segunda-feira, 30 de março de 2015


LER DEVIA SER PROIBIDO




Guiomar de Grammont

A pensar fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido. Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Don Quixote e Madamme Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram, meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.

Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.

Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?

Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem necessariamente ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.

Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas 
jamais percebidas.

É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.

Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, podem levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, podem estimular um curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.

Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos, em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verossimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.

O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais, etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incômodas. E esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura?

É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metrôs, ou no silêncio da alcova… Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um. Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos. Para obedecer, não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submisso. Para executar ordens, a palavra é inútil.

Alem disso, a leitura promove a comunicação de dores, alegrias, tantos outros sentimentos. A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida.

Ler pode tornar o homem perigosamente humano.

Disponível em: http://eqpedagogia2011.blogspot.com.br/2011/09/ler-deveria-ser-proibido-guiomar-de.html. Acesso em: 30/03/2015.

Imagem disponível em: http://porenkuantu.blogspot.com.br/. Acesso em: 30/03/2015.

domingo, 29 de março de 2015

ALFABETIZAÇÃO SEM RECEITA E RECEITA DA ALFABETIZAÇÃO


Receita da alfabetização:

Pegue uma criança de 6 anos e lave-a bem. Enxágue-a com cuidado, enrole-a num uniforme e coloque-a sentadinha na sala de aula. Nas oito primeiras semanas, alimente-a com exercícios de prontidão. Na 9ª semana ponha uma cartilha nas mãos das crianças. Tome cuidado para que ela não se contamine no contato com livros, jornais, revistas e outros materiais impressos.

Abra a boca da criança e faça com que engula as vogais. Quando tiver digerido as vogais, mande-a mastigar, uma a uma, as palavras da cartilha. Cada palavra deve ser mastigada, no mínimo, 60 vezes, como na alimentação macrobiótica. Se houver dificuldade para engolir, separe as palavras em pedacinhos.

Mantenha a criança em banho-maria durante quatro meses, fazendo exercícios de cópia. Em seguida, faça com que a criança engula algumas frases inteiras. Mexa com cuidado para não embolar.

Ao fim do mês, espete a criança com um palito, ou melhor, aplique uma prova de leitura e verifique se ela desenvolve pelo menos 70% das palavras e frases engolidas. Se isso acontecer, considere a criança alfabetizada. Enrole-a num bonito papel de presente e despache-a para a série seguinte.

Se a criança não devolver o que lhe foi dado para engolir, recomece a receita desde o início, isto é, volte aos exercícios de prontidão. Repita a receita tantas vezes quantas forem necessárias. Ao fim de três anos, embrulhe a criança em papel pardo e coloque um rótulo: aluno renitente.

Alfabetização sem receita:

Pegue uma criança de 6 anos, no estado em que estiver, suja ou limpa e coloque-a numa sala de aula onde existem muitas coisas escritas para olhar e examinar. Servem jornais, livros, revistas, embalagens, propaganda eleitoral, latas vazias, caixas de sabão, sacolas de supermercado, enfim, vários tipos de materiais que estiverem ao seu alcance. Convide as crianças para brincarem de ler, adivinhando o que está escrito: você vai ver que elas já sabem muitas coisas.

Converse com a turma, troque ideias sobre quem são vocês e as coisas de que gostam e não gostam. Escreva no quadro algumas das frases que foram ditas e leia em voz alta. Peça às crianças que olhem os escritos que existem por aí, nas lojas, nos ônibus, nas ruas, na televisão. Escreva algumas dessas coisas no quadro e leia-as para a turma.

Deixe as crianças cortarem letras, palavras e frases dos jornais velhos e não esqueça de mandá-las limpar o chão depois, para não criar problema na escola. 

Todos os dias, leia em voz alta alguma coisa interessante: historinha, poesia, notícia de jornal, anedota, letra de música, adivinhações.

Mostre alguns tipos de coisas escritas que elas talvez não conheçam: um catálogo telefônico, um dicionário, um telegrama, uma carta, um bilhete, um livro de receitas de cozinha.

Desafie as crianças a pensarem sobre a escrita e pense você também. Quando elas estiverem escrevendo, deixe-as perguntar ou pedir ajuda ao colega. Não se apavore se uma criança estiver comendo letra: até hoje não houve caso de indigestão alfabética. Acalme a diretora se ela estiver alarmada.

