isso significa que as chances de você gostar são maiores.
- Leia trechos para ver se gosta do estilo de narrativa
Baixe capítulos grátis de e-books para escolher os que mais têm a ver com você.
- Comece por textos curtos
Se não gosta de ler coisas extensas, procure revistas ou jornais que trazem crônicas, contos...
- Leia um pouquinho todos os dias

Com o tempo, você vai criando o hábito e quando perceber vai estar lendo por horas.

- Fique longe de distrações
Antes de começar a ler, desligue a TV e afaste-se de tudo que possa distrair você.
- Lembre-se que a leitura não é uma maratona
Não se preocupe com a velocidade: é importante que você leia no seu tempo e preste atenção aos detalhes.
- Leia em momentos em que estiver relaxado
Assim a leitura vai fluir melhor. Pode ser no banheiro, antes de dormir...
- Começou um livro e não gostou? Passe para outro!
Ficar insistindo no livro vai fazer com que você associe a leitura a algo obrigatório e se afaste dela.
- Se gostou de um livro busque outros do mesmo autor
As chances de se identificar com eles são grandes, já que cada autor tem um estilo próprio de escrita.

Disponível em: http://www.brasilpost.com.br/nathalia-bottino/dicas-para-gostar-de-ler_b_5585204.html. Acesso em: 30/04/2015.

Imagem disponível em: http://encantamentodaalfabetizacao.blogspot.com.br/2011/10/tempo-para-gostar-de-ler.html. Acesso em: 30/04/2015.

terça-feira, 28 de abril de 2015

CRIANÇA E POLÍTICA


A criança não vota; o adolescente pode votar aos 16 anos. Mas existem outras formas de participar e fazer política. Para isso, comece a acompanhar o noticiário para saber o que se passa no mundo. Informar os pais (que votam) já é um bom começo. Traga a política para o lar: nos pequenos conflitos familiares, aprenda a negociar, a ceder, a respeitar e a se fazer respeitar, pois essas atitudes são fundamentais no exercício da política. Estando nos espaços públicos, respeite as normas e faça valer seus direitos; isto é política.

São chamadas de concidadãos as pessoas que não pertencem ao círculo familiar e com as quais a criança se relaciona. Cidadania exige que a criança se livre de preconceitos. Jamais se deve julgar de antemão as pessoas, diz o bom preceito de relação política. Não é porque são idosas ou portadoras de deficiência que as pessoas deverão ser excluídas de suas relações. É preciso  lembrar: a convivência com a diversidade é a base da democracia.

O bairro em que se vive deve ser preservado. Preservá-lo é um ato político. Não se admite que crianças e jovens se envolvam em atos de vandalismo, afinal equipamentos públicos são uma extensão da casa.

Entre os equipamentos coletivos de um bairro, o que merece cuidado da criança é a escola. Lugar de aprendizado das mais diferentes disciplinas, a escola é um espaço de aprendizado político. Nela se aprende a convivência, a tolerância e a prática da cidadania. Nela, por exemplo, pode-se participar do Grêmio Estudantil. Este é um direito dos estudantes.

PLANO DE AULA SOBRE POLÍTICA:

O que o aluno poderá aprender com esta aula
  1. Compreender e ampliar conceitos relacionados à política na atualidade.
  2. Reconhecer a importância de cada um exercer a cidadania política em diferentes espaços sociais.
  3. Identificar a necessidade do exercício político desde a infância, através da representatividade de alunos no contexto escolar.  
Duração das atividades
Três aulas de 50 minutos.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
É facilitador para o desenvolvimento da aula que os alunos saibam o que significa cidadania e que tenham conhecimentos básicos de leitura, interpretação e escrita.
Estratégias e recursos da aula

Comentários iniciais ao professor:

O tema política é polêmico, desafiador e possibilita o trabalho interdisciplinar por projetos, planejados e executados pelos professores das diversas áreas do conhecimento. Considera-se fundamental destacar que esta temática é de extrema importância para a conscientização das crianças acerca de seus papéis enquanto cidadãos. É oportuno destacar que, apesar de estarmos em ano eleitoral e próximo ao período das eleições, o tema política deve ser continuamente abordado. Daí a necessidade de um trabalho efetivamente interdisciplinar, visando à ampliação e à vivência das várias formas do exercício político.   

Atividade 1:   

Inicie a atividade dizendo aos alunos que, em duplas, terão que decifrar um enigma, para descobrir a palavra referente ao assunto a ser tratado na aula:   
(Professor, a resposta ao enigma é a palavra POLÍTICA).  
Após a resolução do enigma, pergunte aos alunos qual foi a palavra formada. Agora, pensando na palavra “POLÍTICA”, lance algumas questões para os alunos, incentivando a troca de ideias e o confronto de opiniões: Para vocês, o que é política? O que é fazer política? Política é assunto de criança? No dia-a-dia, vocês agem de forma política? Em que situações?   
A seguir, apresente a imagem abaixo e peça aos alunos que digam quais são os significados atribuídos à palavra “Política” nas diferentes manchetes de jornal. Neste momento, os professores de Língua Portuguesa e História poderão contribuir com as discussões (Se necessário, o professor de Português poderá trabalhar com o portador de texto – jornal, destacando a função das manchetes, comum a este gênero informativo).
Fonte: http://www.almg.gov.br/cedis/cartilha/Modulo%20Verde/Aula1/Default.htm (Esta imagem está disponível no tópico "Se liga"). 
Prosseguindo, distribua aos alunos o texto “A política”, para que seja lido e discutido coletivamente, com a mediação dos professores.  
A política
Onde há gente, há política. A palavra política tem diversos significados. O mais comum relaciona política ao poder público, mas ela também faz parte do nosso cotidiano.
Fazemos política em casa, no bairro, na escola, no trabalho e em outros contextos sociais.
Em casa, acompanhe o noticiário para saber o que se passa no mundo. Traga a política para o lar: nos pequenos conflitos familiares, aprenda a negociar, a ceder, a respeitar e a se fazer respeitar, pois essas atitudes são fundamentais no exercício da política.
O bairro em que se vive deve ser preservado. Preservá-lo é um ato político.
A escola é um espaço de aprendizado político. Nela se aprende a convivência, a tolerância, o respeito ao outro, o diálogo e a prática da cidadania. Na escola, por exemplo, pode-se participar do Grêmio Estudantil. Este é um direito dos estudantes. Uma forma de se fazer política!
Assim, estando nos espaços públicos, respeite as normas e faça valer seus direitos; isto é política.
Vale lembrar: política não é coisa só de político. Mesmo que criança não vote e que o adolescente só pode votar aos 16 anos, existem outras formas de participar e de fazer política. Nossa participação é decisiva nas pequenas coisas que nos atingem no dia-a-dia, até nas decisões importantes que o governo vai tomar e que são de interesse geral.
(Professor, este texto foi adaptado dos sítios relacionados abaixo. Ao visitá-los, você encontrará outras informações relativas ao tema. Vale à pena conferir!).

