quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

HISTÓRIAS E ALFABETIZAÇÃO

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História n.º 1 
A família das letras
(O alfabeto)

Era uma vez, uma cidade.
Nesta cidade havia uma casa.
Nesta casa morava uma família: a família das letras.
A família das letras é uma família normal, cheia de defeitos e virtudes, igual às nossas famílias.
O pai é o Sr. K (ká); A mãe é a Dona W (Dábliu) e há um tio solteirão que mora junto, o Tio Y (ípsilon).
(Professora, esta foi uma maneira que encontrei para apresentar também às crianças estas 3 letras: k, w, y, que existem mas não têm aplicação a não ser em nomes próprios. Muitos alunos têm nome onde entra uma ou mais destas letras e elas não são ensinadas, nem ao menos comentadas: Kelly, Yara, Yuri, Yago, Wellington, Wesley....)

Na casa há também os filhos do casal: 18 meninos e 5 meninas.
As meninas são: Ada, Eda, Ida, Oda e Uda(Mostrar as 5 meninas no cartaz. Mas atenção! É só para mostrar! Não é pra ficar decorando os nomes, nem pra ficar escrevendo. Prestar atenção que no cartaz está tudo em letra minúscula, mesmo os nomes próprios – e tudo em manuscrita. É porque neste início do processo nós não vamos usar maiúsculas, nem letras de forma. Fazer observar a posição da boca de cada uma das meninas, dizendo:)

Ada está com a boca bem aberta, porque está falando:aaaa.
Eda está como que sorrindo, porque está dizendo eeeee.
Ida está sorrindo também com um sorriso beeeem fininho, porque está falando:iiiii.
Oda está fazendo um bicão grosso e dizendo: ooooo.
Uda faz um biquinho fino e espichado pra frente ao fazer:uuuu.

(Profª, caprichar no som e nos gestos labiais.)

Os meninos não gostavam das irmãs. Brigavam com elas, não brincavam com elas, não saíam com elas, nem as queriam por perto.
Num dia, eles brigaram com as irmãzinhas. Falaram tanto, gritaram tanto, tanto, que começaram a ficar roucos. E, mesmo roucos continuaram falando, falando e foram ficando mais roucos, mais roucos, até que perderam a voz! Ficaram como se fossem mudos!
As meninas não ficaram roucas nem perderam a voz, porque no dia da briga elas ficaram quietinhas num canto, com medo de apanhar. Por isso, a voz delas sai normal, como antes.

E vejam que ironia! Os meninos, que antes não queriam nem ver as irmãs, agora precisam da ajuda delas pra soltar a voz! Têm de dar a mão a uma delas, para que elas os ajudem a pronunciar seu som.

(Seguem comentários sobre alguns dos “meninos”, vozes e gestos.
Falou-se sobre o alfabeto e suas características: 18 consoantes e 5 vogais. Falou-se que vogais são sonoras, que as consoantes são mudas; falou-se que é preciso que uma consoante esteja junto a uma vogal para ter som. Tudo isso foi falado dentro de uma historinha sem que se pronunciasse as palavras: alfabeto, vogais ou consoantes. As crianças entendem sem ter de usar palavrório inútil e de duvidoso poder de ensino.) 
Por serem as historinhas em seqüência, fica difícil entender uma história intermediária sem conhecer as anteriores. Mesmo assim, vale a pena conhecer mais duas.