Invente sua própria cartilha. Use sua capacidade de observação para verificar o que funciona, qual o modo de ensinar que dá certo na sua turma. Leia e estude você também.

Disponível em: Boletim informativo, n. 1, da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, jul., 1989 e no Boletim Carpe Diem, Centro de aperfeiçoamento dos Profissionais de Educação, Prefeitura de Belo Horizonte, ano IV, n. 4, jan.-fev., 1994. In: CARVALHO, Marlene. Alfabetizar e letrar: um diálogo entre a teoria e a prática. 7. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.

Imagem disponível em: http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.portalaltos.com.br/novo/images/receitas/receitas.jpg&imgrefurl=http://www.portalaltos.com.br/novo/images/receitas/&h=316&w=350&tbnid=m8YECFpeDlfKxM:&zoom=1&docid=8wZRn4bwFt8ztM&ei=KzEYVZm5M5LbsASC34LoCg&tbm=isch&ved=0CFsQMygjMCM. Acesso em: 29/03/2015.

sábado, 28 de março de 2015

ESCOLAS SEM SALAS, TURMAS 

E SÉRIES





Escola municipal, localizada na Rocinha, teve seu espaço alterado para comportar tecnologia e a lógica de ensino em grupo


O Rio de Janeiro começa, nas próximas semanas, a experimentar um novo tipo de escola. Nada de séries, salas de aula com carteiras enfileiradas e crianças ordenadamente caminhando pelo espaço comum. A aposta para dar a 180 crianças e jovens da Rocinha uma educação mais alinhada com o século 21 é o Gente, acrônimo para Ginásio Experimental de Novas Tecnologias, na escola Municipal André Urani. O espaço, que acaba de ser totalmente reformulado para comportar a nova proposta, perdeu paredes, lousas, mesas individuais e professores tradicionais e ganhou grandes salões, tablets, “famílias”, times e mentores.
Não houve pré-seleção. Os alunos que farão parte dessa nova metodologia já são os matriculados na escola antes da reforma. Mas agora as antigas séries serão extintas e não haverá mais as salas de aula tradicionais, com espaço para 30 e poucos alunos. Em vez disso, os jovens – que estariam entre o 7o e 9o anos – serão agrupados em equipes de seis membros, chamadas de “famílias”, independentemente de sua série de origem. A formação das famílias ocorrerá em parte por afinidade, a partir da escolha dos próprios membros, e em parte a pelo diagnóstico de habilidades ao qual os alunos se submeterão no início do ano letivo.
Essa avaliação, que ocorre assim que eles chegarem ao Gente, pretende fazer um raio-x do estado da aprendizagem de cada um, tanto do ponto de vista do conteúdo tradicional quanto das habilidades não cognitivas, como comunicação, senso crítico, autoria. Cada aluno terá um itinerário de aprendizado pessoal, que funciona como uma espécie de playlist, só que em vez de músicas, estarão os pontos que ele precisa aprender ou desenvolver. Será o jovem o responsável por escolher a forma como o conteúdo lhe será entregue – videoaulas, leituras, atividades individuais ou em grupo. Todas as semanas os alunos serão avaliados na Máquina de Testes, um programa inteligente que propõe questões de diferentes níveis de dificuldade, para garantir a evolução no conteúdo. Quando ele não chegar ao resultado esperado, o jovem receberá uma atenção individualizada.
Tal atenção é de responsabilidade do mentor da família, o professor. Cada mentor será responsável por três famílias, que reunidas serão chamadas de equipe. “O mentor deve dar uma educação mais ampla, preocupada não só com os conteúdos tradicionais, mas com higiene, com aspectos socioemocionais do aluno, com a motivação dele”, diz Rafael Parente, subsecretário de novas tecnologias educacionais da Secretaria Municipal de Educação do Rio, explicando a mudança no papel do professor naquele contexto. Em vez de dar aula de português ou matemática, o mentor vai ajudar o aluno a encontrar a informação de que precisa para entender o conteúdo, mesmo que o assunto não seja o da sua formação.
crédito Divulgação
Ilustrações de como será o Gente, na Rocinha
Assim, explica Parente, se um professor de língua portuguesa precisar explicar um assunto mais específico de matemática, ele deve pedir ajuda para membros da família, se sentar com o aluno para assistir à videoaula da Educopedia com ele, tentar aprender junto. “O professor não vai ser mais aquele que transmite o conhecimento. Ele vai ser especialista na arte de aprender”, diz o subsecretário. O grupo de mentores que fará parte do Gente foi treinado para essa nova forma de lecionar.
Todos os dias, ao chegarem à escola, os alunos passarão por um momento de acolhida, em que compartilharão com seus pares experiências e expectativas para o dia. A jornada na escola é integral. Neste tempo, com o auxílio de seu itinerário e a liderança do tutor, cada um deverá decidir o que e em que ordem estudar e poderá, à livre escolha, se juntar a grupos de estudo de língua estrangeira, robótica, esportes, artes, desenvolvimento de blogs. É nesse momento que uma pergunta inevitável aparece: mas se o aluno não quiser fazer nada, ele não vai fazer nada, certo? Mais ou menos. Os mentores, explica Parente, estarão sempre por perto para motivar os alunos a avançarem, as avaliações mostrarão quem está ficando para trás e os integrantes da família – o tal grupo de seis – também deve incentivar uns aos outros. “Quando o aluno é protagonista do próprio aprendizado, faz suas escolhas, ele se envolve mais, se empolga mais com a escola.”
A tecnologia é outro fator importante na forma como o projeto foi organizado. Para que os alunos possam escolher entre ambiente virtual ou presencial, era preciso que todos os alunos tivessem acesso a equipamentos e internet. Por isso, cada aluno terá o seu tablet ou netbook e, quando for pedagigocamente justificável, vai poder levá-lo para casa. Todas as dependências do André Urani terão internet sem fio de alta velocidade.
Disponível em: http://porvir.org/porfazer/rio-inaugura-escola-sem-salas-turmas-ou-series/20130125. Acesso em: 28/03/2015.