Atividade 2:

SITUAÇÕES POLITICAMENTE CORRETAS...

Para esta atividade, organize os alunos em grupos. Distribua para cada grupo uma lista com algumas situações, para serem lidas e analisadas pelos alunos. Eles deverão destacar aquelas consideradas politicamente corretas, apresentando argumentos que justifiquem as escolhas feitas.
Sugestão de situações:
. Jogar lixo no chão ou destampar bueiros entope a rede pluvial. Não observar as leis municipais que estabelecem, por exemplo, as regras de ligações de esgoto e de escoamento de água de chuva em residências também ajuda a complicar as coisas na hora das tempestades.
. A família é o primeiro grupo político da criança. Nela existem limites e regras comuns a qualquer relacionamento. A criança precisa aprender a respeitá-las.
. A escola é outro grupo político porque tem suas regras de funcionamento. Vivendo em conjunto, temos de respeitar regras de convívio grupal, conhecer e exercer nossos direitos e deveres.
. Atos de vandalismo em diferentes espaços sociais, destruição de equipamentos públicos, são notícias frequentes na televisão, na Internet e nos jornais.
. Jogar lixo no lugar certo é um ato político porque beneficia a comunidade, cultivando a atitude responsável com a coletividade.
 . Ser bem atendido ao pedir orientações ou solicitar algum tipo de serviço evita reclamações, pois os direitos do cidadão estão sendo respeitados.
. Diminuir gastos com energia elétrica, economizar água, preservar fauna e flora, devem ser ações políticas que fazem parte do nosso dia-a-dia.   
. Na escola, há alunos que atrapalham o andamento da aula, incomodam a turma com brincadeiras fora de hora, conversas paralelas, agressões físicas e verbais.   
. Em casa, na escola, no trabalho, há pessoas que colaboram entre si, que procuram fazer uma divisão mais justa de tarefas, visando o “bem comum”.  
(Professor, estas situações foram criadas a partir de textos disponíveis nos sítios:
http://www.camarapoa.rs.gov.br/portaldagurizada/pages/cidadania/index.html   Como a criança exerce a cidadania política?
Em seguida, cada grupo deverá socializar as situações escolhidas e as suas respectivas análises. Para enriquecer o debate, leia e discuta com os alunos a ação politicamente correta, realizada pelo cidadão Herbert de Souza (Betinho) e que, até os dias atuais, tem influenciado o pensamento e a atitude de várias pessoas.

Atividade 3:   

Para ampliar a reflexão sobre o exercício da cidadania política, apresente o vídeo “Série – TV CULTURA”, que mostra a importância da representatividade no contexto escolar, disponível no link

Após assistir ao vídeo, instigue os alunos a compreender a importância da representatividade como exercício político em algumas situações do contexto escolar e em outros âmbitos sociais.   
ORGANIZE UMA VOTAÇÃO!  
Analise juntamente com a turma, a questão da representatividade de alunos em sua escola: Há representantes de classe na escola? Eles têm exercido este papel de forma ética e democrática? Costumam consultar os colegas quando têm que deliberar sobre assuntos de interesse coletivo? Respeitam e defendem as ideias e decisões do grupo de colegas?  
De acordo com a análise feita, você poderá sugerir a realização de um ”REFERENDO”. Informe aos alunos que referendo é um tipo de votação em que basta as pessoas responderem SIM ou NÃO a uma questão de interesse geral. Este referendo poderá acontecer de forma ampla, envolvendo todos os alunos e professores da escola.
Questão sugerida para o referendo:   
Você concorda em manter representantes de classe na escola? (Professor, se em sua escola não tem representantes de classe, formule a seguinte questão: Você acha que é importante ter representantes de classe na escola?).
Os professores das diversas áreas de conhecimento da escola deverão trabalhar com os alunos sobre aspectos relacionados a esse exercício político e democrático – a votação: o voto é um direito e um dever do cidadão, é livre, é secreto; por meio do voto, as pessoas fazem escolhas; em casos de fraudes, a votação é anulada, dentre outros.   
Para saber mais sobre representatividade e processo de votação, acesse o link
Para organizar a votação é preciso:   
. Locais previamente estabelecidos para a votação
. Urnas (que poderão ser feitas com caixas de papelão)
. Cédulas para votação: (  ) SIM    (  ) NÃO
. Listas para serem assinadas pelos votantes  
O professor de Matemática poderá colaborar no momento da contagem e tabulação dos votos. O resultado da votação deverá ser divulgado para toda a comunidade escolar.   
De acordo com o resultado do referendo, é importante abrir espaços de reflexão, análise e avaliação do processo de representatividade de alunos na escola.   
Para finalizar, sugerimos a produção de um “vídeo-jornal” sobre política, com a participação dos professores de Português e de Informática. Neste vídeo poderão ser reunidas as informações pesquisadas e discutidas durante a aula e incluídas sugestões de vídeos, textos, filmes, livros e outros sítios relacionados ao tema.
Caso os resultados da votação sejam favoráveis à adoção ou permanência de representantes de classe, os professores poderão se organizar juntamente com os alunos para a realização da Eleição de Representantes de Classe na escola, como exercício de um processo político.
Recursos Complementares
Professor, sugerimos abaixo links interessantes relacionados ao assunto para seu conhecimento ou para acrescentar à aula:
http://www.rubemalves.com.br/  (Clicar em "Novidades": Explicando política às crianças I, II, III E IV). 
http://sitededicas.uol.com.br/a_raposa_e_o_macaco.htm  Fábula: A raposa e o macaco  
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=13140    Protagonismo infantil no processo político - As crianças e a elaboração legislativa na virada dos anos 80  
http://www.avozdocidadao.com.br/detailAgendaCidadania.asp?ID=1596    Informações importantes para o controle social sobre políticas para a infância - Ministério Público do Paraná lança cartilha “Município que Respeita a Criança”
http://www3.fundabrinq.org.br/dotnetnuke/contato/perguntas-frequentes/programa-prefeito-amigo-da-crianca-.aspx    Programa: Rede Prefeito Amigo da Criança (Este programa é iniciativa da Fundação Abrinq, com o apoio do Unicef. Procura ouvir as ideias da garotada e aperfeiçoar as medidas políticas que se referem às crianças e aos adolescentes.Os alunos podem pedir ao prefeito de sua cidade que participe deste programa).
Referência Bibliográfica:   
DELRIEU, Alexia, MENTHON, Sophie de. A política. O mundo de hoje explicado às crianças. São Paulo: Ática, 2008.
Avaliação
A avaliação deverá ser contínua, processual e diagnóstica durante todo o desenvolvimento da aula: acompanhar e avaliar os alunos nas diferentes etapas do processo de aprendizagem, compreender as estratégias utilizadas por eles na construção do conhecimento e organizar formas de intervenção adequadas às reais necessidades dos alunos e que possibilitem avanços cognitivos.   
Auto-avaliação dos alunos (oral ou por escrito): Participação individual e grupal nos diferentes momentos da aula propostos pelo professor.      
Avaliação dos alunos pelo professor: Respeito aos momentos de fala e de escuta e às opiniões dos colegas. Envolvimento e participação dos alunos nas atividades propostas. Avaliar se os alunos conseguiram: compreender e ampliar conceitos relacionados à política; reconhecer que a cidadania política está presente em diversas ações do dia-a-dia; organizar e participar de uma votação como exercício político no contexto escolar.