História nº 40
Zazano, o Homem-Abelha
Letra z

Zazano é outro irmão das letras. Ele assistia a tudo quanto era filme de TV e adorava os super-heróis: Homem-Aranha, Capitão América, Batman, Capitão Márvel etc.
Zazano sonhava que era um super-herói daqueles com identidade secreta que se transformam, voam, batem nos bandidos, prendem os maus, recebem tiro mas não morrem, são bonitos, jovens e fortes, estão sempre ajudando os bons e auxiliando a justiça.
Tanto ele pensou nisso, que atraiu a realização do desejo: num dia de tempestade, foi atingido por um raio e desmaiou. O raio transmitiu-lhe energias diferentes e, quando acordou, era um super-herói!
Transformou-se no Super-Zazano, o Homem-Abelha! E agora, ele conseguia voar!!!
Ele, que antes era fraco, magro, sem forças para nada ficou fortão com músculos avantajados - e passou a trabalhar contra a maldade. Passou a trabalhar nas escolas defendendo as crianças boas e castigando as más, as briguentas e as que pegam “sem querer” os objetos dos colegas de classe. O castigo do Super-Zazano era assim: fazia errar as lições, gaguejar na leitura, errar no cálculo, errar nos ditados e nos deveres de casa.
Quando o Zazano quer se transformar no Super-Zazano, ele grita as palavras mágicas: za-ze-zi-zo-zu!- e pronto! Já sai voando com as asas compridas para baixo, parecendo uma capa longa. Ao voar, o Super-Zazano faz umsomparecido ao barulhinho de uma abelha. Daí, o seu nome: Homem-Abelha.
barulhinho da abelha feito pelo Super-Zazano faz é assim: (segue o ensino da emissão de voz constante no Manual da Professora.)
Profª.: ensinar bem este som para que não se assemelhe ao som s. O z tem som longo e grave como abelha voando; o ar desliza suave para fora. O z é sonoro, leve, delicado; o s é sibilado, seco, estridente. Aprenda você, a fazer este som; treine seus próprios ouvidos em casa para perceber, em classe, alguém que esteja fazendo s em lugar de z.
E continuar contando:
Mas o Super-Zazano não conseguiu formar muitas palavras porque seu poder de super durava pouco e, quando menos esperava, deixava de ter poderes para voltar a ser simples mortal. Se ocorresse a destransformação no meio dos irmãos, descobririam sua identidade secreta. Por isso, evitava se expor muito.
A letra do Super-Zazano tem o nome de zê.
Seguem bastas instruções para o ensino e aprendizagem da forma da letra associada ao som. Há mais uma história que introduz o z final: az, ez, iz, oz, uz

História n.º 55
Agá, o bebê gigante
(Letra h)

 
Numa manhã ao abrir a porta da casa, aDona W encontrou um bebê num cestinho!
Era uma criança linda e esperta, mas, com certeza, filha de gigantes, porque era grande, maior que algumas letras da casa.
As letras ficaram felizes, queriam brincar com o bebê, mas a Dona W falou que nenê não é brinquedo. Necessita de banho de alimento e de cama. Portanto, deram um banho nele, colocaram fraldas e roupinhas limpas, deram-lhe mamadeira e o puseram pra dormir.
Quando o bebê acordou quis ir pro chão e já saiu engatinhando. Ele engatinhava assim: com o bumbum pra cima, mãos apoiando no chão e pés arrastando (ver ilustração). Como ele era muito grande, sua cabecinha tocava o teto da casa! (tocava a linha de cima, por ser letra em laçada alta).
O bebê recebeu o nome Agá.
Agá, vendo as letras formando palavrinhas, quis brincar de formar palavras também, mas ele não tinha som! O Agá não fazia nenhum som, não porque houvesse participado daquela briga com as irmãs, porque na época ele nem fazia parte da família. Ele não tinha som porque era nenê, e nenê não sabe falar.
Mesmo não tendo som, as outras letras deixaram-no formar algumas palavrinhas senão ele fazia birra, batia os pezinhos e chorava quando não lhe satisfaziam as vontades.
E ele era cheio das vontades! Na formação das palavras, queria ir à frente puxando a fila. Atrás dele ia sempre uma menina porque as mulheres são mais cuidadosas com as crianças que os rapazes.
Assim, ele formou muitas palavrinhas em que ia à frente da fila seguido por uma das irmãs; formou palavras, como por exemplo: horta, hortelã, história, hoje, homem – mas como ele não tem som, a gente lê a partir da menina que está segurando o pé dele: orta, ortelã, istória, oje, omem. (a palavrahistória é com h).

(Seguem os exercícios para aprendizagem. Há mais 3 histórias onde entra oh: lh, ch, nh.)
Como se observa, é difícil ao aluno deixar de aprender. Com a ajuda das historinhas ele grava a forma da letra. Nas histórias aqui apresentadas não foi falado o som das consoantes mas há todo um ensinamento à professora de como aprender o som para si mesma e como passá-lo às crianças. Quando há som na letra, o alunado grava-o associado à sua forma, de maneira a não fazer confusão entre sons semelhantes.
As ilustrações aqui apresentadas aparecem no livro em preto e branco.

Disponível em: http://www.professoradepapel.com.br/TresHistorias.php. Acesso em: 12/02/2015.