sexta-feira, 27 de março de 2015

O QUE É UM SILABÁRIO?


Um silabário é um conjunto de símbolos de escrita que representam (ou aproximam) sílabas que compõem palavras. Um símbolo num silabário representa tipicamente um som consoante opcional seguido por um som vogal. Num silabário verdadeiro não existe nenhuma semelhança gráfica sistemática entre caracteres foneticamente relacionados (se bem que alguns possuam uma semelhança gráfica para as vogais). Cada grafema representa tipicamente uma sílaba, mas onde caracteres que representam sons relacionados são graficamente semelhantes (tipicamente, uma base consonântica comum é alterada de uma forma mais ou menos consistente para representar a vogal da sílaba).

Segue abaixo um exemplo de silabário:


















Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Silab%C3%A1rio; http://docemagiaemensinar.blogspot.com.br/2012/03/silabario.html. Acesso em: 27/03/2015.

quinta-feira, 26 de março de 2015

QUAL É A RELAÇÃO ENTRE FONEMA E GRAFEMA?


A palavra fonema vem de fonologia, que é formada pelos elementos gregos fono (som, voz) e log, logia (estudo, conhecimento). Significa literalmente "estudo dos sons" ou "estudo dos sons da voz". O homem, ao falar, emite sons. Cada indivíduo tem uma maneira própria de realizar esses sons no ato da fala. Essas particularidades na pronúncia de cada falante são estudadas pela fonética. Dá-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de estabelecer uma distinção de significado entre as palavras.

Grafema é um termo que designa as letras, os sinais de pontuação (diacríticos) e demais símbolos de um sistema de escrita. O grafema é a unidade fundamental de todo e qualquer sistema de escrita sendo indivisível (base), e abstrato não material. Por ser a base dos sistemas de escrita, os grafemas permitem diferenciar palavras com sonorização e, ou, escrita muito próximas (homônimas perfeitas). Um símbolo alfabético é letra quando representa o fonema enquanto fonema. Quando é um fonema funcional, ou seja, tem uma função acerca da definição e, ou, sentido numa palavra o símbolo ou grupo de símbolos é dito grafema.

A escrita é um objeto simbólico, um substituto que representa algo. Ela não constitui uma transcrição fonética da fala, mas estabelece uma relação essencialmente fonêmica, isto é, a escrita procura representar aquilo que é funcionalmente significativo, estabelecendo um sistema de regras próprias (Kato, 1986; Ferreiro e Teberosky, 1991).