Disponível em: http://www.paranasemcorrupcao.org.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=35. Acesso em: 28/04/2015.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

ALFABETIZAÇÃO E SURDEZ

Ninguém fala a mesma língua sobre a alfabetização de surdos. Ilustração: Benett


Para aprender a escrita da Língua Portuguesa, no caso da criança surda brasileira, ela deve ter adquirido uma primeira língua, a Libras. Este contato deveria começar na família, uma vez que esta deveria utilizar a língua de sinais no seu cotidiano, e ser uma continuidade em outros espaços como a escola, espaço de lazer e outros, porém nem sempre a língua de sinais é conhecida nestes ambientes. Como justificativa para este fato, Quadros e Schmiedt (2006) afirmam que isso ocorre principalmente porque a maioria das crianças surdas são filhas de pais ouvintes.

Ao falar sobre a importância da língua de sinais para a criança surda no aprendizado da Língua Portuguesa, que é segunda língua para o indivíduo surdo, Fernandes (2006) afirma que: Sem sua mediação, os alunos não poderão compreender as relações textuais na segunda língua, já que necessitam perceber o que é igual e o que é diferente entre sua primeira língua e a língua que estão aprendendo (FERNANDES, 2006, p. 14). Diante dessa afirmativa, é importante que a criança surda adquira a Libras antes de iniciar o processo de alfabetização, para que ela possa identificar as diferenças entre a sua língua e a Língua Portuguesa escrita, e comece a estabelecer formas de compreensão através de estratégias criadas pelos próprios professores na tentativa de fazer com que a ela reconheça tais diferenças. Devido ao impedimento auditivo, a criança surda não faz a relação grafema/fonema de forma natural como a criança ouvinte. Com isso, novos procedimentos e estratégias didáticas devem ser adotados na alfabetização dessas crianças como, por exemplo, o uso de figuras, pois, já que o surdo é um sujeito visual, o auxílio de figuras facilita sua aprendizagem. Assim como a utilização de palavras impressas em Língua Portuguesa, vídeos, objetos, entre outros. Segundo Quadros (2008), as crianças surdas devem estabelecem visualmente as relações de significação com a escrita. Assim, a criança surda, por ter uma língua espaço-visual, busca nela o sentido que a levará a entender a escrita em Língua Portuguesa, mas para isso é importante que o seu direito seja respeitado: ter acesso à língua de sinais como primeira língua (L1), e aprender a Língua Portuguesa como segunda língua (L2). 

Após várias lutas e debates pelo direito educacional das pessoas surdas, em 24 de abril de 2002 é sancionada a Lei 10.436, intitulada Lei de Libras, reconhecendo-a como língua, bem como a segunda língua oficial do país. O Decreto 5.626/05 que regulamenta a referida lei assegura que: 

Art. 14. As instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às pessoas surdas acesso à comunicação, à informação e à educação nos processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação, desde a educação infantil até a superior. § 1 o Para garantir o atendimento educacional especializado e o acesso previsto no caput, as instituições federais de ensino devem: II - ofertar, obrigatoriamente, desde a educação infantil, o ensino da Libras e também da Língua Portuguesa, como segunda língua para alunos surdos; (BRASIL, 2005, p.04) (grifo nosso) Esse Decreto vem como um grande avanço na educação de surdos porque assegura a melhor forma de aprendizagem para as crianças surdas, o acesso a Libras desde a Educação Infantil, além de orientar os profissionais da educação para atenderem a esse público e apresentarem a Língua Portuguesa escrita como L2. É importante ressaltar que o contato da Libras deve ser iniciado na Educação Infantil, mas, infelizmente, essa ainda não é a nossa realidade. Observamos durante o período de estágio que crianças surdas e ouvintes são agrupadas em Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI’s) e têm a mesma forma de ensino: baseada no oralismo e pouco visual, o que faz com que as crianças surdas sejam enquadradas em um processo de aprendizagem que beneficia apenas os ouvintes. 

A reflexão sobre a língua surge a partir de experiências adquiridas pela criança com o tempo, em que ela começará a entender o sentido da língua dentro dos vários contextos existentes. Com isso, a criança irá transpor o significado de todos os processos vividos para a escrita, em que atribuirá um significado a ela. Ler e escrever em sinais e em português são processos complexos que envolvem uma série de tipos de competências e experiências de vida que as crianças trazem. As competências gramatical e comunicativa das crianças são elementos fundamentais para o desenvolvimento da leitura e escrita (QUADROS, 2006, p.31). Diante disso, entendemos que se torna inviável a criança ser alfabetizada em uma segunda língua, sem ter domínio de uma primeira. O conhecimento de mundo que é trazido pela criança é de grande valia para que o desenvolvimento da língua escrita se dê de forma mais completa. “A leitura do mundo precede a leitura da palavra” (FREIRE, 1988, p. 09). Assim, tão importante quanto estar alfabetizado em uma língua escrita, é trazer essa leitura de mundo citada por Freire (1988), que se mostra como primordial no processo de alfabetização, a partir do momento em que o sujeito utiliza esse conhecimento de mundo para se beneficiar em atividades que exijam um conhecimento que vá além das palavras. 