Imagem disponível em: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/bibliotecas/programas_projetos/contar_historias/index.php?p=74. Acesso em: 12/02/2015.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

ALFABETIZAÇÃO E MATERIAL DIDÁTICO


No processo de alfabetização é muito comum o uso de materiais didáticos sequenciados, organizados pelo grau de dificuldade (do menor para o maior) e com atividades de repetição (daquilo que foi ensinado). Quando esse material não chega pronto (na forma de livro didático ou de cartilhas), o/a professor/a acaba elaborando o seu próprio material em função do que ele/a considera que seja bom para os/as alunos/as e também daquilo que ele acha que as crianças necessitam naquele momento. Aí é que mora o perigo. Geralmente, ao se elaborar um material didático para uma aula, pensa-se na turma enquanto uma coletividade homogênea. Passa-se, então, a mesma sequência didática para todos/as os/as alunos/as. O problema surge não porque as atividades são as mesmas, mas porque os/as alunos/as estão em momentos diferentes da aprendizagem e necessitam de atividades também diferentes, conforme o nível em que se encontram. Nesse sentido, o problema deixa de ser o uso do material didático e passa a ser o modo como ele é usado e em que momento. O livro didático pode ser um aliado na aprendizagem quando, por exemplo, o/a professor/a organiza a turma em grupos (conforme o nível de aprendizagem) e lhes oferece atividades do livro também diferentes. É preciso reformularmos os usos que fazemos dos materiais didáticos, quaisquer que sejam. Está na hora de atentarmos para as especificidades de cada aluno/a e para o que precisam aprender. Assim, a escolha do material passa a decorrer da necessidade do/a aluno/a e não mais da comodidade do/a professor/a ao preparar algo único para todos/as.


Imagem disponível em: http://mtpcefapro.blogspot.com.br/2013/05/seminarios-pnld-2014-assista-online.html. Acesso em: 10/02/2015.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação representam pausa na fala e entonação da voz, reproduzindo, assim, na escrita, emoções, intenções e anseios.

Numa sala de aula, a professora havia escrito uma frase no quadro. Uma aluna lhe chama e diz: "Tia, você escreveu o i de cabeça para baixo ali oh...". A aluna se referia ao ponto de exclamação que estava no final da frase. A professora, então, lhe explicou o que eram os sinais de pontuação e para que serviam. Os/as alunos/as desta sala estavam sendo alfabetizados, mas ainda não haviam estudado os sinais de pontuação. Mesmo assim, a professora explicou suas funções e quando deveriam ser usados. Isso mostra que não necessariamente temos que seguir a ordem pré-estabelecida dos conteúdos a serem ensinados. Por que não abordar o tema diante da curiosidade de uma aluna? 

Imagem disponível em: http://www.brasilescola.com/redacao/pontuacao.htm. Acesso em: 06/02/2015.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

O QUE A ESCRITA DAS CRIANÇAS NOS DIZ?



  



- A escrita das crianças nos apontam para o que já foi aprendido e o que ainda não foi, possibilitando que guiemos nossas ações pedagógicas a partir das hipóteses já construídas.

- A escrita das crianças nos evidenciam a existência de regularidades e irregularidades na construção das hipóteses. Daí surgem as diferenciações para a escrita da palavra cavalo: CVU e KAO. 

- A escrita das crianças revelam a prevalência das vogais na hora de representar uma palavra. Ex: CVO e CAU (para a escrita da palavra cavalo).

- As escrita das crianças mostra algumas vezes que já se percebeu que as letras representam os sons da fala e que há uma correspondência nisso. Ex: Na escrita da palavra cavalo, KVL mostra que o K corresponde à sílaba CA (ambas com o mesmo som) e as consoantes foram corretamente grafadas, porém não acompanhadas das vogais.

- A escrita das crianças mostra o que elas estão pensando, que noções estão construindo e o que ainda falta para se chegar ao nível alfabético ou ao nível ortofráfico.