A aquisição da escrita exige que o indivíduo reflita sobre a fala, estabeleça relações entre os sons e sua representação na forma gráfica, entrando em jogo a consciência fonológica. Neste sentido, Morais (1996, p. 176) aponta que a chave da linguagem escrita encontra-se na relação desta com a linguagem falada. Ou seja, é necessário, inicialmente, descobrir a relação existente entre fala e escrita para que se consiga dominar o código escrito. Conforme Vygotsky (1996), a linguagem escrita exige um trabalho consciente, no qual a criança deve desvincular-se do concreto. Um importante obstáculo para a maioria das crianças é compreender o princípio alfabético: palavras escritas contêm combinações de unidades visuais (letras ou combinações de letras) que são sistematicamente relacionadas às unidades sonoras das palavras (fonemas).  

Princípio alfabético: relação fonemas (sons) / grafemas (letras) 

ALFABETIZAÇÃO: formulação de hipóteses sobre a escrita; reflexão sobre a relação entre a fala e a escrita; uso da consciência fonológica.

Observa-se, então, que a aquisição da escrita está intimamente ligada à consciência fonológica, uma vez que para dominar o código escrito é necessária a reflexão sobre os sons da fala e sua representação na escrita. 

A consciência fonológica possibilita a reflexão sobre os sons da fala, o julgamento e a manipulação da estrutura sonora das palavras. Através de tal consciência identificamos palavras que rimam, começam ou terminam com os mesmos sons e somos capazes de manipular a estrutura sonora para a formação de novas palavras.

Existem muitas pesquisas que investigam a relação entre consciência fonológica e alfabetização, buscando desvendar como se dá essa relação: a consciência fonológica é causa ou conseqüência da aquisição da escrita? Estudos recentes têm demonstrado que consciência fonológica e alfabetização se desenvolvem através de uma influência recíproca. Ou seja, as crianças antes de estarem alfabetizadas apresentam níveis de consciência fonológica que contribuem para a alfabetização, enquanto a alfabetização contribui para o aprimoramento desses níveis de consciência fonológica.


Disponível em: http://www.educacao.rs.gov.br/dados/ens_fund_gabriela_mat.pdf; http://letrasunibrportugues.blogspot.com.br/2009/04/fonologia-fonemas-e-grafemas.html; http://www.dicionarioinformal.com.br/grafema/. Acesso em: 26/03/2015.


quarta-feira, 25 de março de 2015

JOGOS ON LINE E ALFABETIZAÇÃO

A alfabetização pode se dar de diferentes maneiras e em diferentes espaços, inclusive na internet. Os jogos on line podem ensinar diversas coisas às crianças (desde as letras do alfabeto até montar palavras, ler frases, textos, livros, etc). Confira abaixo as dicas de sites com esses jogos:

JOGOS PARA ALFABETIZAÇÃO ONLINE


image


Jogo das Letras



 Image 2Jogo das Letras

ATIVIDADES ONLINE PARA FIXAR O ALFABETO:

   Jogo das vogais

  
Complete com as vogais que faltam.
   
   Complete com as vogais que faltam.

Ursinho-Winnie-Pooh 
Complete com as vogais: inicial e final


image4

 

 Jogo do alfabeto – parte 2

 

imageAtividade do "Seu Alfabeto" - Parte 1

Para fixar palavras do livro "O aniversário do Seu Alfabeto

 

image

Atividade do "Seu Alfabeto" - Parte 2

 

 

Disponível em: http://matosmedeiros.blogspot.com.br/2011/12/brincando-com-as-vogais.html#.VRMtM_nF9zsAcesso em: 25/03/2015.