Hoje no Brasil, por meio de uma nova perspectiva educacional, que é a educação bilíngue5 , os alunos surdos têm a oportunidade de acesso a uma educação por meio da Libras e a se apropriar da Língua Portuguesa em sua modalidade escrita. Ou seja, o bilinguismo não só respeita a língua dos surdos, como também considera outros aspectos que influenciam diretamente na educação desses sujeitos promovendo um melhor ensino-aprendizagem. É através do bilinguismo que a criança surda pode se apropriar da língua de sinais conhecendo seus vários aspectos e de adquirir a segunda língua (na modalidade escrita) com mais facilidade através de atividades e metodologias que facilitam a aprendizagem da Língua Portuguesa escrita. 

As atividades sugeridas aos professores objetivam chegar na leitura e escritura da língua portuguesa como segunda língua. Assim, as atividades sempre são antecedidas pela leitura de textos em sinais. A leitura precisa estar contextualizada. Os alunos que estão se alfabetizando em uma segunda língua precisam ter condições de “compreender” o texto. Isso significa que o professor vai precisar dar instrumentos para o seu aluno chegar à compreensão. Provocar nos alunos o interesse pelo tema da leitura por meio de uma discussão prévia do assunto, ou de um estímulo visual sobre o mesmo, ou por meio de uma brincadeira ou atividade que os conduza ao tema pode facilitar a compreensão do texto. 

Há, pelo menos dois tipos de leitura, quando se discute esse processo na aquisição de segunda língua: a leitura que apreende as informações gerais do texto, ou seja, dá uma idéia mais geral do que o texto trata, e a leitura que apreende informações mais específicas, isto é, adentra em detalhes do texto que não necessariamente tenham implicações para a compreensão geral do texto. Os dois tipos de leitura são importantes quando se está aprendendo a ler em uma segunda língua e podem ser objetivo de leitura ao longo do processo de aquisição. O professor precisa preparar as atividades de leitura visando um e/ou outro nível de acordo com as razões que levaram os alunos a terem interesse a ler um determinado texto. Nesse sentido, a motivação para ler um texto é imprescindível. A criança surda precisa saber por que e para que vai ler. O assunto escolhido como temática na leitura vai variar de acordo com as atividades e interesses dos alunos. Instigar nos alunos, durante a leitura, a curiosidade pelo desenrolar dos fatos no texto é fundamental. No caso de histórias, por exemplo, pode-se parar a leitura em um ponto interessante e continuá-la somente em outro momento, deixando nos alunos a expectativa do que irá acontecer, permitindo que opinem sobre o desfecho da mesma e comparando posteriormente com o final escolhido pelo autor. O professor precisa conversar na língua de sinais sobre o que a leitura estará tratando. Isso não necessariamente implica em ler o texto em sinais, mas sim conversar sobre o texto ou trazer o texto dentro do contexto das atividades já em desenvolvimento na sala de aula. Além disso, muitas vezes discutir sobre alguns elementos lingüísticos presentes no texto pode ser muito útil para o aluno que está aprendendo a ler. Trabalhar com palavras-chaves também pode ser muito útil para o novo leitor. Isso não significa listar o vocabulário presente no texto, mas discutir com os alunos sobre as palavras que aparecem no texto estimulando-os a buscar o seu significado. Outra alternativa é estimular a busca no dicionário, desde que isso não se aplique ao texto inteiro. Algumas questões que os professores devem manter em mente quando preparam uma atividade de leitura são as seguintes: z Qual o conhecimento que os alunos têm da temática abordada no texto? z Como esse conhecimento pode ser explorado em sala de aula antes de ser apresentado o texto em si? z Quais as motivações dos alunos para lerem o texto? z Quais as palavras fundamentais para a compreensão do texto? z Quais os elementos lingüísticos que podem favorecer a compreensão do texto? Outro aspecto a ser considerado ao se propor atividades de leitura em uma segunda língua são os tipos de textos. Conforme Quadros (1997), os textos apresentados aos alunos surdos devem ser textos verdadeiros, ou seja, não se simplificam os textos que existem, mas se apresentam textos adequados à faixa etária da criança, por isso os contos e histórias infantis são muito apropriados nas séries iniciais do ensino fundamental. Além desses tipos de textos, é possível trabalhar com histórias em quadrinhos, textos jornalísticos, trechos de livros didáticos e assim por diante. O mais importante é o texto fazer sentido para a criança no contexto da sala de aula e para a sua vida. 

Sugestões de atividades para o ensino da língua portuguesa para surdos:

 2.1 Trabalhando com o “SACO DAS NOVIDADES” 

2.1 Trabalhando com o “SACO DAS NOVIDADES” Esta é uma dinâmica realizada na educação infantil de uma escola de surdos do Rio Grande do Sul e que foi aqui adaptada para o trabalho com a língua portuguesa. OBJETIVOS z Estimular na criança a habilidade de expressar-se perante um grupo; z Desenvolver na criança a capacidade de expor seus pensamentos de forma clara e organizada, situando-se no tempo e no espaço, utilizando este recurso como apoio. MATERIAL z 1 saco de pano, com a inscrição SACO DAS NOVIDADES no centro e o nome da criança abaixo, em cola colorida, tinta para tecido ou bordado.

DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE z Cada criança deve possuir seu próprio Saco das Novidades que será levado para casa toda 6ª feira; z Durante o final de semana colocará no saco um objeto ou qualquer material que represente ou faça parte de alguma atividade realizada neste período (seja um passeio, uma brincadeira, um lanche, um momento em casa,...).Se não houver possibilidade de colocar uma representação concreta, que seja então uma folha com um desenho da atividade desenvolvida. z O Saco das Novidades deve ser trazido e explorado em sala sempre na 2ª feira. A criança mostra o objeto e conta em língua de sinais o que ele significa, que atividade representa, onde e quando foi realizada, quem participou dela.... Se não consegue fazê-lo espontaneamente o professor pode,num primeiro momento, auxiliar fazendo-lhe alguns questionamentos: “O que você trouxe aí?”, “É seu? Não? De quem é?”, “Quando fez isto, foi no sábado ou no domingo?”, “Você gostou?”,... z Conforme o nível de aprendizagem da turma,após a atividade anterior, pode-se: – fazer o registro individual ou em grupo; escrito ou ilustrado; – montar histórias em quadrinhos que podem ser trocadas entre as crianças para que recontem a atividade do colega em língua de sinais, pro-porcionando a troca e o desenvolvimento lingüístico; – aproveitar algum registro para o trabalho de português; – e tantas outras atividades que venham de encontro aos objetivos traçados pelo professor. Exemplo: Uma criança traz dentro do saco uma boneca de pano nova. Uma criança traz dentro do saco uma boneca de pano nova.