Disponível em: https://www.google.com.br/search?q=escrita+de+crian%C3%A7a&es_sm=122&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ei=Sh3RVNa1Nc7jsASs3YKwDA&ved=0CAgQ_AUoAQ. Acesso em: 03/02/2015.



segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

CONVERSA ENTRE DUAS CRIANÇAS


– E aí, véio?
– Beleza, cara?
– Ah, mais ou menos. Ando meio chateado com algumas coisas.
– Quer conversar sobre isso?
– É a minha mãe. Sei lá, ela anda falando umas coisas estranhas, me botando um terror, sabe?
– Como assim?
– Por exemplo: há alguns dias, antes de dormir, ela veio com um papo doido aí. Mandou eu dormir logo senão uma tal de Cuca ia vir me pegar. Mas eu nem sei quem é essa Cuca, pô. O que eu fiz pra essa mina querer me pegar? Você me conhece desde que eu nasci, já me viu mexer com alguém?
– Nunca.
– Pois é. Mas o pior veio depois. O papo doido continuou. Minha mãe disse que quando a tal da Cuca viesse, eu ia estar sozinho, porque meu pai tinha ido pra roça e minha mãe passear. Mas tipo, o que meu pai foi fazer na roça? E mais: como minha mãe foi passear se eu tava vendo ela ali na minha frente? Será que eu sou adotado, cara?

– Sabe a sua vizinha ali da casa amarela? Minha mãe diz que ela tem uma hortinha no fundo do quintal. Planta vários legumes. Será que sua mãe não quis dizer que seu pai deu um pulo por lá?
– Hmmmm. pode ser. Mas o que será que ele foi fazer lá? VIXE! Será que meu pai tem um caso com a vizinha?
– Como assim, véio?
– Pô, ela deixou bem claro que a minha mãe tinha ido passear. Então ela não é minha mãe. Se meu pai foi na casa da vizinha, vai ver eles dois tão de caso. Ele passou lá, pegou ela e os dois foram passear. É isso, cara. Eu sou filho da vizinha. Só pode!
– Calma, maninho. Você tá nervoso e não pode tirar conclusões precipitadas.
– Sei lá. Por um lado pode até ser melhor assim, viu? Fiquei sabendo de umas coisas estranhas sobre a minha mãe.
– Tipo o quê?
– Ela me contou um dia desses que pegou um pau e atirou em um gato. Assim, do nada. pura maldade, meu! Vê se isso é coisa que se faça com o bichano!
– Caramba! Mas por que ela fez isso?
– Pra matar o gato. Pura maldade mesmo. Mas parece que o gato não morreu.
– Ainda bem. Pô, sua mãe é perturbada, cara.
– E sabe a Francisca ali da esquina?
– A Dona Chica? Sei sim.
– Parece que ela tava junto na hora e não fez nada. Só ficou lá, paradona, admirada vendo o gato berrar de dor.
– Putz grila. Esses adultos às vezes fazem cada coisa que não dá pra entender.
– Pois é. Vai ver é até melhor ela não ser minha mãe, né? Ela me contou isso de boa, cantando, sabe? Como se estivesse feliz por ter feito essa selvageria. Um absurdo. E eu percebo também que ela não gosta muito de mim. Esses dias ela ficou tentando me assustar, fazendo um monte de careta. Eu não achei legal, né. Aí ela começou a falar que ia chamar um boi com cara preta pra me levar embora.
– Nossa, véio. Com certeza ela não é sua mãe. Nunca que uma mãe ia fazer isso com o filho.
– Mas é ruim saber que o casamento deles é essa zona, né? Que meu pai sai com a vizinha e tal. Apesar que eu acho que ele também leva uns chifres, sabe? Um dia ela me contou que lá no bosque do final da rua mora um cara, que eu imagino que deva ser muito bonitão, porque ela chama ele de ‘Anjo’. E ela disse que o tal do Anjo roubou o coração dela. Ela até falou um dia que se fosse a dona da rua, mandava colocar ladrilho em tudo, só pra ele pode passar desfilando e tal.
– Nossa, que casamento bagunçado esse. Era melhor separar logo.
– É. Só sei que tô cansado desses papos doidos dela, sabe? Às vezes ela fala algumas coisas sem sentido nenhum. Ontem mesmo veio me falar que a vizinha cria perereca em gaiola, cara. Vê se pode? Só tem louco nessa rua.
– Ixi, cara. Mas a vizinha não é sua mãe?
– Putz, é mesmo! Tô ferrado de qualquer jeito.

Disponível em: http://uhull.virgula.uol.com.br/03/04/conversa-entre-2-criancas/. Acesso em: 01/02/2015.

Imagem disponível em: http://oqueimagineimeparecemaisfeliz.blogspot.com.br/2011/04/duas-criancas-conversando.html. Acesso em: 01/02/2015.