Alfabetização – Jogo infantil educativo

Alfabetização – Jogo infantil educativoDescrição do Jogo: Seja qual for sua idade este os jogos infantil conhecido popularmente por jogo educativo de alfabetização é muito bacana para você testar seus conhecimentos sobre o alfabeto e também sua habilidade de achar as letras escondidas.Veja que na floresta existem vários animais, arvores e vários outros objetos que estão escondendo as letras.Descubra onde estão as letras do alfabeto e verifique abaixo na tela do jogo as letras que faltam ser encontradas.Veja se você é capaz de descobrir todas a letras.Use o lápis vermelho para marcar as palavras que você achou.
Como jogar: Use o mouse para jogar.
Tamanho do Jogo: 340 KB

Disponível em: http://jogosonlinegratis.uol.com.br/jogoonline/alfabetizacao-jogo-infantil-educativo/. Acesso em: 25/03/2015.

terça-feira, 24 de março de 2015

DEPOIMENTO DE PROFESSORA ALFABETIZADORA


Início este depoimento com uma frase da psicolinguística e estudiosa argentina Emiliia Ferreiro que diz:

“Para aprender a ler e a escrever é preciso apropriar-se desse conhecimento, através da reconstrução do modo como ele é produzido. Isto é, é preciso reinventar a escrita. Os caminhos dessa reconstrução são os mesmos para todas as crianças, de qualquer classe social”

No início alguns educadores demonstraram uma grande inquietação diante do desafio de conduzir a sua rotina de sala de aula no formato proposto, principalmente porque uma parte não havia feito o PACTO no ano passado. Muitos questionamentos ainda são feitos a nossa formadora que de forma paciente está mostrando a importância do grupo adequar a sua prática a rotina do PNAIC, para que compreendam melhor o trabalho de organização do planejamento a partir dos eixos de Língua Portuguesa, uma rotina para ser aplicada por todos. A partir da citação acima digo que não só as crianças têm a oportunidade de reconstruir o seu processo de alfabetização, mas também nós professores, enquanto mediadores desse processo.

As contribuições são muitas, pois estamos sendo desafiados a reformular nossa rotina, nosso planejamento e repensar as práticas aplicadas, bem como estratégias que permitam garantir ao aluno o aprendizado tão desejado referente ao mundo letrado e adequar as atividades em especial aos alunos que estão em diferentes níveis de aprendizagem.

Não poderia deixar de registrar também a importância dos relatos e das trocas de experiência, a construção coletiva dos planejamentos e as temáticas discutidas durante os encontros. Destacando o 5º encontro de grande relevância, pois apesar de parecer simples quando se fala em Gêneros textuais, gerou grande discussão, mas Magaly conseguiu de forma clara, com vídeos e exemplos acredito tirar as dúvidas do grupo. Assim através das vivências podemos socializar resultados, discutir e reelaborar a nossa prática, tornando enriquecedor cada encontro.

Em relação ao material oferecido como suporte para o professor é muito bom principalmente os livros de literatura. A partir do momento que a criança descobre a leitura ela apresenta melhoria de rendimento nas outras áreas de conhecimento o que nos responsabiliza ainda mais quanto à qualidade que devemos atribuir ao processo de alfabetização. Espero que através da construção, reconstrução de práticas, estratégias e intervenções possamos alcançar o sucesso, pois alfabetizar é uma tarefa difícil.


Professora Alfabetizadora Santa Costa - 2º ANO

Disponível em: http://webfoliosalvadorba.blogspot.com.br/p/blog-page_2479.html. Acesso em: 24/03/2015.
Imagem disponível em: http://letrasliteris.blogspot.com.br/2012_06_01_archive.html. Acesso em: 24/03/2015.

segunda-feira, 23 de março de 2015

O QUE É O MÉTODO GLOBAL DE ALFABETIZAÇÃO?


Como surgiu o método global?

A implantação do método global foi influenciada pelo trabalho de pensadores teóricos do ativismo: Decroly e Freinet, entre outros. Para Anne Marie Chartier e Jean Hébrard, o método natural [...] assumido por Freinet como uma adesão ao método global de leitura teria como foco a produção escrita. Na tarefa de escrever, a criança teria necessidade de solicitar a um adulto um modelo gráfico das palavras. Para ele, a vontade de escrever da criança seria mantida pelo incentivo de que ela se comunicasse à distância. A leitura, assim, seria conseqüência da escrita. [...] Acreditava-se que, à medida que elas fossem escrevendo, gravariam a forma global das palavras e que estariam também atentas à decodificação, em fase posterior. Por essa razão, a produção de uma imprensa pedagógica tem centralidade no método natural de Freinet. 