a) Momento de conversação e exploração do objeto em língua de sinais: z A criança pode contar como e quando a ganhou, quem a fez, onde a ganhou, como é a boneca, o que achou de tê-la ganho, se ela tem outras bonecas ou não, como e onde ela brinca com bonecas, se já escolheu um nome para sua boneca nova.... z Após este momento as outras crianças podem manusear a boneca, fazer perguntas e o professor pode aproveitar para explorar mais algum detalhe. z Depois que todos tenham mostrado e contado o que trouxeram faz-se o registro dos mesmos. b) O registro pode ser em grupo, de duas formas: z Exemplo 1: A cada semana as crianças escolhem a novidade de um dos colegas e formam o texto em conjunto.

Registro do Saco da Novidade: 
 Ana Ana trouxe uma boneca de pano. Ela ganhou esta boneca da vovó no domingo. Foi a vovó quem a costurou. Domingo à noite Ana colocou a boneca em sua cama e dormiu com ela. Ana ainda não escolheu um nome para sua boneca nova.

Disponível em: https://www.ufpe.br/ce/images/Graduacao_pedagogia/pdf/2013/tcc_final_dalila_santos_isabela_gomes.pdf; http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/port_surdos.pdf. Acesso em: 27/04/2015.

Imagem disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/ninguem-fala-mesma-lingua-alfabetizacao-surdos-inclusao-787415.shtml. Acesso em: 27/04/2015.

domingo, 26 de abril de 2015

FORMANDO SÍLABAS

Resultado de imagem para silabas

Algumas crianças podem achar o conceito de formar sílabas difícil de aprender. Professores e pais podem facilitar a dificuldade de aprender sílabas usando uma combinação de estratégias que façam o aprendizado não só divertido mas também efetivo.

Leitura orientada

Leitura orientada habilita leitores emergentes a desenvolver essa capacidade. Entre as habilidades aprendidas, está a de decifrar palavras com sílabas. Durante a leitura orientada, alunos leem o texto em voz alta. Quando um aluno passa por dificuldades ao interpretar sílabas, o professor deve instruir a separar a palavra em sílabas. Será pedido ao aluno para por um traço onde há a separação de sílabas para cada palavra. Essa tática assegura que o aluno pratique com palavras e também ganhe um feedback imediato, garantindo que aquela parte foi compreendida corretamente.

Jogo de bater palmas

Jogos proporcionam outro método para ensinar às crianças a separação de sílabas. Um método envolve bater palmas. Ao fazer isso, crianças aprendem sílabas através da associação com o ritmo. Primeiro, as crianças estão familiarizadas com a definição e o conceito de sílabas. Então o professor dá aos alunos exemplos de palavras com sílabas. Em cada palavra, o professor bate palmas em cada sílaba. Depois da sala começar a entender mais sobre separação de sílaba, as crianças serão pedidas para bater palmas junto com o professor.

Separação de sílabas

Durante a separação de sílabas, alunos são encorajados a estudar uma lista de palavras e sílabas. Depois da preparação, os alunos são submetidos a exercícios com tempo. Os exercícios irão conter uma quantidade de sílabas aleatórias e palavras com diferentes tipos de sílabas, normalmente em torno de 20 palavras. Estudantes irão ler as palavras e sílabas rapidamente em um minuto. Durante o exercício, o professor marca as respostas incorretas. O propósito dessa atividade é encorajar a prática de sílabas de uma forma engajada e divertida. O exercício também permite ao aluno ver o seu progresso e como ele está sendo mais rápido e preciso.

Exercício no espelho

Espelhos proporcionam um jeito divertido para alunos entenderem o conceito de sílabas e como pronunciá-las corretamente. Durante esse exercício, professores entregam pequenos espelhos para cada aluno. Os alunos então irão olhar no espelho e repetir as palavras com as sílabas nele. Para aprender a reconhecer cada sílaba, professores irão instruir alunos a prestarem atenção em como muitas vezes eles abrem a boca pronunciando cada palavra.
Outra maneira de ensinar
Formar para a criança, pedir para ela repetir o que foi feito, sempre dando significado à palavra.
Apresentar fichas com sílabas, misturá-las e pedir para as crianças em duplas, trios, formarem palavras conhecidas.Outra sugestão é pedir para a criança separar as sílabas que ela conhece e tentar formar as palavras. São atividades que são desafios que elas gostam...se divertem e aprendem.
Neste processo também é viável trabalhar palavras com duas sílabas, depois três e assim por diante.
Segue abaixo algumas das tabelas ou silabários e atividades que podem ser úteis na sua prática pedagógica:




Disponível em: http://www.ehow.com.br/otima-maneira-ensinar-formar-silabas-info_167066/; http://rosangelaprendizagem.blogspot.com.br/2012/05/estrategia-de-escrita-e-leitura-tabelas.html. Acesso em: 26/04/2015.

Imagem disponível em: http://www.colinstattoos.com/imprimir-silabas-trabadas-para-colorear/dibujos-colorear*com%7Cwp-content%7Cuploads%7CHLIC%7Cfbc8281f21eb12815333bb69c3775d6e*jpg/dibujos-colorear*com%7Csilabas-trabadas*html/. Acesso em: 26/04/2015.