Em meados do século XX, em todo o mundo, o método global difundiu-se amplamente nas escolas. Desde então, um dos maiores pesquisadores sobre o método tem sido Goodman. O autor sustenta a visão de que as ideias do método global são progressistas e sensíveis às necessidades das crianças e buscam desenvolver a criatividade destas, permitindo a elas próprias "descobrirem" os princípios subjacentes à leitura e à escrita. Além disso, as práticas do método global evitam a submissão das crianças a programas estruturados e sistemáticos, como os programas fônicos e seu ensino sistemático e explícito de correspondências grafema-fonema.

O que o método global defende?

O método global ou ideovisual pressupõe que a aprendizagem da linguagem escrita se dê pela identificação visual da palavra. Apesar de haver outros métodos analíticos, como os métodos de 'palavração' e 'sentenciação', o global ou ideovisual é o mais amplamente conhecido, desenvolvido provavelmente no século XVII. Como anteriormente descrito, tal método pressupõe que é mais econômico ensinar a palavra como um todo ao aluno, sem focalizar unidades menores, sendo, portanto, ensinadas diretamente as associações entre as palavras e seus significados. Tais ideias foram reforçadas pela Gestalt, que pressupõe que o todo é maior que a soma das partes, ou seja, que a informação contida na unidade total de significado é maior do que a soma das informações contidas separadamente nos elementos menores. Tal pressuposto, proveniente de estudos basicamente de percepção, foi aplicado à alfabetização, supondo que a forma global das palavras forneceria dicas importantes aos leitores iniciantes. Para os defensores do método global, o conhecimento das correspondências letra-som seria adquirido naturalmente pelas crianças, após o reconhecimento total da palavra estar bem estabelecido.

A aprendizagem da leitura deve ocorrer a partir de unidades maiores que sejam significativas para a criança (palavras, sentenças, textos), com incentivo à associação direta entre palavras e significados. No método global, "a leitura não é ponto de partida, é uma consequência, no processo de aprendizagem. Isto é, parte-se de uma situação concreta que faz parte do cotidiano da criança, elabora-se uma frase cujo conteúdo seja representativo e de vocabulário familiar. A frase é expressa oralmente, e, em seguida, escrita. Depois vem o reconhecimento e, finalmente, a leitura" (MACIEL, 2010, p. 56). 

Para além do nível da palavra, a maioria dos métodos analíticos toma o contexto como absolutamente relevante para a leitura de uma palavra. Assim, angariado nas concepções de Ben Goodman e Frank Smith, em tais métodos considera-se que a aprendizagem de leitura e escrita só pode ocorrer a partir de unidades que sejam significativas à criança. Em geral, métodos globais ou ideovisuais partem de unidades como palavras, textos, parágrafos, sentenças ou palavras-chave (como no método de Paulo Freire). É a partir destas unidades maiores e, portanto, significativas que, em um segundo momento, o aprendiz chegaria a uma compreensão das unidades menores que compõem as palavras, porém sem necessidade de instrução sistemática e explícita para isso.

O que o método global propõe?

Assim, o método global propõe o ensino das associações entre palavras inteiras e seus significados (abordagem ideovisual), individualmente ou em textos introduzidos desde o início. Dentre os princípios de sua prática, podem-se elencar:

• A leitura é compreendida como atribuição de sentido e interação entre o leitor e texto; a leitura não deve ser focada na decifração;

• A leitura é um "jogo de adivinhação psicolinguística". As crianças devem ser estimuladas a adivinhar o que está escrito a partir de pistas contextuais.

Disponível em: http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewFile/2089/23; http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S0103-84862011000300011&script=sci_arttext. Acesso em: 23/03/2015.

Imagem disponível em: http://www.educacao.al.gov.br/comunicacao/sala-de-imprensa/noticias/2012/maio/alagoas-recebera-novo-material-didatico-para-alfabetizacao-de-criancas. Acesso em: 23/03/2015.

domingo, 22 de março de 2015

ENTREVISTA COM ANNE-MARIE CHARTIER


Pesquisadora francesa fala sobre a natureza do professor alfabetizador e explica por que é fundamental encontrar o equilíbrio entre teoria e prática

Paula Nadal 

Foto: Kriz Knack
Anne-Marie Chartier

Anne-Marie Chartier investiga a evolução das práticas e dos materiais didáticos empregados no ensino da leitura e da escrita. Os resultados de seus estudos como pesquisadora do Serviço de História da Educação do Instituto Nacional de Pesquisa Pedagógica, em Paris, lhe permitem afirmar, por exemplo, que as anotações feitas por um docente durante o trabalho, quando analisadas sistematicamente, são fundamentais para o replanejamento constante das aulas.