sábado, 25 de abril de 2015

ALFABETIZAÇÃO CORPORAL


O Alfabeto Corporal descreve uma experiência de psicomotricidade que vem de encontro à necessidade que o ser humano tem de se harmonizar com o mundo exterior, na busca do equilíbrio entre o racional e o emocional”.Com a prática do Alfabeto Corporal deixamos nosso corpo revelar nosso inconsciente e mostrar toda riqueza, energia e força represadas dentro de nós mesmos. O alfabeto corporal é uma atividade que proporciona a seus praticantes uma melhor qualidade de vida. Sua prática estimula o desenvolvimento do ser humano em seus aspectos bio-psico-social-emocional, pois pela oportunidade de nos expressarmos corporalmente vamos aliviar tensões e relaxar. Para formar cidadãos atuantes e conscientes não basta apenas ensinar as letras com seus usos distintos na sociedade. É preciso alfabetizá-lo também na linguagem corporal para que ele possa interagir de maneira plena no seu grupo social. Crianças não alfabetizadas são muito beneficiadas, pois é uma excelente atividade de prontidão, visto que ela interioriza corporalmente o alfabeto antes de conhecer os símbolos. A prática do alfabeto possibilita fazer leituras das mais variadas. É possível sentir diferenças em algumas reações quando descrevemos as vogais ou as consoantes, ou se fazemos uso dos membros superiores e inferiores. Pode-se dizer que os braços e mãos exteriorizam nossos sentimentos como alegria, tristeza, negação, agressividade, devoção. É uma forma de comunicar nossa natureza com o mundo, eliminando as tensões que sobrecarregam nosso inconsciente. Com as crianças, essa prática satisfaz a necessidade de movimento e ação (característica da infância) e também estimula a expressão e o conhecimento corporais. OS braços, mãos, postura do corpo, olhos... enfim, todo o nosso corpo, emite frases inteiras que nossas vozes não pronuciaram. E esta linguagem é desenvolvida concomitantemente com o desenvolvimento da percepção de cada um, da consciência que ele tem de si e do mundo que o cerca. A movimentação consciente do corpo proporciona conhecimento de suas partes e também do espaço que ele ocupa. O alfabeto corporal é uma atividade que proporciona a seus praticantes uma melhor qualidade de vida. Sua prática estimula o desenvolvimento do ser humano em seus aspectos bio-psico-social-emocional; pois, pela oportunidade de nos expressarmos corporalmente, vamos aliviar tensões e relaxar. Para formar cidadãos atuantes e conscientes não basta apenas ensinar as letras com seus usos distintos na sociedade. É preciso alfabetizá-los, também, na linguagem corporal, para que eles possam interagir de maneira plena em seu grupo social. Crianças não alfabetizadas são muito beneficiadas, pois é uma excelente atividade de prontidão, visto que elas interiorizam corporalmente o alfabeto antes de conhecerem os símbolos. Além disso, as ações intencionais dos movimentos de cada letra, dissociadas ou associadas, não envolvem simplesmente a mobilização de certos grupos musculares, como na ginástica. Seus movimentos significativos estimulam: respiração, equilíbrio, postura, coordenação motora, lateralidade, flexibilidade, tonicidade muscular, ritmo, harmonia na expressão corporal, criatividade.

Disponível em: http://www.esporteeducacao.org.br/?q=node/2311#comments. Acesso em: 25/04/2015.

Imagem disponível em: http://www.salesianoitajai.g12.br/noticia/jogos-corporais-no-1-ano-d/. Acesso em: 25/04/2015.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

NOVOS ESPAÇO DE APRENDIZAGEM


A sala de aula é o espaço privilegiado quando pensamos em escola, em aprendizagem. Esta nos remete a um professor na nossa frente, a muitos alunos sentados em cadeiras olhando para o professor, uma mesa, um quadro negro e, às vezes, um vídeo ou computador.
Com a Internet e as redes de comunicação em tempo real, surgem novos espaços importantes para o processo de ensino-aprendizagem, que modificam e ampliam o que fazíamos na sala de aula.
Abrem-se novos campos na educação on-line, através da Internet, principalmente na educação a distância.  Mas também na educação presencial a chegada da Internet está trazendo novos desafios para a sala de aula, tanto tecnológicos como pedagógicos.
O professor, em qualquer curso presencial, precisa hoje aprender a gerenciar vários espaços e a integrá-los de forma aberta, equilibrada e inovadora. O primeiro espaço é o de uma nova sala de aula equipada e com atividades diferentes, que se integra com a ida ao laboratório para desenvolver atividades de pesquisa e de domínio técnico-pedagógico. Estas atividades se ampliam e complementam a distância, nos ambientes virtuais de aprendizagem e se complementam com espaços e tempos de experimentação, de conhecimento da realidade, de inserção em ambientes profissionais e informais.
Antes o professor só se preocupava com o aluno em sala de aula. Agora, continua com o aluno no laboratório (organizando a pesquisa), na Internet (atividades a distância) e no acompanhamento das práticas, dos projetos, das experiências que ligam o aluno à realidade, à sua profissão (ponto entre a teoria e a prática).
Antes o professor se restringia ao espaço da sala de aula. Agora precisa aprender a gerenciar também atividades a distância, visitas técnicas, orientação de projetos e tudo isso fazendo parte da carga horária da sua disciplina, estando visível na grade curricular, flexibilizando o tempo de estada em aula e incrementando outros espaços e tempos de aprendizagem.
Educar com qualidade implica em ter acesso e competência para organizar e gerenciar as atividades didáticas em, pelo menos, quatro espaços:

1. Uma nova sala de aula


A sala de aula será, cada vez mais, um ponto de partida e de chegada, um espaço importante, mas que se combina com outros espaços para ampliar as possibilidades de atividades de aprendizagem.
O que deve ter uma sala de aula para uma educação de qualidade?
Precisa fundamentalmente de professores bem preparados, motivados, e bem remunerados e com formação pedagógica atualizada. Isso é incontestável.
Precisa também de salas confortáveis, com boa acústica e tecnologias, das simples até as sofisticadas. Uma sala de aula hoje precisa ter acesso fácil ao vídeo, DVD e, no mínimo, um ponto de Internet, para acesso a sites em tempo real pelo professor ou pelos alunos, quando necessário.
Um computador em sala com projetor multimídia são recursos necessários, embora ainda caros, para oferecer condições dignas de pesquisa e apresentação de trabalhos a professores e alunos. São poucos os cursos até agora bem equipados, mas, se queremos educação de qualidade, uma boa infra-estrutura torna-se cada vez mais necessária. 
Um projetor multimídia com acesso a Internet permite que o professores e alunos mostrem simulações virtuais, vídeos, jogos, materiais em CD, DVD, páginas WEB ao vivo. Serve como apoio ao professor, mas também para a visualização de trabalhos dos alunos, de pesquisas, de atividades realizadas no ambiente virtual de aprendizagem (um fórum previamente realizado, por exemplo). Podem ser mostrados jornais on-line, com notícias relacionadas com o assunto que está sendo tratado em classe. Os alunos podem contribuir com suas próprias pesquisas on-line. Há um campo de possibilidades didáticas até agora pouco desenvolvidas, mesmo nas salas que detêm esses equipamentos.
Essa infra-estrutura deve estar a serviço de mudanças na postura do professor, passando de ser uma “babá”, de dar tudo pronto, mastigado, para ajudá-lo, de um lado, na organização do caos informativo, na gestão das contradições dos valores e visões de mundo, enquanto, do outro lado, o professor provoca o aluno, o “desorganiza”, o desinstala, o estimula a mudanças, a não permanecer acomodado na primeira síntese.
Do ponto de vista metodológico o professor precisa aprender a equilibrar processos de organização e de “provocação” na sala de aula. Uma das dimensões fundamentais do educar é ajudar a encontrar uma lógica dentro do caos de informações que temos, organizar numa síntese coerente (mesmo que momentânea) das informações dentro de uma área de conhecimento. Compreender é organizar, sistematizar, comparar, avaliar, contextualizar. Uma segunda dimensão pedagógica procura questionar essa compreensão, criar uma tensão para superá-la, para modificá-la, para avançar para novas sínteses, novos momentos e formas de compreensão. Para isso o professor precisa questionar, tensionar, provocar o nível da compreensão existente.
Predomina a organização no planejamento didático quando o professor trabalha com esquemas, aulas expositivas, apostilas, avaliação tradicional. O professor que dá tudo mastigado para o aluno, de um lado facilita a compreensão; mas, por outro, transfere para o aluno, como um pacote pronto, o nível de conhecimento de mundo que ele tem.
Predomina a “desorganização” no planejamento didático quando o professor trabalha encima de experiências, projetos, novos olhares de terceiros: artistas, escritores...
Em qualquer área de conhecimento podemos transitar entre a organização da aprendizagem e a busca de novos desafios, sínteses. Há atividades que facilitam a organização e outras a superação. O relato de experiências diferentes das do grupo, uma entrevista polêmica podem desencadear novas questões, expectativas, desejos. Mas também há relatos de experiências ou entrevistas que servem para confirmar nossas idéias, nossas sínteses, para reforçar o que já conhecemos.
Por exemplo, na utilização do vídeo na escola, vejo dois momentos ou focos que podem alternar-se e combinar-se equilibradamente:
1)     Quando o vídeo provoca, sacode, provoca inquietação e  serve como abertura para um tema, como uma sacudida para a nossa inércia. Ele age como tensionador, na busca de novos posicionamentos, olhares, sentimentos, idéias e valores. O contato de professores e alunos com bons filmes, poesias, contos, romances, histórias, pinturas alimenta o questionamento de pontos de vista formados, abre novas perspectivas de interpretação, de olhar, de perceber, sentir e de avaliar com mais profundidade.
2)    Quando o vídeo serve para confirmar uma teoria, uma síntese, um olhar específico com o qual já estamos trabalhando. É o vídeo que ilustra, amplia, exemplifica.

O vídeo e as outras tecnologias tanto podem ser utilizados para organizar como para desorganizar o conhecimento. Depende de como e quando os utilizamos.

Educar um processo dialético, quando bem realizado, mas que, em muitas situações concretas, se vê diluído pelo peso da organização, da massificação, da burocratização, da “rotinização”, que freia o impulso questionador, superador, inovador.


Um dia todas as salas de aula estarão conectadas às redes de comunicação instantânea. Como isso ainda está distante, é importante que cada professor programe em uma de suas primeiras aulas uma visita com os alunos ao “laboratório de informática”, a uma sala de aula com micros suficientes conectados à Internet. Nessa aula (uma ou duas) o professor pode orientá-los a fazer pesquisa na Internet, a encontrar os materiais mais significativos para a área de conhecimento que ele vai trabalhar com os alunos; a que aprendam a distinguir informações relevantes de informações sem referência. Ensinar a pesquisar na WEB ajuda muito aos alunos na realização de atividades virtuais depois, a sentir-se seguros na pesquisa individual e grupal.
 Uma outra atividade importante nesse momento é a capacitação para o uso das tecnologias necessárias para acompanhar o curso em seus momentos virtuais: conhecer a plataforma virtual, as ferramentas, como se coloca material, como se enviam atividades, como se participa num fórum, num chat, tirar dúvidas técnicas. Esse contato com o laboratório é fundamental porque há alunos pouco familiarizados com essas novas tecnologias e para que todos tenham uma informação comum sobre as ferramentas, sobre como pesquisar e sobre os materiais virtuais do curso.
Tudo isto pressupõe que os professores foram capacitados antes para fazer esse trabalho didático com os alunos no laboratório e nos ambientes virtuais de aprendizagem (o que muitas vezes não acontece).

Quando temos um curso parcialmente presencial podemos organizar os encontros ao vivo como pontuadores de momentos marcantes. Primeiro, nos encontramos fisicamente para facilitar o conhecimento mútuo de professores e alunos. Ao vivo é muito mais fácil que a distância e confiamos mais rapidamente ao estar ao lado da pessoa como um todo, ao vê-la, ouvi-la, senti-la. Depois, é mais fácil explicar e organizar o processo de aprendizagem, esclarecer, tirar dúvidas, organizar grupos, discutir propostas. É muito mais fácil também aprender a utilizar os ambientes tecnológicos da educação on-line. Podemos ir a um laboratório e nivelar os alunos, os que sabem se sentam junto com os que sabem menos e todos aprendem juntos. No presencial também é mais fácil motivar os alunos, atender às demandas específicas, fazer os ajustes necessários no programa.
O foco do curso deve ser o desenvolvimento de pesquisa, fazer do aluno um parceiro-pesquisador. Pesquisar de todas as formas, utilizando todas as mídias, todas as fontes, todas as formas de interação. Pesquisar às vezes todos juntos, outras em pequenos grupos, outras individualmente. Pesquisar às vezes na escola; outras, em outros espaços e tempos. Combinar pesquisa presencial e virtual. Comunicar os resultados da pesquisa para todos e para o professor. Relacionar os resultados, compará-los, contextualizá-los, aprofundá-los, sintetizá-los.
Mais tarde, depois de uma primeira etapa de aprendizagem on-line, a volta ao presencial adquire uma outra dimensão. É um reencontro tanto intelectual como afetivo. Já nos conhecemos, mas fortalecemos esses vínculos; trocamos experiências, vivências, pesquisas. Aprendemos juntos, tiramos dúvidas coletivas, avaliamos o processo virtual. Fazemos novos ajustes. Explicamos o que acontecerá na próxima etapa e motivamos os alunos para que continuem pesquisando, se encontrando virtualmente, contribuindo.
Os próximos encontros presenciais já devem trazer maiores contribuições dos alunos, dos resultados de pesquisas, de projetos, de solução de problemas, entre outras formas de avaliação.