Essa análise somente faz sentido se houver conhecimento científico sobre a Pedagogia. Anne-Marie defende que o educador precisa saber relacionar a base teórica ao seu dia a dia para ensinar bem e alcançar bons resultados escolares.

Nesta entrevista, ela fala também sobre como a presença feminina nas salas de aula altera, curiosamente, o ensino da leitura. E traça um paralelo entre as realidades educacionais do Brasil e da França, com destaque para mudanças recentes no sistema francês de formação inicial dos professores.

Um professor é capaz de alfabetizar somente com base na experiência adquirida em sala de aula?
ANNE-MARIE CHARTIER 
Durante o século 20, os professores formados em escolas normais ensinaram milhões de crianças a ler e a escrever apenas com base nos chamados saberes de ação, adquiridos primeiro em estágios nas escolas de aplicação anexas às escolas normais e, em seguida, pela interação com seus pares - uma estratégia eficiente ainda hoje. Eles não tinham conhecimentos teóricos da Linguística, da Psicologia, da Sociologia ou da Didática. Hoje, é indispensável dominar esses conteúdos. Por meio deles, os professores adquirem a capacidade de análise que lhes permite discutir a própria ação. Dessa forma, eles podem tirar proveito dos materiais escritos por outros professores e das pesquisas na área para formar, de fato, verdadeiros usuários da leitura e da escrita.

Qual a diferença entre saberes científicos e saberes da ação?
ANNE-MARIE 
Para se formar e poder exercer bem a sua profissão, um médico precisa dominar os saberes científicos, obtidos no curso universitário, e os saberes da ação, aprendidos durante o trabalho em hospitais. Ali, ele compartilha com médicos e enfermeiros o atendimento a pacientes. Se ele tiver somente o saber científico, pode até se tornar um bom conhecedor da medicina, mas jamais será um bom médico. Com os professores, ocorre situação semelhante. Ou seja, sem a prática, o educador não será eficiente em sala de aula.

É a combinação desses saberes que ajuda a elevar os resultados escolares das crianças?
ANNE-MARIE 
Sim. Mas, antes de tudo, é preciso distinguir resultados de avaliações padronizadas, como o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) e a Prova Brasil, e resultados obtidos por meio da prática em sala, com a equipe docente da escola. Os primeiros servem para que o governo conduza as políticas públicas. E são, naturalmente, indutores curriculares. Os professores podem, assim, situar a escola em relação à média. E é importante ressaltar que as secretarias precisam ficar atentas também aos conteúdos não contemplados nesse tipo de prova. Avaliações de sistema, porém, não dizem ao professor como fazer as escolhas pedagógicas mais urgentes. Isso só se consegue por meio de um acompanhamento atento das crianças e de seus progressos e suas dificuldades. É nesse ponto que saberes científicos e saberes de ação trabalham juntos pela aprendizagem.

Como deve ser feito o acompanhamento das crianças?
ANNE-MARIE 
Peça a um iniciante que escreva sobre sua prática e selecione as ações que considera mais importantes. Ao se expressar, ele se torna consciente de sua evolução. No caso dos professores mais experientes, essa autoanálise é muitas vezes uma forma de dar um passo atrás para reparar hábitos inconscientes, já incorporados à rotina. Além disso, na vida cotidiana da classe, produzimos muitas escritas que, se capitalizadas, viram suporte para a memória e para o replanejamento. Refiro-me ao planejamento da semana, aos registros individuais com os resultados dos alunos, às anotações nos boletins, às tabelas de progressão, às fotos ou aos textos fixados na sala. Esses documentos são aparentemente incompletos e díspares. Mas, quando analisadas de maneira sistemática, as escritas do professor revelam precisamente a situação dos alunos. Mostram o que eles aprenderam e o que ainda precisam aprender. Sempre encorajo os professores a não jogar fora esses registros, mesmo os escritos em estilo telegráfico. O computador também pode ajudar a organizar esses arquivos.

Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/anne-marie-chartier-destaca-importancia-pratica-formacao-professores-602455.shtml. Acesso em: 22/03/2015.