 

3. A utilização de ambientes virtuais de aprendizagem

Os alunos já se conhecem, já tem as informações básicas de como pesquisar e de como utilizar os ambientes virtuais de aprendizagem. Agora já podem iniciar a parte a distância do curso, combinando momentos em sala de aula com atividades de pesquisa, comunicação e produção a distância, individuais, em pequenos grupos e todos juntos.
O professor precisa hoje adquirir a competência da gestão dos tempos a distância combinado com o presencial. O que vale a pena fazer pela Internet que ajuda a melhorar a aprendizagem, que mantém a motivação, que traz novas experiências para a classe, que enriquece o repertório do grupo.
Os ambientes virtuais aqui complementam o que fazemos em sala de aula. O professor e os alunos são “liberados” de algumas aulas presenciais e precisam aprender a gerenciar classes virtuais, a organizar atividades que se encaixem em cada momento do processo e que dialoguem e complementem o que estamos fazendo na sala de aula e no laboratório. Começamos algumas atividades na sala de aula: informações básicas de um tema, organização de grupos, explicitar os objetivos da pesquisa, tirar as dúvidas iniciais. Depois vamos para a Internet e orientamos e acompanhamos as pesquisas que os alunos realizam individualmente ou em pequenos grupos. Pedimos que os alunos coloquem os resultados em uma página, um portfólio ou que nos as enviem virtualmente, dependendo da orientação dada. Colocamos um tema relevante para discussão no fórum ou numa lista e procuramos acompanhá-la sem sermos centralizadores nem omissos. Os alunos se posicionam primeiro e, depois, fazemos alguns comentários mais gerais, incentivamos, reorientamos algum tema que pareça prioritário, fazemos sínteses provisórias do andamento das discussões ou pedimos que alguns alunos o façam.
Podemos convidar um colega, um pesquisador ou um especialista para um debate com os alunos num chat, realizando uma entrevista a distância, atuando como mediadores. Os alunos gostam de participar deste tipo de atividade.
Nós mesmos, professores, podemos marcar alguns tempos de atendimento semanais, se o acharmos conveniente, para tirar dúvidas on-line, para atender grupos, acompanhar o que está sendo feito pelos alunos. Sempre que possível incentivaremos os alunos a que criem seu portfólio, seu espaço virtual de aprendizagem próprio e que disponibilizem o acesso aos colegas, como forma de aprender colaborativamente.
Dependendo do número de horas virtuais, a integração com o presencial é mais fácil, Um tópico discutido no fórum pode ser aprofundado na volta à sala de aula, tornando mais claros os pontos de divergência que havia no virtual.
Creio que há três campos importantes para as atividades virtuais: o da pesquisa, o da comunicação e o da produção. Pesquisa individual de temas, experiências, projetos, textos. Comunicação, realizando debates off e on-line sobre esses temas e experiências pesquisados. Produção, divulgando os resultados no formato multimídia, hipertextual, “linkada” e publicando os resultados para os colegas e, eventualmente, para a comunidade externa ao curso.
A Internet favorece a construção colaborativa, o trabalho conjunto entre professores e alunos, próximos física ou virtualmente. Podemos participar de uma pesquisa em tempo real, de um projeto entre vários grupos, de uma investigação sobre um problema de atualidade. O importante é combinar o que podemos fazer melhor em sala de aula: conhecer-nos, motivar-nos, reencontrar-nos, com o que podemos fazer a distância pela lista, fórum ou chat – pesquisar, comunicar-nos e divulgar as produções dos professores e dos alunos.
É fundamental hoje pensar o currículo de cada curso como um todo, e planejar o tempo de presença física em sala de aula e o tempo de aprendizagem virtual. A maior parte das disciplinas pode utilizar parcialmente atividades a distância. Algumas que exigem menos laboratório ou estar juntos fisicamente podem ter uma carga maior de atividades e tempo virtuais. A flexibilização de gestão de tempo, espaços e atividades é necessária, principalmente no ensino superior ainda tão engessado, burocratizado e confinado à monotonia da fala do professor num único espaço que é o da sala de aula.

Os cursos de formação, os de longa duração, como os de graduação, precisam ampliar o conceito de integração de reflexão e ação, teoria e prática, sem confinar essa integração somente ao estágio, no fim do curso. Todo o currículo pode ser pensando em inserir os alunos em ambientes próximos da realidade que ele estuda, para que possam sentir na prática o que aprendem na teoria e trazer experiências, cases, projetos do cotidiano para a sala de aula. Em algumas áreas, como administração, engenharia, parece mais fácil e evidente essa relação, mas é importante que aconteça em todos os cursos e em todas as etapas do processo de aprendizagem, levando em consideração as peculiaridades de cada um.
Se os alunos fazem pontes entre o que aprendem intelectualmente e as situações reais, experimentais, profissionais ligadas aos seus estudos, a aprendizagem será mais significativa, viva, enriquecedora. As universidades e os professores precisam organizar nos seus currículos e cursos atividades integradoras da prática com a teoria, do compreender com o vivenciar, o fazer e o refletir, de forma sistemática, presencial e virtualmente, em todas as áreas e ao longo de todo o curso.

A Internet e as novas tecnologias estão trazendo novos desafios pedagógicos para as universidades e escolas. Os professores, em qualquer curso presencial, precisam aprender a gerenciar vários espaços e a integrá-los de forma aberta, equilibrada e inovadora. O primeiro espaço é o de uma nova sala de aula equipada e com atividades diferentes, que se integra com a ida ao laboratório conectado em rede para desenvolver atividades de pesquisa e de domínio técnico-pedagógico. Estas atividades se ampliam a distância, nos ambientes virtuais de aprendizagem conectados à Internet e se complementam com espaços e tempos de experimentação, de conhecimento da realidade, de inserção em ambientes profissionais e informais.
 É fundamental hoje planejar e flexibilizar, no currículo de cada curso, o tempo e as atividades de presença física em sala de aula e o tempo e as atividades de aprendizagem conectadas, a distância. Só assim avançaremos de verdade e poderemos falar de qualidade na educação e de uma nova didática.

Disponível em: http://www.ufrgs.br/nucleoead/documentos/moranOsnovos.htm#amplia. Acesso em: 24/04/2015.

Imagem disponível em: http://virtx.com.br/internet-das-coisas/. Acesso em: 24/04/2015.